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Estado de Minas

EM percorre tr�s cidades em situa��o de calamidade pela chuva em Minas

Castigadas pelas chuvas, 124 cidades recorrem a decretos para buscar socorro. Medo persiste em munic�pios visitados pelo Estado de Minas


postado em 28/01/2020 06:00 / atualizado em 28/01/2020 07:43

Rio Piranga permanece alto em Ponte Nova, deixando a população de sobreaviso: medo é de que chuvas nas cabeceiras provoquem novos transbordamentos(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Rio Piranga permanece alto em Ponte Nova, deixando a popula��o de sobreaviso: medo � de que chuvas nas cabeceiras provoquem novos transbordamentos (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

Barra Longa, Ponte Nova e Raul Soares – Tr�s dias de desespero e choro, em choque ao ver o Rio Matip� engolir sua casa, arrancando tudo que tinha de dentro e deixando apenas algumas paredes e o telhado. Aos poucos, ontem, a produtora de caf� M�rcia Louren�o dos Reis, de 40 anos, conseguiu reunir for�as para resolver o que vai ser da vida dela e dos filhos de 14 e 17 anos. “Fomos com a roupa do corpo para a casa da minha m�e. Estamos comendo o que os outros nos d�o na rua. N�o sabemos como vai ser a nossa vida. N�o temos mais casa e perdemos tudo”, afirma M�rcia. As enchentes provocadas pelas chuvas hist�ricas que atingiram a Grande BH e parte do interior de Minas desde quinta-feira destru�ram as moradias de mais de 40 fam�lias em Raul Soares, munic�pio de 23 mil habitantes na Zona da Mata, uma das regi�es mais devastadas pelas tempestades. Um drama que segue ampliado pela falta de �gua que atinge o munic�pio justamente por causa das enchentes e do uso de mangueiras em excesso pelos moradores que tentam remover a lama de suas moradias e pertences. Em todo o estado, 121 munic�pios est�o em estado de emerg�ncia e tr�s em calamidade p�blica (leia texto nesta p�gina). O n�mero de mortos chegou a 47, somente desde sexta-feira, elevando para 58 o total registrado no per�odo chuvoso, que come�ou em outubro.



O transbordamento do Rio Matip� transformou em canais de lama e esgoto as ruas do Bairro Bom Jesus, o mais atingido de Raul Soares. Os passeios e lotes vagos se tornaram dep�sitos para pilhas de m�veis empapados de lama, eletrodom�sticos revoltos por barro, roupas arruinadas e tudo mais que as enchentes conseguiram engolir. Quanto mais pr�ximo do manancial de �guas barrentas, que ainda est� cheio, mais arrasadas ficaram as moradias, sendo que mais de 40 delas tiveram de ser deixadas depois de partes terem desmoronado e de o im�vel receber as fitas zebradas da Defesa Civil municipal que as classificam como moradias condenadas.

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Ruas de Raul Soares viraram canais de lama depois que o Rio Matipó transbordou. Na mesma cidade, população levanta prejuízos com desabamentos (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Ruas de Raul Soares viraram canais de lama depois que o Rio Matip� transbordou. Na mesma cidade, popula��o levanta preju�zos com desabamentos (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Mesmo assim, o movimento ontem era intenso. Caminh�es e m�quinas acionadas pela prefeitura venciam a lama, removiam escombros bloqueando vias e abriam caminho para que as pessoas pudessem tentar salvar seus pertences, seus valores, seus guardados e mem�rias engolidas pela �gua e pela lama. Quase todas as casas usavam mangueiras para expulsar o barro, mesmo advertidas pelo carro de som do Servi�o Aut�nomo de Abastecimento (SAE) de que era preciso economizar, sob risco de desabastecimento. V�rios bairros j� est�o sem �gua, esperando para encher seus reservat�rios � noite quando o fornecimento costuma voltar.

A ajuda veio de v�rios locais, al�m dos funcion�rios e volunt�rios da prefeitura local. Moradores e comerciantes solid�rios doaram mantimentos, �gua, pratos de comida e m�o de obra para varrer e remover os m�veis de quem precisava. Carregando um gal�o de 10 litros de �gua mineral para abastecer a igreja onde est� abrigada com seus tr�s filhos, de 3, 8 e 9 anos, Eliane dos Reis, de 29, diz n�o ter tido tempo para ser tomada pela tristeza, ante as tarefas que precisa assumir depois de ter perdido praticamente tudo que tinha em casa. “A gente teve de sair de dentro de casa de canoa. Foi horr�vel demais. Tudo o que tinha est� a� entulhado na pilha de lama no passeio da rua. Agora n�o sei como vamos fazer, para onde ir. Vamos ver o que d� para salvar”, suspira.

Pontilhão da Rua Bom Jesus ficou intransitável para pedestres(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Pontilh�o da Rua Bom Jesus ficou intransit�vel para pedestres (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Funcion�ria da vigil�ncia epidemiol�gica de Raul Soares, Luciana Alves da Silva, de 42, recebeu ajuda dos colegas de trabalho para vasculhar sua casa, remover a lama e tentar salvar o que fosse poss�vel depois de a resid�ncia ter sido totalmente coberta pela enchente. Por incr�vel que possa parecer, a mulher ainda se diz aliviada. “Tenho um filho com necessidades especiais que estava doente e no dia resolvi lev�-lo ao hospital. N�o sei como seria com ele doente nessa enchente. Ele � a coisa mais preciosa que tenho. Por isso, nem a lama e a destrui��o me tiraram a alegria de ficar sabendo hoje (ontem) que ele vai ter alta. O importante � a vida, o resto Deus ajuda e a gente trabalha para conseguir”, disse.

