
A cr�tica do prefeito Alexandre Kalil (PSD) a empres�rios de Belo Horizonte no dia seguinte ao temporal que devastou ruas, casas e lojas da cidade incomodou representantes de v�rios setores, que consideraram a declara��o uma tentativa de “empurrar a culpa sobre recorrentes problemas da capital mineira”. Ontem, o vice-presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, afirmou que Kalil n�o fez os investimentos necess�rios durante tr�s anos de governo e agora “procura algu�m para transferir responsabilidades”.
No dia seguinte � chuva que destruiu v�rios bairros da cidade, o prefeito atacou os “empres�rios gananciosos” que teriam trabalhado contra a aprova��o do Plano Diretor. “Esse Plano Diretor, que foi t�o massacrado por esses empres�rios gananciosos dessa cidade, est� a� a resposta para eles. N�o queriam um Plano Diretor que cuidasse do meio ambiente. A resposta chegou na casa deles, no bairro chique e luxuoso de BH”, disse Kalil, que tamb�m mora no Bairro de Lourdes, na regi�o Centro-Sul, um dos mais castigados pela chuva.
“A repercuss�o dessa fala foi a pior poss�vel. � uma ila��o absurda do prefeito, que n�o se trata de realidade”, disse Teodomiro Diniz. Segundo ele, a declara��o irritou empres�rios, que a consideraram um ataque generalizado e agressivo.
Em 2019, o prefeito j� havia criticado a mobiliza��o de empres�rios que fizeram uma campanha contra a cria��o de novos impostos no Plano Diretor. O projeto incluiu a chamada outorga onerosa, que exige um valor adicional para que sejam feitas constru��es acima dos limites da legisla��o. O dinheiro seria destinado para investimentos em moradia e infraestrutura.
Segundo Teodomiro Diniz, os questionamentos da Fiemg durante as discuss�es do Plano Diretor n�o trataram de medidas ligadas ao meio ambiente. “Sempre aceitamos e apoiamos as medidas para se preservar as �reas verdes da cidade. O prefeito tenta agora, j� em campanha eleitoral, encontrar um para colocar a culpa. Mas a prefeitura deveria assumir sua responsabilidade, e n�o tratar um assunto s�rio dessa forma”, rebateu.
O empres�rio aponta os baixos investimentos feitos pela PBH nos �ltimos anos como o real motivo do caos. Questionado se os recursos arrecadados pela PBH com a outorga onerosa n�o ser�o importantes para que sejam feitas obras de preven��o a enchentes e deslizamentos de terra na cidade, Diniz aponta que os problemas est�o mais ligados � falta de planejamento do setor p�blico.
Segundo levantamento da Fiemg, dos R$ 40 bilh�es em receitas da prefeitura da capital, apenas R$ 111 milh�es foram investidos em obras para evitar os problemas com as chuvas. “A prefeitura investiu 0,3% do or�amento de 2019 em obras de preven��o, ou seja, � como ter R$ 1 mil e gastar apenas R$ 3 ao longo do ano inteiro. Estamos enfrentando um problema hist�rico e grav�ssimo da cidade, mas que por muitos anos n�o tem sido tratado com a devida import�ncia. N�o s� pela atual prefeitura, mas h� muito tempo a cidade n�o faz os investimentos necess�rios.”