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Lixo das festas exp�e o desafio da reciclagem em Belo Horizonte

De embalagens de presente a garrafas de champanhe: sobras das comemora��es de fim de ano lotam galp�es na capital, mas cidade ainda vacila e s� 1% dos materiais s�o reaproveitados


postado em 08/01/2020 06:00 / atualizado em 08/01/2020 07:52

No sábado, a Asmare ficou com o galpão lotado e teve de direcionar caminhões para outras entidades(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
No s�bado, a Asmare ficou com o galp�o lotado e teve de direcionar caminh�es para outras entidades (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Comemos, bebemos, celebramos e presentamos. E, passadas as festas de fim de ano, o rastro das comemora��es lota os galp�es de reciclagem em Belo Horizonte. Embalagens de presente, garrafas de espumante, cerveja, suco, papel�o formam pilhas nas associa��es e cooperativas de BH, que relatam estar recebendo diariamente, desde o Natal, at� o dobro de material em rela��o aos outros meses. Sem capacidade para acondicionar mais res�duos, no s�bado, a Associa��o dos Catadores de Papel, Papel�o e Material Reaproveit�vel (Asmare) precisou fechar as portas e direcionar caminh�es para outras entidades. No Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste, os caminh�es n�o deram conta da quantidade de rejeito depois do Natal.

A lota��o dos galp�es � uma pequena mostra do desafio da destina��o de res�duos na capital, que n�o recicla nem 1% de seu lixo, mas tem a meta de elevar esse percentual a 2,5% at� o ano que vem e para 11,3%, at� 2036. O que vem acontecendo, entretanto, � o contr�rio. Entre 2009 e 2018, o lixo comum, da coleta domiciliar, cresceu 14,6%, de acordo com a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) – de 603 mil toneladas para 689 mil. Em contrapartida, a coleta seletiva encolheu 4,6%, de 6.586 toneladas, em 2009, para 6.281 toneladas, em 2018. A SLU n�o tem os dados consolidados do ano passado.

No s�bado, o galp�o da Associa��o dos Catadores de Papel, Papel�o e Material Reaproveit�vel (Asmare), no Prado, Regi�o Oeste, ficou superlotado e a carga precisou ser direcionada a outras cooperativas. As 40 toneladas de res�duos no espa�o davam pistas da passagem generosa do Papai Noel. “O galp�o n�o suportou. Eram presentes, embalagens, material de r�veillon, teve de tudo. Todo dia chegam 2 toneladas e agora, nesta �poca, chegam 4 toneladas”, conta a auxiliar administrativa da associa��o, Viviane Silva.

“Isso retrata uma incapacidade das instala��es existentes de darem conta de tanto material recicl�vel. Elas est�o subdimensionadas em rela��o � necessidade. BH ficou estagnada 20 anos em rela��o � coleta”, afirma o professor Raphael Barros, do Departamento de Engenharia Sanit�ria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que torce para que a amplia��o dos pontos de coleta deslanche.

No galpão da Coopersol, garrafas de espumante e outras bebidas se juntam a uma montanha de embalagens de materiais diversos para reciclagem(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
No galp�o da Coopersol, garrafas de espumante e outras bebidas se juntam a uma montanha de embalagens de materiais diversos para reciclagem (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Atualmente, a coleta seletiva atende a 47 bairros, sendo que 11 deles come�aram a contar com o servi�o no fim do ano passado. Em setembro, o recolhimento de recicl�veis porta a porta mudou, passando a ser feito diretamente por seis associa��es e cooperativas de catadores, contratadas pela SLU.

Os n�meros s�o preliminares e n�o incluem a remessa que ainda est� sendo separada no galp�o, mas j� indicam aumento de 20% de recicl�veis em dezembro em rela��o a novembro na Cooperativa Solid�ria de Trabalhadores e Grupos Produtivos da Regi�o Leste (Coopesol Leste), no Bairro Granja de Freitas, Regi�o Leste. O salto foi de 101 toneladas para 119 toneladas.

F�rias


“Recebi caminh�o da Asmare e Associreciclo, porque os galp�es delas estavam lotados. Tem muito material de festa e vai ter mais, pois tem gente que viajou e ainda n�o voltou”, afirma a presidente da cooperativa, Vilma Estevam. No Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste de BH, o caminh�o da coleta seletiva n�o comportou a quantidade de material e sete ruas ficaram sem recolhimento logo ap�s o Natal. “N�o conseguia prensar mais material. Foram quatro toneladas, quando normalmente recolhemos tr�s”, afirma.