Em Ponte Nova, a prefeitura e a defesa civil municipal conseguiram avisar as pessoas sobre a cheia do Rio Piranga. Por isso, a maioria das pessoas que vivem ou trabalham nas �reas alag�veis do manancial conseguiu salvar seus pertences e deixar as zonas de risco antes que fosse tarde. Uma das pontes que levam ao Centro precisou ser interditada. Mesmo assim, pessoas e motoristas insistiram em atravessar, tendo o rio a poucos cent�metros. At� ontem, as rodovias paralelas ao Rio Piranga ainda estavam alagadas no Centro Hist�rico, onde m�quinas da prefeitura trabalharam para desobstruir as vias, comerciantes e moradores limpam seus im�veis. Dono de uma loja de compra e venda de ve�culos, Felipe Gomide de Oliveira, de 36, enfrentou a quarta enchente deste ano, mas como foi avisado, conseguiu remover a tempo 19 ve�culos que estava negociando e os estacionou em vias mais altas e seguras. “O preju�zo est� sendo s� pela limpeza e a paralisa��o comercial. Nas duas cheias anteriores, a �gua dentro da loja chegou a atingir 3 metros de altura”, conta.

Medo


Nas ruas, muita gente ainda teme uma nova enchente, principalmente porque o rio, mesmo sem chuvas, ainda n�o desceu ao n�vel normal. Muitos aproveitaram o dia para abastecer suas despensas caso venham a ficar ilhados. “A gente n�o sabe se est� chovendo a� para cima (cabeceira do rio). Melhor � prevenir e levar as coisas de mantimentos para casa, se tiver uma emerg�ncia a gente fica seguro l�, n�o precisa de atravessar a ponte”, disse a manicure Tayn� Joana Rodrigues, de 29, que foi empurrando um carrinho de m�o para o mercado com o filho Cau� Rodrigues Vitoriano da Silva, de 11, receosa da travessia da ponte interditada.

Total de mortos chega a 58


Saltou para 47 o n�mero de mortes decorrentes das chuvas hist�ricas que ca�ram em Minas a partir de quinta-feira, aponta o boletim divulgado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) no in�cio da noite de ontem. A esses �bitos, somam-se outros 11, registrados entre outubro e a semana passada, o que leva o total para 58. Em meio �s not�cias tr�gicas, um al�vio: 13 das 19 pessoas que estavam desaparecidas at� domingo fizeram contato com suas fam�lias ou foram localizadas com vida. Agora, s�o quatro desaparecidos, j� dois corpos foram encontrados e engrossaram a lista de �bitos.

A maioria das mortes est� concentrada na Grande BH: 13 em Belo Horizonte, seis em Betim, cinco em Ibirit� e duas em Contagem. No interior, os �bitos est�o listados em 11 munic�pios da Zona da Mata mineira: Alto Capara� (quatro), Alto Jequitib� (tr�s), Carangola (um), Divino (um), Luisburgo (dois), Manhua�u (um), Pedra Bonita (tr�s), Santa Margarida (um), Tocantins (um) e Simon�sia (tr�s). Entre as mortes confirmadas est� Ana J�lia Fernandes, de 2 anos e 7 meses, soterrada em Olhos D'�gua. Ainda de acordo com o balan�o da Defesa Civil estadual, 17.935 pessoas est�o fora de suas casas em Minas. O grupo se divide em 7.079 desalojados na Grande BH e 7.530 na mesma condi��o no interior; e 3.386 desabrigadas, sendo 1.092 na RMBH e 2.294 no interior. Al�m disso, 65 pessoas ficaram feridas no estado – 54 na Grande BH e outras seis no interior.

Na corrida para ajudar as cidades, decreto do governo estadual, que foi publicado na manh� de ontem, reconheceu situa��o de emerg�ncia em 101 munic�pios. Na soma desde outubro, s�o 121 cidades em emerg�ncia. J� Carangola (Zona da Mata) e Oriz�nia (Zona da Mata) e Ibirit� (Grande BH) decretaram estado de calamidade p�blica.

Configura-se situa��o de emerg�ncia quando ocorre a altera��o intensa e grave das condi��es de normalidade comprometendo parcialmente a capacidade de resposta. A calamidade p�blica ocorre quando h� altera��o intensa e grave das condi��es de normalidade comprometendo substancialmente a capacidade de resposta. Os decretos facilitam a transfer�ncia de recursos do governo federal para reparos e a entrega de doa��es – como colch�es, cobertores, travesseiros e alimentos – recolhidas pelo Executivo estadual. Domingo, o governo federal garantiu que tem R$ 90 milh�es para atender aos estados atingidos pelas enchentes. (Larissa Ricci. Colaborou Luiz Ribeiro)


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