
Em tempos de chuvas recordes, rios, c�rregos e lagos v�m mostrando sua for�a em v�rias cidades mineiras. Em Belo Horizonte, que enfrentou destrui��o em janeiro, quando v�rios de seus cursos d'�gua escondidos sob o asfalto vieram � tona, uma iniciativa de origem ainda misteriosa chama a aten��o de quem transita pelas ruas do Bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul, uma das mais afetadas pelos estragos no primeiro m�s do ano. Placas brancas fixadas em algumas esquinas sinalizam que por ali passa o C�rrego Leit�o, um dos cursos d’�gua que foram canalizados durante o processo de urbaniza��o da capital mineira. J� em Lagoa Santa, na regi�o metropolitana da capital, o alerta vem da pr�pria natureza, com o aumento do n�vel do reservat�rio que d� nome e � refer�ncia na cidade.
“A Placa � indevida, os moradores at� se irritaram com a substitui��o do nome das ruas. Mas essas placas indicam que, nas galerias internas daquelas ruas, passa o C�rrego do Leit�o, que a enchente que aconteceu aqui no Bairro de Lourdes foi decorrente do transbordamento das �guas desse curso d'�gua”, conta L�cia Rocha, presidente de uma das associa��es comunit�rias locais.
O percurso do c�rrego � onde ocorreu uma das maiores enchentes da hist�ria do bairro, que tem um dos metros quadrados mais caros de Belo Horizonte. Na noite de 28 de janeiro, ruas foram completamente alagadas e estabelecimentos foram destru�dos devido � enorme quantidade de chuva registrada em pouco mais de tr�s horas, durante as quais a capital recebeu mais da metade da precipita��o total esperada para o m�s.
P�s-enchentes
Depois da forte chuva, as ruas do bairro come�aram a ser reconstru�das, o que, inclusive, gerou queixas de parte da popula��o, que cobrou a mesma agilidade nos reparos em bairros fora da Regi�o Centro-Sul. Mas moradores do Lourdes tamb�m reclamam do tratamento recebido pelas duas associa��es que re�nem moradores e comerciantes do bairro.
O presidente da Associa��o da Pra�a Mar�lia de Dirceu e Adjac�ncias, Jeferson Rios, cobra uma audi�ncia do prefeito Alexandre Kalil com a comunidade, que, em reuni�o com 80 pessoas, elaborou uma carta com reivindica��es. “Queremos saber a raz�o de as galerias n�o terem sido limpas”, questiona.
Entre os pontos destacados na carta est� um projeto para proteger os bueiros com grades, o que segundo Rios, evitaria a entrada de entulho. “A associa��o aprovou isso e os pr�prios condom�nios seriam os respons�veis por implementar. Mas queremos um laudo t�cnico da prefeitura para avaliar”, explica.
Por fim, o presidente da associa��o reclama das interven��es da administra��o municipal sem consenso dos moradores e comerciantes da regi�o. Segundo Rios, duas �rvores centen�rias foram cortadas na Pra�a Mar�lia de Dirceu. “Est�o suprimindo �rvores, mas n�o falaram nada conosco. O que eu ouvi de terceiros � que as ra�zes estavam afetando as galerias”, diz.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que durante o ano de 2019, a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) fizeram a limpeza de galerias pluviais e fluviais em toda a cidade. “A poda e supress�o de �rvores obedecem a crit�rios t�cnicos e s�o suprimidas somente as que t�m risco de queda”, acrescentou a administra��o.
Segundo dados de 2017 da Sudecap, ao longo do projeto de urbaniza��o de BH foram canalizados ou revestidos 208 quil�metros de cursos d’�gua, sendo 79% em canal fechado.
Flutuantes

Quem passa pelo Centro de Lagoa Santa, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, tamb�m testemunha reflexos das chuvas que afetam praticamente todas as regi�es de Minas nas �ltimas semanas. Segundo a prefeitura, o munic�pio j� acumula tr�s dias seguidos de precipita��o intensa. Com isso, a lagoa que deu origem ao nome da cidade subiu, quase fazendo submergir o p�er do tradicional Iate Clube.
Apesar do aumento do volume, a administra��o municipal garante que ainda n�o h� risco de transbordamento do lago. De acordo com a prefeitura, o p�er do Iate Clube est� sendo recuperado para ser mais uma �rea de lazer na borda da lagoa principal da cidade, e n�o teve sua estrutura afetada. A cheia, por�m, vem divertindo visitantes, que caminham sobre a plataforma quase submersa, o que � dist�ncia d� a impress�o de estarem flutuando sobre a �gua. * Estagi�rio sob supervis�o do editor Roney Garcia