
A meninada do Morro da Cruz, em Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), j� est� no maior alvora�o: domingo, �s 11h, Papai Noel vai chegar e fazer a festa antecipada de Natal, distribuindo presentes, pipoca, balas e muita alegria. Sob a roupa vermelha, o gorro de pompom branco e as botas pretas, est� o microempres�rio Jos� Ant�nio Chagas, de 64 anos, que h� 15 encarna o papel do bom velhinho e se mostra todo feliz em juntar pais, filhos e “quem mais chegar”.
“Apenas coordeno e me visto de Papai Noel. Temos tamb�m a Mam�e Noel, que sempre � uma surpresa”, ressalta Totonho, que j� fez a festa para at� 700 crian�as. “Somos volunt�rios. No nosso grupo, todo mundo � bem-vindo, s� n�o aceitamos politicagem”, afirma o homem nascido e criado em Sabar� e que, antes de entregar os presentes, faz com sua turma o cadastramento da garotada com at� 12 anos. Sem querer tirar a gra�a da festa, vai uma revela��o: Mam�e Noel, neste dia, � o papel do funcion�rio municipal aposentado Carlos Alberto de Freitas apelidado M�o Pelada e muito “divertido”, segundo os amigos.
Mas quem pensa que apenas os pequenos se divertem est� bem enganado. Se a entrega dos presentes – bolas, bonecas e outros devidamente embrulhados em papel escolhido com cuidado – come�a �s 11h, Papai Noel entra em a��o bem cedo. “A partir das 8h, reunimos os parceiros e ajudantes l� em casa, que fica atr�s da Igreja do Ros�rio, aquela toda feita de pedra, e comemos uma galinhada. Depois da entrega dos presentes, tem mais confraterniza��o”, adianta o microempres�rio, certo de que o ato solid�rio � maior do que o cora��o dos participantes da intitulada Equipe pr�-natalina.
Todos juntos

Antes de chegar a Sabar�, Papai Noel fez uma “farra completa” em Santa Luzia, tamb�m na RMBH. No s�bado, chegou de helic�ptero, sobrevoou a escola Cramer, no Bairro Boa Esperan�a, e depois, com seu peculiar ho ho ho, caminhou at� a quadra e ganhou a plateia. Dizer que cerca de 980 crian�as de 20 localidades do munic�pio vibraram com a chegada do bom velhinho � pouco: na verdade, pularam, cantaram e aplaudiram, enquanto comiam cachorro-quente, tomavam picol� e se fartavam de bolo de chocolate.
E tinha tamb�m pula-pula e super-her�is da Liga da Justi�a, a exemplo do Batman, que ajudou Papai Noel quando ele subiu ao palco da quadra, e desejos Feliz Natal a todos. Durante a comemora��o, o homem-morcego, acompanhado do Lanterna Verde e da Mulher Maravilha, tirou muitas fotos na quadra da escola, aumentando a anima��o.
A festa, que engloba quase 1,5 mil pessoas, incluindo idosos de asilos, � organizada em Santa Luzia h� 20 anos para crian�as de 4 a 13 anos e, nos �ltimos quatro, tem a Rua do Lazer do Servi�o Social do Com�rcio (Sesc) em parceria com o Sindicato do Com�rcio Varejista de Autom�veis e Acess�rios de Belo Horizonte (Sincope�as BH). O grupo de volunt�rios leva a colorida e “sonora” festa solid�ria a mais quatro institui��es – no total, s�o 250 crian�as de 8, 9 e 10 anos e mais 200 filhos de recuperandos da Associa��o de Prote��o e Assist�ncia aos Condenados (Apac)), que recebem, no local, bolo e os presentes.
Os grupos de amigos que se re�nem para fazer a festa t�m atividades diversas, incluindo profissionais liberais, e doam parte do tempo, durante o ano, para promover o Natal da crian�ada e tamb�m de idosos, pois, no dia 25, visitam o Asilo S�o Vicente de Paulo, levando o abra�o fraterno e um presente de Natal.
"Liu" Noel

J� em Mariana, na Regi�o Central do estado, � a vez do funcion�rio p�blico municipal Alisson Jos� dos Santos, de 42, conhecido como Liu, manter a tradi��o de 15 anos e visitar as comunidades quilombolas da Vargem. “Tem muita gente que me chama de Liu Noel”, conta com alegria e satisfa��o em atender at� 140 crian�as, com ajuda de amigos. “As crian�as escrevem cartas, entregam na Escola Municipal Serra do Carmo e as professoras me encaminham. Mas tem gente que coloca na minha caixa de correio ou joga o envelope (endere�ado ao bom velhinho) l� em casa”, afirma.
“Tive uma inf�ncia muito pobre. Quando era crist�o, fiz uma promessa: daria �s crian�as pobres aquilo que n�o tive”, revela Alisson, que se declara ateu e explica n�o “ser preciso ter uma religi�o para ajudar os outros”. Atualmente, 85% dos beneficiados s�o crian�as da comunidade quilombola e, para surpresa, os presentes n�o s�o bolas e bonecas, mas material escolar, cal�ados e roupas. “Outro dia, ao saber pelas redes sociais da nossa a��o solid�ria, uma pessoa dos Estados Unidos mandou R$ 1,5 mil”. Para atender todo mundo, Liu entrega os presentes geralmente no �ltimo dia de aula na escola da comunidade. “Se fosse de casa em casa, ficaria meses nessa fun��o, pois as moradias s�o distantes at� dois quil�metros uma da outra. O �ltimo dia de aula foi quarta-feira passada, mas Papai Noel ainda est� na ativa at� hoje”, diz bem-humorado.