Esperan�a: filho de mineira nasce na Inglaterra em meio � pandemia

Em meio a tantas not�cias alarmantes, a esperan�a surge no nascimento de uma crian�a. Essa � a hist�ria do pequeno Lucas, filho da mineira Camila Aguiar. O menino nasceu nesta quinta-feira (26), neste per�odo de pandemia do novo coronav�rus, em Peterborough, na Inglaterra, e chegou trazendo a expectativa de dias melhores.

A fam�lia, que com o passar do tempo se dividiu em tr�s continentes, foi impedida de participar do parto. Isso porque a Europa � um dos principais epicentros da COVID-19. At� o momento, s�o mais de 220 mil casos do v�rus relatados no continente, al�m de 11.987 mortes. Isso significa que, globalmente, cerca de seis em cada 10 casos e sete em cada 10 mortes foram relatados na Europa, com mais de 500 mil infec��es confirmadas em todo o mundo.

Carolina Aguiar, irm� de Camila, fez quest�o de ressaltar que este �, sem d�vida, um momento incr�vel. "Fico bem triste de n�o poder ter ido, ainda mais pelo fato de que minha irm� est� passando por tudo isso sem nosso apoio presencial. Mas, ao mesmo tempo, vejo que pela primeira vez o mundo inteiro est� unido visando o bem comum e, de certa forma, estou contente que tenho a oportunidade de fazer minha parte e ficar em casa”, conta.

Carolina vive nos Estados Unidos com a esposa e foi escolhida para ser a madrinha da crian�a. “Ningu�m dormiu. At� tentamos, mas acordamos de hora em hora para checar as mensagens e saber da Camila e do Luquinhas. Foi o Lewis (pai do Lucas) que deu a not�cia  da chegada dele no grupo da fam�lia com uma foto”, diz. “Eu n�o sabia se ria, se chorava, se ligava pra minha irm�, para o meu pai ou minha m�e. Cada um da fam�lia em um lugar diferente. Foi uma loucura”, comenta.

Na �ltima ter�a-feira, Camila teve que se isolar no Peterborough City Hospital, que fica a 137 quil�metros de Londres. A recomenda��o m�dica era para que o parto fosse realizado sem preju�zo para o beb�. Nem mesmo o marido, o brit�nico Lewis Lennard, pode acompanh�-la. Foi apenas na manh� de quinta-feira que Lennard recebeu o aval dos m�dicos para participar da cesariana, que deu � luz Lucas.

O engenheiro eletr�nico conta que a experi�ncia de ser pai em meio a uma pandemia n�o � f�cil. “Acho que essa � a primeira vez que as pessoas s�o proibidas de visitar hospitais. A situa��o da minha esposa � grave, quatro dias dentro de um hospital, isolada em um pa�s estrangeiro”, diz. “Eu me sinto meio assustado, porque � dif�cil imaginar ser pai no meio de uma pandemia. Os supermercados est�o vazios e os suplementos essenciais para as crian�as est�o em falta, porque as pessoas entraram em desespero e compraram todos os  estoques”, explica.

Como o novo coronav�rus se espalhou por todo o continente, muitos pa�ses europeus adotaram medidas severas para conter o surto, incluindo a imposi��o de a��es de bloqueio e fechamento de empresas e fronteiras, al�m de limitar as reuni�es p�blicas.

Na �ltima segunda-feira (23), o Reino Unido proibiu reuni�es de mais de duas pessoas nas ruas, fechou todas as lojas n�o essenciais (entre as exce��es est�o supermercados, lojas de comida e farm�cias) e limitou exerc�cios f�sicos a uma vez por dia. Todos os eventos sociais est�o proibidos, inclusive casamentos e batismos. A pol�cia poder� dissolver reuni�es e multar quem desobedecer as regras.

A av� materna Cristina Aguiar conta que resolveu adiantar a passagem quando viu que os pa�ses estavam prestes a fechar as fronteiras. A belo-horizontina embarcou, ent�o, no dia 16, mas n�o conseguiu levar o marido, Eduardo Ferreira. O advogado � diab�tico e por isso pertence ao grupo de risco. Ela ressalta que � muito dif�cil estar na Inglaterra e mesmo assim n�o poder sair para ver o neto. “Queria ensinar minha filha a amamentar, a trocar a primeira fralda, a ser m�e… � complicado. Ainda mais sem meu marido aqui.”

Eduardo est� em isolamento social. O advogado diz que n�o achou que a medida seria t�o dif�cil de ser cumprida. “Estou de quarentena aqui em Belo Horizonte desde s�bado (14). � inimagin�vel ficar 15 dias em casa sem poder sair”, conta. “� dif�cil n�o poder estar l� para ver o nascimento do meu neto, mas sei que nosso problema � m�nimo perto de tudo o que est� acontecendo no mundo.”

Como est�o proibidos de viajar e entrar no hospital onde Camila e Lucas est�o, a maioria dos familiares s� pode ver o rosto da crian�a pela primeira vez pela tela do celular.

“Fiquei muito emocionado. Foi maravilhoso, mas nada se compara a estar l�. A primeira coisa que eu vou fazer quando tudo isso passar � ir ver meu neto.  Mas entendo que agora � importante ficar em casa”, conta o av�.

O nascimento de Lucas trouxe junto com ele a esperan�a de dias melhores. O pai, os av�s e a tia enxergam um futuro melhor para a crian�a que nasceu em uma �poca t�o triste.

“Quando o Lucas crescer, vamos contar para ele que o mundo estava um caos quando ele nasceu, mas que as pessoas unidas conseguiram passar por tudo isso e colocar suas prioridades no lugar certo. Ele vai aprender que cada pessoa � importante, tem voz e um papel”, afirma a madrinha Carolina.

A av� tamb�m compartilha da mesma ideia. “O coronav�rus mudou nossa vida para todo o sempre. Ele nos ensinou os verdadeiros valores que estavam esquecidos h� muito tempo, como, por exemplo, a import�ncia de um abra�o. O Lucas � nosso pequeno sopro de vida, que veio para nos dar esperan�a”, diz.

 

*A estagi�ria est� sob supervis�o da sub-editora Ellen Cristie. 

 

 

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus: qual � a diferen�a entre isolamento e quarentena?