Pessoas com o c�ncer ativo passam a ser consideradas com maior risco de infec��o pelo COVID-19. Portanto, a aten��o precisa ser redobrada. Segundo o oncologista da Oncomed Leandro Ramos, � preciso diferenciar pessoas que j� tiveram o c�ncer, fizeram o tratamento e est�o curadas, daquelas que t�m a doen�a ativa no organismo. “Pacientes que est�o clinicamente est�veis n�o t�m riscos superiores ao da popula��o geral. O perigo maior � para as pessoas que tem o c�ncer em atividade, seja no pulm�o, no f�gado, nos ossos e que, por isso, est�o em tratamento. Isso tudo debilita o organismo.”
Um estudo publicado pela revista cient�fica The Lancet, a fim de analisar a rela��o do novo coronav�rus com o c�ncer, avaliou 1.590 casos da doen�a at� o fim de janeiro deste ano. Desses, 18 foram constatados com algum hist�rico oncol�gico, sendo em sua maioria, 75%, pacientes em tratamentos de intera��o curativa.
Andr� Murad, oncologista e p�s-doutor em gen�tica, explica que a predisposi��o de pessoas em tratamento oncol�gico � contra��o do novo coronav�rus se d�, principalmente, pelo comprometimento da funcionalidade do sistema imunol�gico. “A quimioterapia ou radioterapia atua diminuindo a fun��o e, muitas vezes, a quantidade das c�lulas de defesa no organismo. C�lulas essas que s�o de extrema import�ncia ao combate de doen�as.”
Al�m disso, Murad ressalta que, em alguns casos, o pr�prio c�ncer pode debilitar e comprometer o organismo. “O c�ncer hematol�gico, como leucemia e linfomas, tamb�m altera as c�lulas. Assim, tanto a doen�a em si quanto os tratamentos destinados � sua cura podem influenciar negativamente e colocar essas pessoas em risco frente � epidemia.”
Cuidados
Diante desse quadro, Ramos explica que, devido ao risco, as pessoas em tratamento de c�ncer precisam ficar ainda mais atentas �s medidas protetivas, a fim de evitar a infec��o e outras doen�as de alto �ndice de gravidade. “Com o retardo do sistema imunol�gico, � poss�vel que o organismo n�o combata adequadamente a doen�a, aumentando o risco de morte. Portanto, o grande cuidado deve ser evitar o contato f�sico”, completa.
Al�m dos cuidados habituais, como lavar as m�os frequentemente, ingest�o de l�quidos, uso de �lcool em gel e m�scaras, evitar aglomera��es e lugares fechados, o contato m�dico-paciente e o atendimento em prontos-socorros devem ser feitos mediante muita aten��o pelas pessoas em tratamento oncol�gico. “� importante evitar o pronto atendimentos das institui��es, a n�o ser que o paciente apresente sintomatologia condizente ao COVID-19, como febre alta, tosse seca e falta de ar. Em casos de sintomas leves, � prefer�vel contatar o oncologista que trate daquele pessoa, para se informar sobre a necessidade de um atendimento imediato ou de alguma medida especial”, alerta Ramos.
"A quimioterapia ou radioterapia atua diminuindo a fun��o e, muitas vezes, a quantidade das c�lulas de defesa no organismo. C�lulas essas que s�o de extrema import�ncia ao combate de doen�as."
M�rio Murad, oncologista e p�s-doutor em gen�tica
No entanto, nesses casos, Mozar de Castro Neto, m�dico infectologista do Hospital Fel�cio Rocho, afirma que a forma de manejo dos pacientes segue as recomenda��es emitidas pelos �rg�os reguladores. “� feita uma abordagem segregada para que esses pacientes, nos prontos atendimentos, tenham o m�nimo de contato com outros pacientes em sala de espera, protegendo-os e colocando-os em salas privativas para que a parte cl�nica seja avaliada.”
Ramos ressalta que, mesmo com a imunodefici�ncia provocada pela quimioterapia ou, at� mesmo, pela radioterapia, o tratamento, seja de intera��o curativa ou preventiva, deve ser mantido, visto que, ao ser interrompido, a efic�cia se perde e a doen�a pode voltar a se desenvolver ou reaparecer. “As pessoas podem entrar em p�nico devido � fragilidade do sistema imunol�gico provocada pelos tratamentos e tentar paralisar o tratamento para diminuir essa interfer�ncia. No entanto, isso n�o deve ser feito. � o m�dico, o oncologista, que vai definir pela suspens�o ou n�o.”
C�ncer de mama
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alertou sobre os riscos a pacientes em tratamentos oncol�gicos mam�rios e refor�ou a necessidade de aumentar os cuidados, a fim de evitar a infec��o pelo COVID-19, como usar pap�is para tocar objetos p�blicos, evitar visitas a idosos e, tamb�m, contatos f�sicos e cumprimentos. Al�m disso, o site informa que mulheres j� curadas e em tratamento de hormonioterapia s�o consideradas com sa�de normal e devem seguir a preven��o da popula��o em geral.
Aos pacientes com c�ncer
>> Evitar contato f�sico, como cumprimentar com beijos e abra�os
>> Evitar contato com qualquer pessoa que tenha sintomas gripais, que esteja em investiga��o para poss�vel infec��o pela COVID-19 ou que estejam chegando do exterior, com ou sem sintomas gripais
>>Caso apresente sintomas como, febre, coriza, tosse seca, falta de ar, contate seu m�dico
>> Permane�a somente o tempo necess�rio em ambiente hospitalar e evite contato f�sico direto, mesmo com o seu m�dico e a equipe de sa�de
>> Pacientes que v�o a um centro de tratamento oncol�gico devem ir acompanhados de apenas uma pessoa, e este acompanhante n�o pode apresentar nenhum sintoma de gripe
>> Visitas hospitalares devem se restringir �quelas estritamente necess�rias.
>> A familiares e popula��o de forma geral
>> Manter a higiene das m�os, lavando-as com sabonete por pelo menos 40-60 segundos ou higienizando-as com �lcool em gel 70% por 20-30 segundos, diversas vezes ao dia
>> Cobrir com o antebra�o o nariz e boca ao tossir ou espirrar
>> Evitar ambientes fechados, como academias e shopping centers, e principalmente aglomera��es. Eventos com grande p�blico est�o sendo cancelados e desencorajados em todo o mundo
>> S� tem indica��o de realizar o exame para diagn�stico de COVID-19, neste momento, quem apresentar sintomas suspeitos, tiver entrado em contato com caso suspeito ou confirmado e tiver sintomas e hist�rico de viagem ao exterior nos �ltimos 14 dias
>> Parentes ou pessoas pr�ximas de pacientes com c�ncer devem evitar contato com eles caso apresentem qualquer sintoma suspeito de gripe ou contato com terceiros que tenham sintomas ou infec��o confirmada
>> Medidas adotadas sem orienta��o m�dica, como uso indiscriminado de vitaminas C e D, e outras modalidades n�o comprovadas, al�m de ineficazes, podem trazer risco severo � sa�de.
* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram
O que � o Coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (Covid-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas semelhantes aos resfriados ou gripes leves.
Como o Covid-19 � transmitido?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra o Covid-19.
Quais os sintomas do Coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pelo Covid-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarr�ia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o do Covid-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo:
- O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus?
- O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante?
- Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras?
- A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos?
Fizemos uma mat�ria com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.