
O presidente da Associa��o Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, disse hoje (10) que a subst�ncia dietilenoglicol raramente � usada na produ��o de cervejas. Segundo a Pol�cia Civil de Minas Gerais, exames laboratoriais realizados em amostras de dois lotes da cerveja Belorizontina, da fabricante mineira Backer, indicam que o produto pode ter sido contaminado pelo anticongelante, causando a morte de uma pessoa e a interna��o de sete, em Minas Gerais.
Lapolli observou que, devido a propriedades anticongelantes, o dietilenoglicol costuma ser empregado em sistemas de refrigera��o, por v�rios segmentos produtivos. E que tamb�m pode ser encontrado em radiadores de ve�culos. No entanto, segundo o dirigente da entidade que representa parte dos fabricantes de cerveja, dos fornecedores de mat�ria-prima e de pontos de venda da bebida, a ind�stria cervejeira costuma optar por outros produtos.
“Quase a totalidade das cervejarias artesanais utiliza �lcool et�lico [como anticongelante], ou seja, o �lcool puro, que n�o oferece nenhum tipo de risco de contamina��o caso entre em contato com a cerveja”, explicou.
De acordo com Lapolli, as investiga��es sobre as causas da contamina��o, que levou oito pessoas a serem internadas em hospitais da regi�o metropolitana de Belo Horizonte e de Juiz de Fora, com insufici�ncia renal aguda e altera��es neurol�gicas centrais e perif�ricas, ter�o que apontar como e em que momento as cervejas da Backer foram contaminadas pelo dietilenoglicol.
“Essa � uma pergunta que ter� que ser respondida, j� que a pr�pria cervejaria Backer afirma que n�o utiliza o dietilenoglicol em sua f�brica”, disse Lapolli.
Em duas notas j� divulgadas � imprensa, a Backer assegurou que a subst�ncia n�o faz parte de seus processos de produ��o. Ainda assim, por precau��o, a empresa acatou a decis�o de recolher os lotes L1 1348 e L2 1348, dos quais faziam parte as amostras testadas pela Pol�cia Civil.
Segundo Lapolli, em todo o mundo, cervejarias utilizam um sistema de refrigera��o parecido, empregando tanques duplos, encapsulados, que evitam o contato da cerveja armazenada com o produto usado no sistema de refrigera��o.
“O sistema de resfriamento de uma cervejaria serve para manter a cerveja gelada nos tanques. A cerveja fica armazenada em tanques revestidos internamente por inox. Ao redor destes h� uma serpentina que fica protegida por uma outra placa de inox, que forma a camada que vemos por fora”, explicou.
“Esse sistema de tanques encamisados � utilizado no mundo inteiro e n�o temos not�cias desse tipo de contamina��o em nenhuma cervejaria do mundo. Seria um fato in�dito. Eu, particularmente, n�o tenho not�cias de vazamentos desse tipo na ind�stria [mundial]”, comentou Lapolli, ao considerar a hip�tese de que o dietilenoglicol tenha contaminado parte da produ��o da Backer.
Mesmo apontando a necessidade de aprofundamento das investiga��es, o presidente da Abracerva considerou acertada a decis�o da Backer de recolher os dois lotes de cerveja. “H� algumas perguntas que teremos que aguardar para ver respondidas. Acho que temos que aprofundar a investiga��o e realmente saber a origem desta contamina��o, a causa desta s�ndrome e se, realmente, ela est� ligada ao dietilenoglicol e n�o a nenhum outro tipo de agente [contaminante] externo”, disse Lapolli.