A quantidade de res�duos do Bairro Santa Tereza, que faz parte da Rede Lixo Zero, na Regi�o Leste, quase dobrou, passando de 1,3 tonelada para 2,5 toneladas de recicl�veis, no fim do ano. “Estamos trabalhando demais. S� parei dias 25 de dezembro e 1º de janeiro”, conta. Na triagem do material, Benedito Estevam, de 69 anos, observa que h� tamb�m rejeitos que n�o s�o recicl�veis. “Tem que ensinar pra muita gente que aqui n�o � aterro sanit�rio, n�o � lix�o.”

“Natal e fim de ano dobrou a quantidade de material. As pessoas compram mais, consomem mais”, diz a presidente da Cooperativa Solid�ria dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Regi�o (Coopersoli Barreiro), Silvana Maria Leal Assis, que teve que recusar receber caminh�es de outros galp�es. “� muita coisa e est� tudo cheio. S� estamos recebendo os nossos caminh�es, e com muita dificuldade”, afirma.

Consumo


Se, por um lado, mostram a consci�ncia de parte da popula��o no descarte dos res�duos reaproveit�veis, os galp�es de reciclagem s�o tamb�m retrato dos tempos. “� evidente o consumo exagerado. As embalagens s�o uma forma de prote��o que acabaram sendo associadas � sofistica��o, aumentando o valor do produto. E isso tudo vai ser jogado fora”, afirma Raphael Barros.

O professor chama a aten��o para a necessidade de recorrer a tecnologias no processo de reciclagem, com a mecaniza��o de galp�es e sistemas mais �geis para separa��o dos res�duos, mas ressalta que a popula��o precisa estar engajada. “N�o adianta a ideia de um parque montado para reciclagem se os consumidores n�o tiverem uma participa��o muito definida”, diz.

Incentivo � coleta seletiva


Recolhimento de materiais tem crescido na capital. Desafio é expandir o serviço para todas as regionais(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Recolhimento de materiais tem crescido na capital. Desafio � expandir o servi�o para todas as regionais (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)


Tradicionalmente, em dezembro e janeiro h� uma escalada no volume de material da coleta seletiva. Em 2018, �ltimo dado dispon�vel pela SLU, o recolhimento de janeiro, de 670 toneladas, ficou 11% maior em rela��o � m�dia mensal, de 523 toneladas. Em dezembro, tamb�m ficou 9,5% acima da m�dia mensal, com 573 toneladas.

“Todos os galp�es est�o muito cheios. Quem � que entrega um presente sem embrulhar? A �poca que mais presenteiam � fim de ano”, comenta Ivaneide da Silva Souza, que tamb�m coordena a Cooperativa Central Rede Solid�ria de Trabalhadores de Materiais Recicl�veis (Redesol MG), que est� trabalhando direto desde o Natal.

Na Cooperativa dos Trabalhadores com Materiais Recicl�veis da Pampulha (Coomarp), onde � presidente, Ivaneide constatou um aumento de 50% na quantidade de material, que incluiu tamb�m excedente de outras associadas. “De 120 toneladas por m�s, chegamos a 180, 200”, diz. O aumento, segundo ela, se deve tamb�m � amplia��o de locais de entrega volunt�ria pela prefeitura, os chamados Pontos Verdes.

Em outubro, a SLU instalou 77 Pontos Verdes, locais de entrega volunt�ria de material recicl�vel, que se somavam aos 62 pontos j� existentes. At� o fim deste ano, a promessa da prefeitura � chegar a 200 pontos, com mais 61 pontos.

A expectativa � de que o recebimento continue acima da m�dia ao longo de janeiro. “Fim de ano tem tamb�m muito descarte de escola. E muita festa. O pessoal d� faxina, faz mudan�a”, conta. E ela pede a colabora��o da popula��o. “Ao descartar o vidro, pedimos que venha embalado para evitar acidente. Tamb�m pedimos para n�o mandarem material de banheiro, pois contamina muito o nosso material”, diz Ivaneide. L�mpadas e seringas tamb�m t�m destina��o especial e n�o devem ser enviadas para a coleta seletiva.


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