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Estado de Minas OBITU�RIO

Adeus ao m�ltiplo Dolabela


postado em 19/01/2020 04:00 / atualizado em 18/01/2020 19:56

Morto ontem, aos 62 anos, em decorr�ncia de um AVC sofrido havia mais de um ano, Marcelo Dolabela foi (e fez) muita coisa. Poeta, artista multim�dia, roteirista, professor, m�sico, ele gostava de ser chamado de “dadam�dia”. Sua obra atingiu muita gente. Velado no s�bado na Casa do Jornalista, onde foi celebrado pelos amigos em um sarau, como havia pedido, Dolabela ser� enterrado ontem, �s 17h, no Cemit�rio da Saudade em Lajinha, na Zona da Mata, sua cidade natal.

“A gente meio que orbitava em torno do Marcelo. � mestre de muitos outros, de outras gera��es”, publicou em rede social John Ulhoa, guitarrista do Pato Fu. Em 1983 Dolabela criou o Diverg�ncia Socialista, banda seminal do underground belo-horizontino, que continuou na ativa por tr�s d�cadas, com diferentes forma��o.

Laborat�rio para muitas outras bandas, o Diverg�ncia teve em sua forma��o inicial Dolabela, Cilma, John Ulhoa, M�rcio e Rubinho Troll. Mais tarde, tamb�m integrou o Sexo Expl�cito que, nos anos 1990, deu origem ao Pato Fu.

Colecionador nato, Dolabela falava de m�sica como ningu�m – escreveu ABZ do rock brasileiro (1987), uma preciosidade que reunia, muito antes da internet, todo o mundo que importava na m�sica brasileira. “Ele organizou tamanho material, que foi necess�rio montar um escrit�rio no Edif�cio Maletta s� para esse fim”, lembrou-se o poeta e jornalista Carlos Barroso.

Dolabela tinha uma cole��o incr�vel de discos – uma parte dela foi reunida na exposi��o A hist�ria do rock brasileiro em 1.000 discos, promovida em 2012 no Centro Cultural UFMG. Na �poca, contou ao Estado de Minas que o primeiro LP nacional que havia comprado era o disco de estreia d'Os Mutantes (1968), quando tinha 10 anos. “Ele sempre gostou de livros pequenos, que ele mesmo editava. N�o aceitava as institui��es e, para ele, o mais importante era a poesia e o poeta por si s�”, afirmou a professora de literatura da UFMG Vera Casa Nova. Dolabela publicou dezenas de livros, a maior parte de poesia.

�RBITAS PO�TICAS

Amiga de Dolabela – “o conheci nos botecos do Maletta e da Savassi” – Vera Casa Nova chamou a aten��o para a cole��o Poesia orbital, coordenada por ele. Lan�ada em 1997 no centen�rio de Belo Horizonte, reuniu 62 livros de diferentes autores. “Como ele mesmo falou em Am�nia, 'dez bilh�es de vozes num �nico eco'. Ou seja, esta cole��o ele procurou apresentar para BH variadas �rbitas po�ticas, j� que ele pensava sempre no coletivo”, acrescenta Casa Nova. Para um futuro pr�ximo ela espera editar, num s� volume, a extensa obra de Dolabela.

“A poesia acompanhou Dolabela por toda uma vida, desde a gera��o mime�grafo, tamb�m chamada de marginal, e a funda��o da revista Cemflores (1977/1978), que se opunha de forma veemente e po�tica � ditadura militar. Cemflores Pirata e Cemflores Greve, por exemplo, eram distribu�dos em manifesta��es populares e de trabalhadores”, acrescentou Barroso.
“O Marcelo, al�m de um trabalho muito autoral e pessoal, sempre foi a refer�ncia intelectual para muitas pessoas em Belo Horizonte. Era um conselheiro”, comentou Rafael Conde, que esteve ao lado de Dolabela em seus primeiros curtas, entre eles Uakti – Oficina instrumental (1987, com texto de Dolabela) e A hora vagabunda (1998, quando dividiu com Conde o roteiro). Outra parceria foi com a realizadora Patr�cia Moran – entre outros, Dolabela escreveu o roteiro de Plano-sequ�ncia (2002).


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