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Estado de Minas COVID-19

Lazer suspenso, medo at� no aperto de m�o: brasileiros encaram o coronav�rus na Europa

Rep�rter relata ao EM como naturais de Minas e de outros estados do pa�s v�m enfrentado restri��es e apreens�o diante do COVID-19, especialmente na It�lia e na Fran�a, que t�m mais infectados


postado em 11/03/2020 06:00 / atualizado em 11/03/2020 07:38

Policiais com máscaras na Itália: mineiro relata que a regra é só sair para o trabalho e diz que o nível de temor com a disseminação do vírus aumenta no país(foto: Miguel Medina/AFP)
Policiais com m�scaras na It�lia: mineiro relata que a regra � s� sair para o trabalho e diz que o n�vel de temor com a dissemina��o do v�rus aumenta no pa�s (foto: Miguel Medina/AFP)


Avignon (Fran�a) – Com os 27 pa�ses da Uni�o Europeia tomados pela amea�a do coronav�rus, dois dos principais destinos de brasileiros s�o tamb�m os mais afetados no Velho Continente. Juntas, It�lia e Fran�a somam quase 12 mil casos confirmados e 664 mortes, tornando-se ilhas de incerteza para mineiros que escolheram essas na��es para viver em fam�lia ou estudar. Sob o peso de medidas dr�sticas ou na expectativa de novas condutas nos pr�ximos dias, filhos das Gerais e de outros estados brasileiros relatam a rotina de apreens�es, al�m do temor pela fam�lia que ficou no Brasil, onde j� h� 34 casos confirmados e 893 suspeitos.

Eventos est�o sendo cancelados e fronteiras v�m se fechando, bem como escolas de v�rios pa�ses, como Espanha (em Madri), Gr�cia e It�lia. Com 10.149 casos confirmados, a It�lia � o pa�s mais afetado depois da China. S�o 631 mortes, tendo ontem � noite batido o recorde: 168 novos �bitos num per�odo de apenas 24 horas. Anteontem, o governo endureceu as regras e determinou o confinamento em todo o pa�s. Os estabelecimentos de ensino j� estavam fechados at� o pr�ximo dia 15.
 
Natural de Belo Horizonte, o especialista em bio�tica Alexandre Resende, de 53 anos, vive h� mais de 30 na It�lia e pela primeira vez se v� diante de restri��es. Ele mora em Turim, pr�ximo � Lombardia, regi�o mais afetada pela doen�a em territ�rio italiano. Antes desfrutando da rotina em uma cidade cuja situa��o era considerada tranquila, agora ele enfrenta a condi��o de sair s� mesmo para o trabalho. “Essa medida foi a mais correta. O problema � que muitos italianos n�o absorveram ainda algumas regras importantes, como evitar sa�das desnecess�rias. Se o gr�fico (da doen�a) n�o diminuir ou se estabilizar, as regras poder�o ser ainda mais severas.”
 
Resende conta que o cotidiano j� havia sido alterado, por mais que os moradores queiram manter um tom de normalidade. “As pessoas come�am a ter uma certa desconfian�a. Voc� v� no seu pr�ximo um potencial transmissor do v�rus”, afirma. Ele se emociona com as cenas que viu na televis�o, nas zonas do pa�s onde ningu�m entra, ningu�m sai. “Vi situa��es chocantes, como um pai levando comida para a filha e sendo obrigado a deixar tudo numa linha vigiada pela pol�cia, para ela pegar na sequ�ncia”, diz.
 
Diante do quadro, Alexandre Resende acha que as medidas b�sicas, como lavar as m�os regularmente, n�o podem ser esquecidas. “Evito apertos de m�os, mas, �s vezes, instintivamente voc� faz. Est�o cancelando todos os shows. N�o podemos ir ao cinema. Aglomera��es est�o proibidas”, conta. “E em meio a tudo isso, a It�lia vive um momento delicado em n�vel pol�tico e social, que complica ainda mais a situa��o”, relata.

Na Fran�a


Alexandre Resende, especialista em bioética, natural de BH, que reforçou as medidas de prevenção. Ele vive há mais de 30 anos na Itália:
Alexandre Resende, especialista em bio�tica, natural de BH, que refor�ou as medidas de preven��o. Ele vive h� mais de 30 anos na It�lia: "Vi situa��es chocantes, como um pai levando comida para a filha e sendo obrigado a deixar tudo numa linha vigiada pela pol�cia, para ela pegar na sequ�ncia" (foto: Gianni Pede/Divulga��o)
Estudante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Felipe Cerqueira Lyra, de 23 anos, tamb�m origin�rio de Belo Horizonte, est� no fim do curso de engenharia el�trica e faz interc�mbio pela universidade numa institui��o de ensino em Paris h� um ano e meio. Ele acha que uma certa paranoia come�a a tomar conta da popula��o, mas sem mudan�a radical de h�bitos. “As medidas tomadas pelo governo e pela universidade s�o apropriadas. Tendem a diminuir a possibilidade de a doen�a se espalhar, embora n�o a impe�a”, diz. “Eu j� tinha o h�bito de lavar as m�os v�rias vezes, ent�o n�o mudei nada. Triste � o que tem ocorrido, sobretudo, com os asi�ticos. Tenho colegas chineses que reportaram terem presenciado pessoas se afastarem de asi�ticos ou mesmo insult�-los.”
 
