A mineira Renata Marques e o marido, o m�dico Deiler Jeunon, estavam na �frica do Sul a passeio. Foram a um parque, o Kruger National Park como parte da comemora��o do anivers�rio dela, no pr�ximo dia 29. S� que o que deveria ser s� alegria e divers�o, acabou se transformando num pesadelo.
“A gente estava no parque, hospedados l�, quando chegou a not�cia do coronav�rus. Tivemos de alugar um carro, para nos trazer para Johanesburgo, e ainda pagar o motorista, pois dirigir aqui � perigoso, ainda mais que o tr�nsito � em m�o inglesa, totalmente o oposto do Brasil. Chegamos aqui e viemos para um hotel, que est� garantido at� o pr�ximo dia 31, quando est� marcado o nosso voo. Mas n�o sabemos se houver um novo cancelamento, como vamos ficar”, diz Renata.
Segundo ela, o casal deveria ter voltado ao Brasil no dia 23, pela Latam, voo cancelado e remarcado para ontem, tendo sido novamente cancelado. Agora, est�o agendados para voar de volta para casa ter�a-feira. “Esperamos que realmente aconte�a.”
Renata reclama que a Latam n�o se preocupou em pagar o hotel para ela e o marido. Eles est�o arcando com as despesas.
“Temos um caf� da manh� muito ruim, racionado. N�o nos d�o almo�o e nem jantar. Temos de comprar comida. O pior � que se tivermos que permanecer aqui, caso o voo seja cancelado, n�o temos condi��es de arcar com os pre�os, pois j� nos adiantaram que v�o cobrar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por pessoa, dependendo do servi�o, caf� da manh�, almo�o e jantar. N�o sabemos o que vai acontecer. Estamos com medo.”
Ela relata ainda que ela e Deiler est�o confinados no hotel. “O estrangeiro n�o pode sair �s ruas aqui em Johanesburgo. Tem um carro de pol�cia parado na porta do hotel, que impede que a gente v� � rua. Tem outro casal de brasileiros que est� aqui no nosso hotel. J� n�o tem mais dinheiro nem para pagar a �gua mineral. Est�o pegando �gua da torneira e fervendo para beber.”
O �nico alento, segundo Renata � o informe, via Whatsapp, no grupo montado pela embaixada brasileira. “Eles nos informaram que est�o negociando com o governo da �frica do Sul. O nosso medo � se existe uma quest�o pol�tica nesse caso. Esse o medo maior de n�s brasileiros que estamos aqui.”
Dificuldades na Cidade do Cabo
Na Cidade do Cabo (Cape Town), a advogada Marina Machado conta que a situa��o piora a cada dia. “Agora, eu e meu marido n�o podemos mais sair na rua. Ou vai um ou vai outro. As ruas est�o desertas. A pol�cia est� parando todo mundo. Para sair, temos de provar que vamos � farm�cia ou ao supermercado. Est� cada vez mais dif�cil.”
A exemplo de Renata, Marina conta que tamb�m recebeu o informe da embaixada brasileira sobre a possibilidade do voo no dia 31. “Torcemos para que d� certo. S� que temos outro problema: como vamos para Johanesburgo? Questionamos a embaixada, pelo grupo, mas n�o falam nada sobre esse assunto, a nossa retirada. S�o 1.200 quil�metros. E estamos impedidos de pegar t�xi ou Uber. N�o tem como.”
Itamaraty
Este o informe do Itamaraty: “A Embaixada do Brasil em Pret�ria e o Consulado Geral na Cidade do Cabo t�m conhecimento da situa��o dos brasileiros retidos nesta �ltima cidade, em decorr�ncia das medidas de isolamento decretadas pelo governo sul-africano. Negocia��es com o governo e com as companhias a�reas est�o em andamento para viabilizar solu��o que permita a todos os nacionais n�o residentes retidos na �frica do Sul o mais r�pido retorno poss�vel ao Brasil. Recomenda-se aos brasileiros na Cidade do Cabo, que ainda n�o o tiverem feito, contatar o Consulado o mais rapidamente poss�vel para inform�-los da situa��o.”
Em Portugal
N�o s� os brasileiros que est�o na �frica do Sul enfrentam dificuldades. Quem est� em Portugal, tamb�m. Al�m de passar por dificuldades, os brasileiros denunciam abuso da empresa A�rea Latam, que vende passagens inexistentes.
Gestor no Brasil, mas que trabalha como pintor em Lisboa, Gabriel Mendes, de 32 anos, fala em fome e descaso da Latam. “A empresa vende o bilhete. Voc� entra no site, faz a compra, conclui, informando pagamento e tudo mais. Mas logo depois, aparece que o voo est� cancelado e voc� fica com uma passagem que n�o vale nada.”
Gabriel diz que conseguiu confirmar um voo para 1º de abril, mas n�o tem certeza se o avi�o sair�. “Eu j� tinha programado o retorno ao Brasil para julho, mas com as not�cias do coronav�rus, resolvi antecipar minha volta. Mas estou com medo de n�o conseguir viajar.”
Ele tomou, inclusive, a decis�o de deixar a casa onde est�, para ir para o aeroporto e tentar se garantir num voo qualquer para o Brasil. “Estou indo para o aeroporto neste s�bado. O problema maior aqui � que n�o existem guich�s, como no Brasil. N�o tem como falar. O jeito � ir para o port�o de embarque da companhia e ficar l�.”
Gabriel conta ainda que brasileiros est�o passando fome em Portugal. “Tem gente sem dinheiro, que n�o tem o que comer. A situa��o � muito grave e n�o temos ajuda da embaixada brasileira.”
Ele diz ainda que o problema da falta de ajuda oficial � mais grave do que se possa imaginar. “A gente vai � embaixada e eles dizem que est�o fazendo o poss�vel, mas que est�o limitados, porque o governo brasileiro que deveria tomar decis�es, de ajudar quem est� fora, seu filhos, n�o faz nada, n�o autoriza nada. Esse descaso � o que mais preocupa.”
Desespero
Al�m de Gabriel, Diih Souza Fernandes � outra brasileira que enfrenta s�rios problemas, por estar gr�vida. “Acabei de comprar uma passagem de retorno ao Brasil, no site da Latam, e quando terminei de escolher os assentos, o voo foi, na mesma hora, cancelado. Eu gr�vida e com uma crian�a de 2 anos, voo para 2 de abril. Ningu�m est� vendo isso? Venda de passagem para voos que n�o v�o acontecer? Socorro. Preciso ir embora.”