At� a situa��o ser normalizada, o abastecimento se d� via caminh�es pipa e entrega de gal�es de �gua pot�vel. Entretanto, a desinforma��o sobre hor�rio de entrega, cronograma ou ordem de distribui��o � vis�vel. A equipe do Estado de Minas esteve no local nessa segunda-feira e presenciou um tom desesperador nos moradores, que n�o sabiam se a barragem havia se rompido ou n�o ou o porqu� de a �gua ter sido cortada. Apesar disso, j� se notava que a �gua barrenta havia chegado a algumas resid�ncias.
O Natal de Diana certamente ser� prejudicado pela falta de �gua pot�vel, como ela pontua. “Estou com minha fam�lia para vir de Nova Lima para c� (Congonhas), pois minhas filhas moram l�. Mas desse jeito n�o vai dar para passar Natal juntas. J� falei com elas que se n�o tiver �gua n�o vai ter como virem”.
O jovem barbeiro Wallax Henrique, de 20, contou que tem deixado de trabalhar por causa da falta de �gua. Ele enfatizou a falta de informa��o sobre o abastecimento e disse que na rua onde mora ningu�m recebeu �gua. “Quando voc� v� o caminh�o pipa tem que correr atr�s dele. At� agora, na minha rua, ningu�m recebeu �gua. E da torneira a �gua vai e volta, e a gente n�o vai tomar porque falaram que chegou rejeito da barragem no rio. Hoje n�o fui trabalhar porque n�o tinha �gua, ainda n�o sabemos quem vai disponibilizar a �gua”, disse.
Tamb�m dona de casa, Aparecida Martins, de 49, ainda tem �gua limpa em casa. Ela foi flagrada levando um balde para a casa da m�e, que ainda n�o tinha sido abastecida.
“Minha caixa d’�gua ainda tem �gua limpa. Agora, na casa da minha m�e, n�o tem �gua. Cortaram, a� estou levando. O caminh�o pipa ainda n�o passou l�. A barragem transbordou e sujou essa �gua. Agora a gente espera essa �gua chegar, e uma hora a minha vai acabar tamb�m. A situa��o � triste, a gente paga por uma �gua boa, assim n�o tem condi��o. Fica dif�cil, � muita tristeza”, contou, enquanto carregava o balde.
No Bairro Pires, os moradores viram na equipe do Estado de Minas um ponto de esperan�a para ajud�-los, j� que eles pouco sabiam da situa��o. Entretanto, a not�cia n�o � das boas. Segundo a Defesa Civil, haver� uma reuni�o entre a Prefeitura de Congonhas, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Copasa e empresas da localidade para requerer uma solu��o para o caso. O encontro, de acordo com a Defesa, deve ser realizada somente a partir do dia 26 de dezembro. O tenente-coronel Fl�vio Godinho, coordenador adjunto da Defesa Civil, explicou o que aconteceu.
“Houve um carreamento de material, tanto barro quanto min�rio, para essa nascente, e isso fez com que a �gua mudasse de tonalidade. Imediatamente foi suspensa a capta��o de �gua, para n�o ter uma leitura dessa qualidade, e a empresa respons�vel est� entregando a �gua por caminh�o pipa e �gua pot�vel”, disse.
Mesmo com os registros de sujeira, barro e rejeitos na �gua, al�m do corte de fornecimento da Copasa por orienta��o da prefeitura, a Ferro Minera��o informou em nota que o abastecimento n�o foi comprometido depois dos eventos da �ltima sexta. A barragem, de fato, n�o se rompeu e nem transbordou, mas uma pequena parcela de rejeitos foi conduzida � BR-040, que beira o dique, e � nascente. Godinho tamb�m detalhou o que aconteceu na estrutura.
“Essa barragem � uma barragem de sedimento. Com a quantidade de chuva que teve nesse local (cerca de 120mm no intervalo de uma hora e meia), ela teve eleva��o no n�vel de �gua. N�o houve transbordamento de �gua aqui, essa �gua saiu pelo extravasor e juntou com a �gua que vem desse 'vale' da 040. Ali pr�ximo da BR, existe um encontro para captar essas �guas. O bueiro n�o conseguiu captar, � antigo, e por isso a �gua foi para a 040, onde houve aquelas imagens onde a �gua tampou a via”, acrescentou.
NEM TRANSBORDAMENTO Na noite de domingo, a Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM) emitiu um comunicado de que a barragem havia transbordado, o que gerou tens�o no local. Nessa segunda-feira, a Defesa Civil esteve no local juntamente da ANM e outros �rg�os e reafirmaram a seguran�a da estrutura.
“A ANM esteve aqui ontem (domingo), est� hoje (segunda), fazendo todos os protocolos de seguran�a e nos repassaram a vistoria de que n�o aconteceu. N�o foi verificada nenhuma anomalia nesta barragem que trouxesse qualquer ind�cio de rompimento. Ou seja, a barragem permanece segura, dentro dos n�veis de seguran�a de antes da chuva”, disse Godinho.
A barragem de Josino foi constru�da pelo m�todo a jusante e tem 9 metros de altura e 16,6 metros c�bicos. Na Pol�tica Nacional de Seguran�a de Barragens, ela � classificada com a categoria de risco baixa e dano potencial associado m�dio. A ANM enviou, em setembro deste ano, a declara��o de condi��o de estabilidade e, segundo extrato de inspe��o divulgado em 5 de dezembro, a barragem n�o tinha anomalias. Ontem � noite, a ANM emitiu uma nova nota garantindo a seguran�a da estrutura. “O talude de jusante da barragem encontra-se sem qualquer anomalias. Fizemos notifica��es e exig�ncias � empresa”, concluiu Luiz Paniago, gerente nacional de Seguran�a de Barragens de Minera��o da ANM.
Empresa est� regular, mas j� havia cometido infra��es
A Funda��o Estadual do Meio Ambiente (Feam) tamb�m est� acompanhando a situa��o da estrutura junto � empresa Ferro Minera��o, a fim de avaliar a necessidade de desassoreamento e, consequentemente, prepar�-la para o amortecimento de chuvas e reten��o dos sedimentos advindos da atividade miner�ria.
A Funda��o ressaltou que as atividades do dique do Josino n�o envolvem disposi��o de rejeitos em barragem. O rejeito gerado no processo produtivo � disposto a seco em pilhas, denominadas Pilhas de Disposi��o de Rejeitos (PDR). A licen�a de opera��o foi concedida em 1º de abril de 2019, com validade at� 29 de mar�o de 2029.
O �rg�o fiscalizador confirmou que o empreendimento tamb�m possui as licen�as ambientais pr�via, de instala��o e opera��o para o exerc�cio de sua atividade produtiva. Mesmo assim, o transbordamento do dique pode estar sujeito �s penalidades administrativas, ap�s apura��o, a depender do dano ambiental que possa ter sido gerado.
A Feam acrescentou que j� haviam sido emitidas cinco infra��es administratvas � empresa Ferro Minera��o, tr�s por “descumprimento de condicionantes”, uma por irregularidades quanto ao uso de recursos h�dricos e uma por irregularidades quanto ao descumprimento de termo de compromisso.