Minas registra queda na criminalidade, mas percep��o de inseguran�a continua

Apesar de toda a crise fiscal enfrentada por Minas, levantamento feito pela Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) aponta redu��o no n�mero de todos os 13 crimes analisados pelo observat�rio de Seguran�a P�blica. No entanto, os dados registrados ainda assustam quando verificados individualmente e a percep��o de inseguran�a da popula��o continua bastante alta.

Em rela��o aos homic�dios, a diminui��o foi de 19,05%. Por�m, apesar da alta redu��o, Minas ainda registrou 2.696 casos, quase oito por dia. Considerando a taxa por 100 mil habitantes, o n�mero alcan�ado � de 12,74 homic�dios. Um estudo da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) divulgado no �ltimo ano, mas com 2017 como refer�ncia, aponta que a m�dia global � de 6,1 homic�dios por 100 mil habitantes.

Outro �ndice que apresentou queda consider�vel foi o n�mero de estupros consumados (17,3%). No entanto, assim como nos homic�dios, o n�mero espanta. Ao todo, Minas Gerais registrou 1.214 estupros, uma m�dia de 3,4 por dia. 

O dado n�o leva em considera��o o �ndice de estupro de vulner�vel - menores de 14 anos, pessoas com defici�ncia mental ou qualquer indiv�duo que n�o possa oferecer resist�ncia. Nesse caso, os dados s�o ainda mais assustadores do que os anteriores, j� que foram registradas 3.089 ocorr�ncias, o que corresponde a 8,6 estupros por dia. 

J� o n�mero de roubos foi o que apresentou a menor queda, chegando a quase 30% em compara��o a 2018. Mesmo assim, ao todo, no estado foram registrados 53.988 ocorr�ncias, mais de 151 por dia.

    

A Secretaria de Seguran�a P�blica atribui a queda da criminalidade � integra��o das for�as de seguran�a, principalmente entre as pol�cias Militar e Civil.  

De acordo com o comandante-geral da Pol�cia Militar, coronel Giovanne Gomes, a redu��o do n�mero de crimes tamb�m tem rela��o direta com o investimento em tecnologias e a aproxima��o dos agentes de seguran�a com a popula��o.

“A corpora��o tem investido, por exemplo, em tecnologias, numa pol�cia de proximidade, valendo-se de pontos como bases de seguran�a comunit�ria, na visibilidade e ostensividade dos militares em pontos estrat�gicos”, explica.

J� para o membro do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, Robson S�vio, a queda da criminalidade segue a tend�ncia nacional acompanhada nos �ltimos anos. 

“A gente tem observado isso [red��o] em v�rios estados e isso tem refletido nos dados nacionais. A queda da criminalidade tem rela��o com as pol�ticas implementadas nos �ltimos 10 anos e, em Minas, isso come�a a dar efeito nos �ltimos tr�s anos.”

Assim como o comandante-geral da PM, S�vio tamb�m credita a diminui��o � aproxima��o dos policiais com a comunidade, como a Rede de Vizinhos Protegidos. Conforme dados apresentados no site da corpora��o, a iniciativa j� est� presente em mais de mil bairros e todo o estado. Em Belo Horizonte, j� s�o 70 mil pessoas fazendo parte da rede. Segundo a PM, a previs�o � ampliar para mais 100 mil pessoas at� o meio do ano.  

Apesar de os n�meros indicarem um ambiente mais seguro, a percep��o da popula��o � de que os n�veis da criminalidade est�o subindo. De acordo com Robson S�vio, esse pensamento est� justamente ligado ao ainda alto n�mero de crimes. 

“Os indicadores ainda s�o muito altos se comparado aos indicadores internacionais. Mesmo a gente sabendo que esse indicador j� foi muito maior, as a��es soam insuficientes. Al�m disso, alguns outro indicadores aumentaram, como a viol�ncia contra a mulher. ”  

Por mais que, de acordo com o levantamento, o n�mero de estupros consumado tenha ca�do, S�vio aponta o contr�rio. Segundo ele, devido a preconceitos sociais, o crime ainda � subnotificado, o que gera uma desconfian�a quanto aos dados. 

“H� estudos no Brasil que diz que apenas 10% dos estupros s�o notificados �s autoridades, juntamente pelo fato de as mulheres serem muitas vezes julgadas pelo crime em que foram v�tima. Al�m disso, todo mundo conhece algu�m que j� foi assaltado ou que j� sofreu viol�ncia e isso contribui para essa percep��o.”

No entanto, o pesquisador se preocupa quanto ao futuro desses �ndices, principalmente devido a pol�ticas p�blicas anunciadas pelos governos atuais, tanto federal quanto estadual. 

“Hoje n�s temos alguns sinais que s�o muito ruins e que podem estabilizar esse decr�scimo, como o incentivo � arma de fogo, a viol�ncia estatal e o n�o controle das ag�ncias de estado de seguran�a p�blica e a chamada excludente de ilicitude.”