Belo Horizonte tem previs�o de mais pancadas de chuva no fim de semana

Mais um cap�tulo de uma hist�ria de medo e contratempos em Belo Horizonte na temporada de chuvas. Ontem, depois de dias de estiagem, a capital mineira voltou a receber precipita��o de alta intensidade no per�odo da tarde, o que for�ou o bloqueio de vias j� conhecidas como pontos de alagamento. Al�m da paci�ncia no tr�nsito, o tempo chuvoso deixou apreensivos moradores de BH ainda n�o refeitos dos desastres sofridos pela cidade em janeiro, quando 13 pessoas morreram, danos foram registrados em diferentes locais e o munic�pio registrou o maior �ndice pluviom�trico de sua hist�ria. E fevereiro caminha para o mesmo caminho, pelo menos com rela��o � quantidade de chuvas: tr�s das nove regionais j� bateram a m�dia hist�rica do m�s somente nos seis primeiros dias do m�s. Todas ultrapassaram a marca de 50% da mediana, com exce��o da Regi�o Norte (40%). A previs�o de hoje e do fim de semana? Mais pancadas que v�o fazem do guarda-chuva o acess�rio obrigat�rio para o belo-horizontino. E o risco geol�gico permanece at� s�bado, alerta a Defesa Civil.



Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nesta sexta-feira, o c�u ficar� nublado e haver� pancadas de chuva isoladas no per�odo da manh�. Durante a tarde, nublado a parcialmente nublado e, novamente, com pancadas de chuva, s� que dessa vez acompanhadas de trovoadas.

J� no per�odo da noite, quem quiser sair para curtir o in�cio do fim de semana n�o pode esquecer do guarda-chuva, j� que BH deve receber precipita��es isoladas. A temperatura vai variar entre 18°C e 26°C, enquanto a umidade relativa do ar fica entre 65% e 100%.

No fim de semana, a situa��o n�o deve mudar em Belo Horizonte. A m�nima de s�bado e domingo � de 18°C. A m�xima ser�, respectivamente, de 26°C e 28°C. Os dois dias ser�o de c�u parcialmente nublado com pancadas de chuva isoladas e trovoadas.

A chuva que j� estava prevista para esta quinta-feira chegou por volta das 13h em Belo Horizonte. De acordo com a Defesa Civil, houve registro de precipita��es fortes ou extremamente fortes em sete das nove regionais da cidade: apenas a Norte e Noroeste ficaram fora da lista. Na Regi�o Oeste do munic�pio, choveu mais que metade do esperado por m�s: 92,2 mil�metros (mm). A m�dia hist�rica de fevereiro – 181,4 mil�metros – j� foi batida por tr�s regi�es de BH: Barreiro (185mm), Centro-Sul (216,6mm) e a Oeste (214,6mm).

A dona de casa Marilda Gomes, de 52 anos, mora no Bairro Vista Alegre, no entorno da Avenida Tereza Cristina, e ficou apreensiva com a chuva da tarde de ontem. N�o era para menos. Ela teve a casa inundada tr�s vezes em duas semanas e por pouco n�o perdeu tudo mais uma vez. "Foi tenso como todas as outras vezes. A gente n�o dorme, n�o come. S� esperei a �gua entrar. Foi forte, mas menos do que os dias anteriores", disse. Ontem, o rio transbordou, mas n�o invadiu as casas nesse bairro. "J� perdi meu sof�, meus m�veis, meus tapetes. E n�o tem nada que eu possa fazer, s� esperar o pior. N�o consigo subir com tudo para o segundo andar, n�o consigo", lamentou. Ela pede provid�ncia da prefeitura: "Pago IPTU que, inclusive, aumentou este ano. Quero minhas coisas de volta", finalizou.

Na Regi�o Centro-Sul, o clima de tens�o s� aumenta com a constante chuva. A Pra�a Mar�lia de Dirceu, no Lourdes, foi devastada com a chuva de ter�a-feira da semana passada, dia 28. Carros foram arrastados pela enxurrada, com�rcios alagados e crateras se abriram no asfalto. O atendente de pastelaria Lucas Cardoso, de 19 anos, reviveu ontem a apreens�o com a chuva que come�ou no in�cio da tarde. Enquanto passava o rodo para limpar a chuva que invadiu a loja, ele ficou de olho nos carros da rua. “No caso de chover muito, a gente consegue avisar e as pessoas tiram o carro a tempo, espero”, disse. “Da outra vez, chegou a inundar. A gente fica com medo. E se n�o der tempo de algu�m sair? E se acontecer algo ainda pior?”, ele se pergunta.



A preocupa��o tamb�m n�o deu tr�gua aos moradores da Rua Engenheiro Zoroastro Torres, no Bairro Santo Ant�nio, que, ainda traumatizados com a tempestade de 28 de janeiro, se prepararam para o pior. O advogado Leonardo Thom�, morador de um pr�dio de quatro andares, disse que os vizinhos no primeiro andar tiveram que sair de casa e ainda n�o retornaram. “De madrugada est� dif�cil. �s vezes, quando vejo que est� chovendo, bate uma tens�o. Fico sempre naquela expectativa: ser� que vai acontecer de novo?”, disse. Os vizinhos chegaram a contratar maquin�rio para fazer a limpeza da lama que invadiu a rua nas �ltimas tempestades, mas o trabalho teve que ser interrompido por causa da chuva de ontem.



A garagem do pr�dio foi tomada pela enchente causada com o transbordamento da Barragem Santa L�cia e sete carros sofreram danos em 28 de janeiro. Os moradores questionam se a barragem teve vaz�o necess�ria antes de inundar a Avenida Prudente de Morais. “Poxa, est� vendo que est� enchendo? Solta a �gua. Mas n�o… Foi permitida a reten��o da �gua, a� ‘explode’, causa o caos que causou na ter�a-feira (dia 28)”, reclamou Thom�. Seu vizinho, que tem uma casa na mesma rua, teme por causa de uma galeria que est� entupida e as obras tiveram que parar enquanto chovia. “S� v�o liberar daqui a 10 dias. Sem isso n�o libera a vaz�o da lagoa”, acredita Paulo Caldas Martins Chagas.

O engenheiro eletricista avalia que teve um preju�zo de R$ 50 mil com equipamentos que perdeu depois que a enxurrada derrubou o muro de sua casa. “Ficou tudo cheio de lama, perdi tudo no meu escrit�rio, agora trabalho em outro lugar”, contou. Para se prevenir, ele levou sua m�e para morar temporariamente com o irm�o no Buritis. “Moramos s� eu e minha m�e. Ela teve c�ncer, passou por quimioterapia. N�o pode ficar aqui n�o. Se tivermos que correr com ela, como ser�?”, disse Paulo, que tamb�m deixou de dormir em seu quarto, que fica no fundo da casa, onde um barranco pode ceder a qualquer momento. “Quando chove de madrugada, vou dormir na sala. A situa��o ainda est� meio tenebrosa. Se cair uma chuva daquela que caiu, vai inundar de novo”, afirmou.

Durante o dia, as avenidas Vilarinho (Venda Nova), Tereza Cristina (Oeste e Barreiro), Senador Levindo Coelho (Barreiro), Francisco S� (Oeste), Prudente de Morais (Centro-Sul), M�rio Werneck (Oeste) e do Canal (Barreiro) foram bloqueadas por causa do risco de transbordamento dos c�rregos pr�ximos. Quase 20 mananciais ficaram perto de invadir vias em BH, segundo a Defesa Civil. S� em Venda Nova, 10 cursos d'�gua chegaram a essa condi��o, inclusive o Vilarinho, que historicamente traz problemas para os moradores em sua conflu�ncia com o C�rrego do Nado, nas proximidades do Shopping Esta��o BH. O Ribeir�o Arrudas transbordou sobre a Avenida Tereza Cristina, que foi interditada �s 14h30 e liberada somente �s 18h, duas horas depois da abertura do tr�fego em outros vias que tamb�m tinham sido bloqueadas. O problema ocorreu na altura do n�mero 320, em dire��o � Avenida Bar�o Homem de Melo.

O tr�nsito ficou travado em toda a cidade na tarde de ontem. Quem passou pela �rea central de BH precisou ter paci�ncia na volta da casa para o trabalho. O fluxo de ve�culos ficou lento na Avenida Amazonas, na altura do Bairro Prado. O tr�fego da Avenida dos Andradas, na altura do Bairro Santa Efig�nia, Regi�o Leste, tamb�m ficou retido.

A Avenida Professor M�rio Werneck, no Bairro Buritis, Regi�o Oeste da capital, foi fechada por causa do deslizamento de parte de um barranco, informou a BHTrans.