postado em 28/01/2020 06:00 / atualizado em 29/01/2020 17:24
Keila e o marido com o pouco que sobrou depois que boa parte de sua casa desmoronou: fam�lia agora est� distribu�da em casas de parentes (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Complica��es no tr�nsito, mais vistorias da prefeitura, m�quinas operando por todos os lados e v�timas que ainda contam os preju�zos: o primeiro dia �til ap�s as chuvas que arrasaram Belo Horizonte na sexta-feira foi de muito trabalho para autoridades, drama para fam�lias das v�timas e exerc�cio de e paci�ncia para os motoristas. Na Vila Bernadete, no Barreiro, onde sete pessoas morreram depois que v�rios barrac�es deslizaram, a Defesa Civil fez vistorias em im�veis que ainda n�o haviam passado pelo processo. Nas nove regionais da cidade, muito atividade tamb�m para os �rg�os de tr�nsito: ruas, avenidas e rodovias total ou parcialmente bloqueadas por barrancos, �rvores e postes que invadiram as pistas, o que refletiu na amplia��o dos engarrafamentos.
Na Regi�o do Barreiro, a Rua Doutor Cristiano Rezende, no Bairro Novo das Ind�strias, � uma das vias aonde a prefeitura mandou equipes para retirar terra do caminho dos ve�culos. Morador da rua, Valdir Ar�des de Freitas, de 37 anos, se preocupa, principalmente, com o asfalto, que, segundo ele, corre risco de desmoronar. “Chegou a cair um barranco aqui e foi feita uma obra com gabi�o. Resolveu, mas agora a chuva veio de novo e caiu o que estava do lado (sem gabi�o). Agora, o asfalto e o lote nosso aqui est�o desmoronando. Quando a chuva vem, empossa �gua em cima do terreno. Desse jeito vai derrubar tudo”, alerta o homem, que estava ao lado do pai, Valdir Rodrigues de Freitas, de 76. “Aqui na minha casa n�o deu nada, mas se o povo dali (do aglomerado dentro do bairro) n�o sa�sse r�pido ia acontecer outra trag�dia”, conta o idoso. Al�m do lugar onde eles moram, a BHTrans interditou a Rua Olaria do Barreiro, no Bairro Olaria, localizada na mesma regi�o da cidade.
Ainda no Barreiro, moradores da Vila Bernadete receberam a Defesa Civil em suas casas ontem. Os agentes respons�veis pelos trabalhos disseram � reportagem que vistoriavam im�veis que ainda n�o haviam sido verificados pelo �rg�o. As orienta��es para os moradores s�o as mesmas de sempre: verificar se h� trincas, fendas e/ou depress�es no terreno, assim como minas d'�gua. Em caso afirmativo, o morador deve ligar para o n�mero 199, da Defesa Civil.
Cristiamara Cardoso tem d�vidas sobre o im�vel onde mora: %u201CA inseguran�a � muito grande (%u2026). N�o consigo ter paz%u201D
Apesar do apoio, alguns moradores da vila reclamaram de “falta de clareza” nas orienta��es dos agentes. “Na minha casa, gra�as a Deus, n�o afetou nada ainda. Mas o barranco est� cedendo. Tem uma cratera debaixo da casa do vizinho. Se descer a dele, vai descer a minha, porque uma � agarrada na outra. N�o tenho condi��es de ficar l�. Barranco n�o espera n�o”, afirma, em tom de desespero, Geovana Alves, de 57, que vive na Vila Bernadete h� cinco anos. “A �nica coisa que eles est�o falando � para ficar na casa de vizinhos, mas est� todo mundo nessa situa��o. Cortaram a nossa �gua. Como vamos viver aqui sem �gua? ”, questiona a mulher.
As queixas da cabeleireira Cristiamara Cardoso, que mora na Vila Bernadete h� 10 anos, s�o parecidas. “Na minha casa n�o aconteceu nada. O mo�o da Defesa Civil disse que aparentemente n�o tem nenhum risco. S� que j� desabou o (barranco do) fundo. A inseguran�a � muito grande. Moro com minhas duas filhas adolescentes. Estou na casa da minha tia, que mora aqui tamb�m, mas n�o consigo ter paz”, contou a mulher.
Fam�lia dividida
Keila de Almeida, de 34, perdeu a casa quase que inteira. S� sobrou o quarto dos filhos, o que permitiu que pelo menos as roupas e pertences pessoais dos pequenos fossem preservados. Ainda assim, o sufoco vivido na sexta-feira permanece v�vido no olhar inquieto de Keila, que ontem, com o marido Jonathan Vaz, recolhia o que pouco que sobrou de seus pertences. “Poucos minutos depois que eu sa�, minha casa desmoronou. Virei a esquina e j� gritaram avisando que o barranco tinha desmoronado. Agora, estou na casa de um parente, mas l� j� est� cheio de gente e meus filhos n�o cabem. Eles est�o em Juatuba, com outra pessoa”, lamenta.
