
Uma semana se passou desde a primeira manifesta��o das autoridades de sa�de sobre a interna��o de pessoas ligadas ao Bairro Buritis, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte, com quadro de insufici�ncia renal e problemas neurol�gicos e j� h� resultados parciais das investiga��es epidemiol�gica e policial sobre o caso.
As autoridades encontraram a poss�vel causa dos sintomas – subst�ncia qu�mica encontrada em garrafas da cerveja Belorizontina, fabricada pela Backer, e at� um protocolo cl�nico de sa�de para tratamento da s�ndrome nefroneural que acomete os pacientes foi definido. Mas quest�es sobre como ocorreu a contamina��o da cerveja pairam no ar. A Pol�cia Civil n�o trabalha apenas com a possibilidade de falha na produ��o da Backer – �nica marca relacionada aos casos at� agora.
Nada, nem mesmo a possibilidade de sabotagem, est� descartado. Falhas em outras etapas do processo da cerveja dentro da f�brica, al�m crimes ou erros cometidos por fornecedores ou distribuidores s�o hip�teses no caminho da Belorizontina entre a f�brica e o consumidor.
O que sabemos
CASOS SUSPEITOS
Autoridades de sa�de contabilizam 10 notifica��es de pacientes internados que desenvolveram s�ndrome nefroneural aguda com sintoma iniciados a partir de novembro. Todos consumiram cerveja do r�tulo Belorizontina, produzida pela Backer, antes do in�cio dos sintomas. Um deles morreu na ter�a-feira, dia 7.
ALCANCE TERRITORIAL
At� o momento, casos suspeitos em investiga��o s�o de pacientes que t�m liga��o com o Bairro Buritis: vivem ou estiveram no bairro antes de passar mal. Paciente de Nova Lima foi inclu�do no grupo pela proximidade da cidade da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte com o bairro da Regi�o Oeste da capital. Mas a �ltima nota t�cnica da Secretaria de Estado de Sa�de n�o limita a investiga��o epidemiol�gica ao bairro e foi emitida para profissionais e servi�os m�dicos de todo o estado. Al�m da s�ndrome nefroneural, a defini��o de caso suspeito inclui o consumo de cerveja da marca Backer.
DOEN�AS DESCARTADAS
Exames laboratoriais realizados pela Funda��o Ezequiel Dias (Funed) para pesquisa de doen�as transmiss�veis e intoxica��o ex�gena descartaram arboviroses, febres hemorr�gicas e infec��es bacterianas e f�ngicas sist�micas. Enfermidades neuroinvasivas e outras doen�as, como sarampo, hepatites virais, doen�a de Chagas, HIV, tamb�m foram removidas da lista da Funed.

SUBST�NCIA T�XICA
O composto qu�mico dietilenoglicol, cuja ingest�o leva a sintomas compat�veis com o quadro cl�nico apresentado pelos pacientes, foi encontrado em duas amostras da Belorizontina e no sangue de tr�s pacientes. As amostras da cerveja estavam em garrafas lacradas do produto entregues por fam�lias de pacientes pertencentes a duas linhas do lote 1348 ( L1 1348 e L2 1348), segundo informou a Pol�cia Civil. Outras amostras desse e de outros lotes da Belorizontina e de outros r�tulos da Backer est�o sendo analisadas.
DISTRIBUI��O
O lote a que pertencem as amostras da Belorizontina contaminadas foi distribu�do tamb�m para o interior de Minas Gerais, S�o Paulo, Esp�rito Santo e Distrito Federal. O Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) determinou a “fiscaliza��o para a apreens�o dos produtos que ainda se encontram no mercado”.
INTERDI��O
O Mapa determinou ainda a interdi��o da f�brica da cervejaria Backer. An�lises laboratoriais seguem sendo feitas nas amostras coletadas pela equipe de fiscaliza��o das Superintend�ncias Federais de Agricultura.
COLETA
A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte vai receber garrafas de qualquer lote da cerveja Belorizontina em nove pontos diferentes espalhados pela capital mineira, a partir de hoje. Bebidas ficar�o sob cust�dia da prefeitura, que as entregar� �s autoridades caso seja necess�rio.
TRATAMENTO
Em nota t�cnica, a Secretaria de Estado de Sa�de determinou protocolo de a��es a serem adotadas pelo profissional de sa�de quando se depararem com um poss�vel caso da doen�a. Al�m de exames laboratoriais iniciais, a pessoa que apresentar os sintomas precisa passar por avalia��es oftalmol�gica e neurol�gica. O documento indica ainda o uso de etanol como ant�doto para frear a intoxica��o.

O QUE DIZ A BACKER
Na sexta, o advogado da Backer Est�v�o Nejm, a diretora Paula Lebbos e o mestre cervejeiro Sandro Duarte disseram que a empresa n�o usa o dietilenoglicol em seu processo de produ��o, mas o monoetilenoglicol (notas fiscais apreendidas pela pol�cia confirmam compra desse produto), visto por Duarte como menos t�xico. Backer tamb�m diz que realiza uma vistoria interna na f�brica interditada e afirma querer uma contraprova dos testes da pol�cia.
O que n�o sabemos
CONTAMINA��O
Como e onde ela ocorreu? Especialistas na produ��o artesanal de cerveja afirmam que compostos usados no resfriamento do produto – lista que pode incluir o dietilenoglicol – n�o t�m contato direto com a bebida. Tamb�m n�o est� claro se o composto org�nico foi parar dentro das garrafas ainda nas depend�ncias da Backer ou em algum outro ponto entre a fabrica��o e os consumidores. A pol�cia n�o descarta nenhuma hip�tese.
INTOXICA��O
Por que nem todas as pessoas que consumiram bebida do mesmo lote adoeceram? Isso pode significar que a presen�a de dietilenoglicol detectada pela pol�cia n�o se repete em todas as garrafas das linhas 1 e 2 do lote 1348 a que pertencem as amostras testadas?
LIGA��O COM O BURITIS
Por que todos os pacientes internados e considerados casos suspeitos pelas autoridades at� agora t�m alguma liga��o com o Bairro Buritis, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte?