Avenida Tereza Cristina � parcialmente liberada, mas buracos ainda exigem aten��o
Enquanto obras n�o come�am, ve�culos podem trafegar por um trecho da via, mas com aten��o. Capital e Contagem recorrem a decreto para agilizar obten��o de recursos, obras e a��es para reparar estragos de temporais
postado em 21/01/2020 09:26 / atualizado em 21/01/2020 12:53
Tr�nsito liberado na Avenida Tereza Cristina, pr�ximo ao n�mero 8.500 (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
A Avenida Tereza Cristina, que liga Belo Horizonte a Contagem, tem o tr�nsito parcialmente liberado nesta ter�a-feira, mas os buracos provocados pela enxurrada durante o temporal no �ltimo domingo ainda exigem aten��o dos motoristas.
Segundo a BHTrans, a avenida continua interditada no trecho entre a Via 210 e o Anel Rodovi�rio nos dois sentidos. L� a situa��o � mais cr�tica.
No trecho da avenida antes da Via 210, o tr�nsito est� liberado em ambos os sentidos. Agentes de tr�nsito monitoram o local e orientam os motoristas. Segundo a empresa, boa parte das placas de asfalto soltas j� foram removidas, mas h� depress�es na pista. A orienta��o � para que os condutores dirijam devagar para evitar acidentes e danos aos ve�culos.
Agente da BHTrans acompanha o tr�nsito no trecho liberado da avenida (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
J� no ponto em que a Tereza Cristina e a Via 2010 se cruzam, h� uma faixa liberada no sentido Bairro/Centro. Na dire��o oposta, o fluxo est� interditado.
Por meio de nota enviada � reportagem no in�cio desta tarde, Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que, no momento, todos os esfor�os est�o voltados para limpeza e desobstru��o da Tereza Cristina. Uma equipe t�cnica fez o levantamento dos danos na pavimenta��o para concluir as estimativas de custos.
Mas, a solu��o pode demorar. “A Sudecap esclarece que o restabelecimento do novo pavimento est� condicionado a um per�odo de estiagem, visto que o material de base necessita de um tempo para sua compacta��o ideal, o que garante a sua durabilidade”, conclui o texto.
Previs�o do tempo
Belo Horizonte amanheceu com neblina nesta ter�a-feira (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Ao que tudo indica, os temporais n�o pretendem dar tr�gua aos belo-horizontinos. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), hoje, �reas de instabilidade que atuam na regi�o central de Minas Gerais mant�m o tempo nublado e chuvoso na grande BH. Os term�metros devem atingir a temperatura m�xima de 25°C e a popula��o deve redobrar a aten��o, j� que a chuva forte pode come�ar pela manh� e se estender ao longo do dia.
Emerg�ncia depois da chuva
Ver galeria . 28 FotosTransbordamento do Ribeir�o Arrudas voltou a provocar estragos ao longo da Avenida Tereza Cristina, entre BH e Contagem. Via teve trechos interditados pela manh�
(foto: Jair Amaral/EM/DA Press )
Situa��o de emerg�ncia ap�s o caos provocado por “uma chuva de mil anos”. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, assinou decreto, na tarde de ontem, para garantir obten��o de recursos federais para obras na regi�o da Avenida Tereza Cristina, Oeste da capital, na divisa com Contagem. Na tarde de domingo, o trecho assumiu aspecto de “tsunami”, com a desola��o de fam�lias, decorrente do �ndice pluviom�tricos de 102 mil�metros em apenas 40 minutos – trata-se, de acordo com o Inmet, do maior �ndice desde 2004. O volume de precipita��es na capital e demais munic�pios da regi�o metropolitana, em janeiro, foi de 474,1mm, correspondendo a 47,5% de toda a chuva registrada em BH em 2019 (998,8mm). A Prefeitura de Contagem tamb�m decretou emerg�ncia por causa das chuvas. No fim da tarde e in�cio da noite de ontem, mais �gua caiu sobre a Grande BH, voltando a provocar transtornos e causando at� mesmo um desabamento.
“Essa � uma chuva que s� ocorre de mil em mil anos. Mesmo que estiv�ssemos com todas as obras prontas, incluindo as interven��es licitadas e outras projetadas ou em andamento, n�o ter�amos condi��es de conter”, disse Kalil, falando das precipita��es de domingo e explicando que a refer�ncia a “mil anos” decorre de levantamentos feitos por especialistas, incluindo tempo de recorr�ncia e outros. “N�o tem culpados, n�o quero achar culpados”, afirmou o prefeito, embora citando as obras previstas (tr�s bacias) para o C�rrego do Ferrugem (afluente do Ribeir�o Arrudas, canalizado na Avenida Tereza Cristina), que seriam custeadas pelo governo estadual e ainda n�o sa�ram do papel.
(foto: Arte EM)
Kalil decretou, na tarde de ontem, situa��o de emerg�ncia para a regi�o da Avenida Tereza Cristina, duramente atingida pelas precipita��es. O decreto de situa��o de emerg�ncia permite que a PBH obtenha recursos do governo federal – no fim de dezembro, foram liberados R$ 5 milh�es para interven��es, lembrou o secret�rio Nacional de Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, que est� na cidade trabalhando com a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e outros �rg�os municipais para avaliar os danos causados tamb�m no munic�pio vizinho de Contagem. Al�m de prestar socorro a 150 fam�lias desalojadas, a verba servir� para auxiliar a prefeitura na urg�ncia de servi�os. “Estamos agindo aqui e no Esp�rito Santo”, disse Lucas.
O superintendente da Sudecap, Henrique Castilho, explicou que a tempestade danificou o asfalto e passeios, al�m de retirar meios-fios e postes ao longo da avenida. O trabalho agora � de limpeza da via p�blica, mas o recapeamento n�o ocorrer� t�o cedo. “Estamos com tratores no local, mas a base (sob o asfalto) est� molhada. Ent�o, � preciso esperar secar para o servi�o ser executado”, explicou Castilho. Dessa forma, o aviso � para que os motoristas, especialmente durante os temporais, evitem transitar nessa �rea. A PBH tem, em caixa, desde 2017, com projetos em andamento, cerca de R$ 1,3 bilh�o para constru��o de bacias em �reas sujeitas a inunda��es, devendo R$ 500 milh�es ser empregados na Avenida Vilarinho, em Venda Nova.
No caso do C�rrego Ferrugem, o governo de Minas informa que s�o de responsabilidade das prefeituras as obras estruturantes para prevenir as enchentes. “Muitas delas foram alvo de parceria entre o governo estadual e federal para auxiliar os munic�pios, tendo em vista a extens�o social do problema. O Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) Ferrugem � financiado pelo Minist�rio de Desenvolvimento Regional, por interm�dio da Caixa Econ�mica Federal, com investimento total de 126,3 milh�es, dos quais 61,8 milh�es de contrapartida do estado. No presente momento, os recursos federais n�o s�o suficientes para execu��o da segunda etapa do empreendimento”.
Desola��o e revolta
Funcion�rios da PBH vistoriam �rea da Avenida Tereza Cristina destru�da pelo que o prefeito Kalil chamou de 'chuva de mil anos' (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
O cen�rio, ontem, era de horror na Avenida Tereza Cristina. Placas de tr�nsito no ch�o, blocos de asfalto soltos pela rua, m�veis e eletrodom�sticos cobertos por lama. De manh�, moradores se mostravam desolados diante do preju�zo ou apenas do que restou de suas casas depois do temporal que terminou com o transbordamento do Ribeir�o Arrudas no fim da tarde de domingo. Funcion�rios da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tamb�m trabalhavam na retirada do barro e do entulho que ocupavam as vias no entorno. Agentes da BHTrans coordenavam o tr�nsito, completamente prejudicado depois que placas de asfalto se soltaram pela for�a da �gua. Parte da Avenida Tereza Cristina, pr�ximo ao n�mero 10.500, estava completamente interditada. Depois de protestos j� no domingo, moradores se reuniram para discutir as pautas e pedir provid�ncias � administra��o municipal.
Em vez de festa, Charles Fl�vio Lopes, que completou 30 anos ontem, enfrentou o trabalho para tirar lama de casa e s� p�de se alimentar com produtos doados. Na tarde de domingo, o churrasco com amigos e parentes foi interrompido pela chuva forte, que devastou a Vila Bet�nia, que fica �s margens da Teresa Cristina, na altura do Bairro Bet�nia, na Regi�o Oeste da capital. "Uma trag�dia anunciada. Infelizmente, n�o deu para salvar nada. Nem a roupa que estou usando no corpo � minha. � doa��o. N�o tenho mais nada. Passei meu anivers�rio procurando algo para me alimentar e �gua pot�vel para beber", lamentou o motoboy que mora l� h� 23 anos. Ele conta que problemas com a chuva s�o anuais, mas n�o via tamanho estrago desde 2009. Charles mora com outras oito pessoas e a perda ainda n�o foi calculada. Revoltado com a situa��o, disse que funcion�rios da administra��o municipal procuraram a fam�lia para preencher um formul�rio. "Eles nos procuraram no domingo, eu ainda estava atordoado limpando o barro. Sem muita no��o, respondi R$ 20 mil, mas � muito mais que isso" lamentou.
As chuvas instalaram o caos na Regi�o Oeste: transbordamento do Ribeir�o Arrudas, alagamentos das avenidas Francisco S� e Amazonas, dezenas de pessoas ilhadas, inunda��o de esta��es do metr�. Levantamento da Defesa Civil de BH apontou que o Arrudas subiu 9,8 metros durante o temporal. Defesa Civil Municipal estabeleceu um posto de comando em uma igreja na Pra�a Cinquenten�rio, no Bairro Bet�nia.
Pedido de ajuda
O presidente da Associa��o de Moradores e Empreendedores (AME) da Vila Bet�nia, Gladson Reis, pede ajuda � sociedade e provid�ncias por parte do poder p�blico. "� a quinta inunda��o em 45 dias em que as pessoas perdem tudo. Precisamos de donativo, material de higiene pessoal, alimentos. Quem puder trazer p�o, marmitex, ajudar� muito", disse. Ele tamb�m pede ajuda para resgatar c�es. "O prefeito precisa pisar no barro e sentir a dor dessas fam�lias. Vamos marcar novos protestos". A associa��o chegou a convocar uma manifesta��o ontem �s 13h. Mas a cancelou: “Ainda est�o todos muito abalados”. Mas, um grupo de moradores voltou a fechar a pista na altura do Bairro Bet�nia e ateou fogo ao que restou de m�veis destru�dos pelo temporal. Entre as principais revindica��es, est�o: uma bolsa emergencial de R$ 5 mil, a isen��o da conta de �gua e de energia e um plano de conten��o das enchentes. Mas, n�o houve confronto com a pol�cia. No domingo, corpora��o foi chamada e houve discuss�o com os manifestantes.
Ap�s registrar mais danos em fun��o de um novo transbordamento do Ribeir�o Arrudas durante a chuva, a Avenida Tereza Cristina teve trechos interditados na manh� de ontem. O asfalto foi destru�do em diferentes pontos e a lama tomou as pistas. Linhas de �nibus precisaram ser desviadas, enquanto agentes da prefeitura trabalhavam nos reparos. O trecho foi completamente interditado na altura da Via 210 e da Avenida Presidente Castelo Branco, no sentido Centro/Bairro.
'N�o deu tempo de salvar nada'
Moradores da Vila Barraginha, em Contagem, retiram objetos destru�dos pela chuva (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
“Ficamos debaixo d'�gua, a inunda��o estava na altura do pesco�o. Sa�mos pela janela, ficamos na casa do vizinho at� a chegada de ajuda. Perdi tudo, n�o deu tempo de salvar nada.” Esse foi o relato da cozinheira Ilma de M�rcio, de 59 anos, moradora da Vila Barraginha, em Contagem, na Grande BH. Onde os estragos provocados pela chuva de domingo tamb�m foram grandes. Por causa dos estragos, a prefeitura decretou situa��o de emerg�ncia para agilizar a capta��o de recursos destinados aos reparos e atendimento �s fam�lias afetadas. O prefeito Alex de Freitas assinou o decreto ap�s se reunir com o secret�rio Nacional de Prote��o e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas Alves.
Ao longo do dia, sentimento de tristeza e de revolta toma conta da pequena vila cercada por corredores estreitos. Diogo Ventura, de 28, retirava os objetos de casa. Praticamente nenhum deles poderia ser recuperado. Uma b�blia ensopada pela lama foi para o lixo. “Nem a b�blia sobrou. Perdemos tudo. Moro aqui a vida toda, mas vou precisar ficar na casa de uma irm�”, relatou. A vizinha Let�cia Dias, de 23, pede provid�ncias por parte da administra��o municipal. “Perdemos tudo e o prefeito est� tranquilo na casa dele. Se ele n�o aparecer aqui, vamos at� l� protestar”, prometeu. Ela cobrou o envio de agentes de sa�de � vila. “A pele de todo mundo est� co�ando. Nadamos em uma �gua com ratos”, disse.
O coordenador municipal de Prote��o e Defesa Civil, Samuel Martins Lara, explica que provid�ncias come�aram a ser tomadas no dia da chuva. “Estamos fazendo vistorias nos im�veis com risco de estrutura. As casas est�o sendo interditadas e as fam�lias, encaminhadas para o Bolsa Moradia para que, o mais r�pido poss�vel, possam alugar um im�vel seguro para ficar. Outras casas tamb�m est�o sendo vistoriadas e as fam�lias recebendo colchonete, �gua sanit�ria, cesta b�sica”, disse. “Fizemos uma filtragem de quem perdeu tudo e que n�o tem aonde ir. Encaminhamos essas pessoas para abrigos provis�rios: Escola Municipal Virg�lio De Melo Franco, na Vila S�o Paulo, e Escola Municipal Pedro de Alc�ntara Junior, no Bairro Jardim Industrial, onde est�o cerca de 10 fam�lias, mas o n�mero deve crescer. Outras 200 est�o em casas de fam�lia ou amigos”, acrescentou.
A Defesa Civil tamb�m realiza atendimentos na Vila Ita�, Vila S�o Paulo e Vila Marimbondo. Na Avenida Alvarenga Peixoto, no Bairro Amazonas, em Contagem, vendedores da tradicional feira de artesanato de domingo foram surpreendidos por violenta enxurrada, que arrastou barracas e produtos. V�deos que circularam em redes sociais mostram cenas de p�nico entre os feirantes que, desesperados, tentam se salvar da viol�ncia das �guas. Em um deles, aparecem comerciantes muito aflitos ao ver os produtos serem levados de forma violenta pelas �guas. A feira popular � realizada no local desde os anos 1960 e atualmente tem cerca de 600 barracas cadastradas.