Deslizamento de encosta provoca bloqueio de faixa no Km 542 do Anel Rodovi�rio, que deve persistir mais dias
Ainda no Barreiro, a prefeitura comunicou que realizava ontem a limpeza do C�rrego Bonsucesso, que cruza a regional. A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que est� desde quinta-feira “de prontid�o por ocasi�o das chuvas e atuando em todas as regi�es da cidade”. Tamb�m ressaltou que “sempre que a chuva diminui de intensidade ou cessa, as equipes atuam desobstruindo vias, suprimindo e podando �rvores, limpando bocas de lobo e fazendo estabiliza��es emergenciais de encostas com sacaria e lonas para evitar novos deslizamentos”. Perguntado sobre os custos das opera��es, Executivo municipal disse que “as estimativas est�o sendo elaboradas”.
Interdi��es
(foto: Soraia Piva/EM/D.A Press )
A segunda-feira exigiu muita paci�ncia do motorista de Belo Horizonte. Diante dos danos provocados pela chuva que caiu entre quinta e sexta-feira na Grande BH, ruas, avenidas e rodovias ainda sofrem interdi��es, o que provocou pontos de engarrafamento na cidade. Na Avenida dos Andradas, nas proximidades da �rea Hospitalar, entre a Avenida Francisco Sales e Alameda Ezequiel Dias, uma faixa de cada sentido permanecia fechada. O local estava sinalizado, mas houve filas de carros em momentos de maior tr�fego. Ainda na Regi�o Central, houve bloqueios em duas ruas: Ouro Preto, entre a Avenida Amazonas e a Rua dos Aimor�s, e Padre Rolim. Nessa �ltima, um galho ocupava uma faixa na altura do n�mero 787. H� interdi��es em trechos de rodovias.
Muito atingida pela chuva na �ltima semana, a Avenida Tereza Cristina tamb�m continuava bloqueada. Segundo a BHTrans, todos os pontos cr�ticos foram sinalizados, mas a via s� estava liberada a partir do Anel Rodovi�rio no sentido Centro e at� o Bairro Dom Jo�o VI no sentido contr�rio. Na Rua Amanda, no Bairro Bet�nia, Regi�o Oeste de BH, apenas o tr�nsito local era permitido. No mesmo territ�rio da cidade, a Rua C�ndido de Souza, no Gameleira, operava apenas em meia faixa. A Rua Fernando Esquerdo, 35 (pr�ximo ao Col�gio Santo Agostinho), no Gutierrez, tamb�m apresentava limita��es.
Houve interdi��es, ainda, nas regi�es Centro-Sul, Leste, Pampulha, Norte, Venda Nova e Nordeste. Nessa �ltima, a Avenida Cristiano Machado estava fechada na altura do n�mero 1.125, no Bairro Gra�a. No Fern�o Dias, ainda na Regi�o Nordeste, a Avenida Jos� C�ndido da Silveira tinha uma faixa bloqueada em cada um dos sentidos.
O motorista de Belo Horizonte teve que pisar no freio, principalmente, em duas rodovias que passam pela cidade: a BR-356 e o Anel Rodovi�rio. Na primeira, v�rios barrancos deslizaram no sentido Savassi: ao lado de um posto de combust�veis, na altura do Bairro Belvedere, havia interdi��o da faixa da direita. Ainda na BR-356, quem estava no sentido Lagoa dos Ingleses e queria retornar para acessar a MG-030 rumo a Nova Lima precisava de muita aten��o: um barranco cedeu na pista de acesso � rodovia. Marca de pneus no local mostravam que alguns motoristas arriscaram avan�ar sobre a lama ali despejada, mas o ideal mesmo era evitar esse retorno e optar por fazer o “bal�o” na altura do BH Shopping.
No Anel Rodovi�rio, o problema maior est� no Km 542, na altura do Bairro Olhos D'�gua, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, e deve durar por muitos dias. Uma viatura da Via 040, concession�ria respons�vel pelo trecho, estava posicionada no sentido Rio de Janeiro para bloquear a faixa da direita, pois o local est� sem equipamento lateral de prote��o, o que poderia trazer riscos aos motoristas.
J� no sentido Vit�ria, no mesmo Km 542 do Anel, dois barrancos desmoronaram na faixa da direita, que est� fechada por pouco menos de um quil�metro. Segundo a Via 040, as interven��es incluem a recomposi��o da estrutura de conten��o da encosta no sentido Vit�ria, e a estabiliza��o da lateral direita da pista do sentido Rio de Janeiro. A previs�o de dura��o dos trabalhos � de 45 dias. A empresa tamb�m cadastrou alertas para os usu�rios do aplicativo Waze e vai informar as condi��es de tr�fego por pain�is eletr�nicos na via e por seus canais de comunica��o.