Brasileiros que vivem na Fran�a assistiram aos casos come�arem a explodir na �ltima semana de fevereiro e, de um dia para o outro, os n�meros aumentam numa propor��o impressionante. A advogada franco-brasileira Manuela Cambe Diniz, de 42, que deixou o Rio de Janeiro h� oito meses com o marido e os dois filhos para morar em Avignon, na Regi�o da Proven�a, no Sul do pa�s, onde vive sua fam�lia materna, j� sente o peso do coronav�rus. Ela trabalha no Tribunal de Justi�a da cidade, onde cartazes foram afixados proibindo abra�os e apertos de m�os. Frascos de �lcool em gel tamb�m foram disponibilizados para os funcion�rios. “Festejamos na semana passada o anivers�rio de uma colega na hora do almo�o. Demos presentes, mas nenhum beijo nela”, conta.
 
Uma temporada do filho em Londres, programa da escola previsto para maio, foi cancelada. A m�e dela, que est� no Brasil, tinha viagem marcada para a Fran�a e It�lia. J� suspendeu os planos. “Apesar de tudo, tenho muito mais medo pela fam�lia e os amigos que est�o no Brasil que por n�s. Aqui, as respostas est�o sendo dadas. L�, o sistema p�blico talvez n�o consiga fazer as barreiras sanit�rias”, considera.
 
O pa�s da alta gastronomia acumulou, em 2017, segundo os �ltimos dados disponibilizados pela Ag�ncia de Desenvolvimento Tur�stico da Fran�a (Atout France), 1,93 milh�o de entradas e 700 mil turistas brasileiros. A Latam, que suspendeu seus voos para Mil�o (It�lia), tem uma rota di�ria entre S�o Paulo e Paris, ainda n�o tomou medida semelhante em rela��o � Fran�a, mas informou, por meio da assessoria de imprensa, que “est� atenta ao cen�rio de propaga��o do v�rus e segue operando seus demais voos programados para outros destinos”.

213 suspeitos em Minas


Subiu para 213 o n�mero de casos suspeitos de infec��o pelo novo coronav�rus (COVID-19) investigados pela Secretaria de Estado da Sa�de em Minas – um aumento de 52 em rela��o ao levantamento de anterior, de segunda-feira. De acordo com o informe epidemiol�gico, foram descartadas 29 suspeitas da doen�a. O estado tem 42 cidades com casos suspeitos, de acordo com o balan�o da SES. O acompanhamento dos mineiros com suspeita da enfermidade mostra que a maioria apresenta hist�rico de viagem para pa�ses com circula��o do novo coronav�rus, como It�lia, Fran�a, Inglaterra e Portugal.

Depoimento - O temor em primeira pessoa

Na porta da escola, os pais n�o se cumprimentam mais com abra�os e apertos de m�o

 
  
“Cheguei com a fam�lia � Fran�a no fim de dezembro. Confesso que s� comecei a me preocupar com o coronav�rus na �ltima semana de fevereiro, quando os casos come�aram a aumentar drasticamente de um dia para outro por aqui. As crian�as estavam em f�rias de inverno, e a�, j� n�o mais sa� para o parque de divers�es, pra�as nem cinema, mesmo estando no Sul do pa�s, na regi�o da Provence, 'longe' das cidades foco. Lavar as m�os ao voltar da rua sempre foi uma obsess�o minha. Agora, se pudesse carregar a pia comigo, o faria. A cada vez que entro no elevador ou abro a porta do pr�dio tenho a impress�o de confrontar o v�rus.

 
Na volta �s aulas, vi de perto a medida tomada em todas as escolas e universidades do pa�s: bilhetes refor�ando as condutas de higiene e pedindo a quem tivesse viajado para alguma zona end�mica, dentro ou fora do pa�s, que informasse imediatamente. E o medo de algum coleguinha dos meninos ter viajado e, mesmo assim, estar em sala de aula? Na porta da escola, os pais n�o se cumprimentam mais com abra�os e apertos de m�o. Minha vizinha de frente e a corretora de im�veis adotam a mesma postura. Acompanho as coletivas de imprensa morrendo de medo das novidades, sobretudo por ter duas crian�as em casa.
 
Quer�amos comprar m�scaras, mas, depois de percorrer cinco farm�cias, desistimos. H� uma esp�cie de paranoia, mas � interessante como, apesar do medo, todos conseguem levar a vida normalmente. As medidas do governo me passam seguran�a. Tenho achado eficaz a barreira sanit�ria – logicamente, ela n�o impede a propaga��o do v�rus, mas diminui muito os riscos. Diante de uma epidemia iminente, acho incr�vel como ainda est�o conseguindo segurar a situa��o. Sobretudo, diante de uma crise de m�dicos.
 
A Fran�a, um dos pa�ses mais avan�ado em termos de sa�de, n�o tem profissionais suficientes para atender � popula��o (e isso n�o tem nada a ver com o coronav�rus). Ocorre porque h� uma gera��o de m�dicos se aposentando agora e o n�mero de formandos n�o � suficiente para cobrir o territ�rio. Na Fran�a, o ensino de medicina � p�blico. O privado � proibido por lei. Em 2019, foi autorizado aumento no n�mero de vagas nas faculdades, mas os efeitos s� ser�o sentidos daqui a anos. Por causa do coronav�rus, horas-extras foram autorizadas ao pessoal de sa�de e aposentados talvez sejam convocados. Os hospitais est�o preparados para o pior, sem esquecer as outras doen�as. Por isso tanto zelo: n�o ter como tratar os pacientes � algo impens�vel por aqui.” (J�nia Oliveira)


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