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Estado de Minas

V�deo 360 graus: por dentro do laborat�rio da UFMG contra o coronav�rus

Apesar da falta de incentivo e cortes no or�amento, pesquisadores da UFMG trabalham incansavelmente para encontrar uma forma de conter o coronav�rus


29/03/2020 04:00 - atualizado 14/09/2020 10:52

Equipe de pesquisadores da UFMG no Laboratório de Vírus do Departamento de Ciências Biológicas(foto: Fred Bottrel/EM/D.A Press)
Equipe de pesquisadores da UFMG no Laborat�rio de V�rus do Departamento de Ci�ncias Biol�gicas (foto: Fred Bottrel/EM/D.A Press)
 

A peste negra, uma das mais devastadoras pandemias da hist�ria humana, se alastrou quando as fronteiras entre os pa�ses foram superadas por viajantes no s�culo 14, em plena Idade M�dia. O per�odo ficou conhecido como Idade das Trevas pelo obscurantismo. Na �poca, havia grande controle e persegui��o da igreja ao conhecimento cient�fico. No s�culo 21, outra pandemia volta a assustar a humanidade e para que n�o voltemos ao obscurantismo medieval que quase levou � dizima��o da humanidade, s� h� um caminho: a ci�ncia.


O Estado de Minas fez levantamento sobre as frentes de pesquisa das maiores institui��es do pa�s: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Bras�lia (UnB), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de S�o Paulo (USP) e Universidade Federal de Goi�s (UFG). Nesta primeira reportagem, apresentamos os esfor�os da UFMG.

 

 

 

Para demonstrar o trabalho de pesquisadores, que mesmo com cortes no or�amento trabalham incansavelmente para obten��o de testes r�pidos para diagn�stico e sequenciamento do genoma do v�rus, o EM produziu reportagem em 360 graus no Laborat�rio de V�rus do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas da UFMG. A atua��o dos cientistas, ainda mais neste momento, salvar� a vida de muitas pessoas no mundo. Em Minas, a pesquisa de ponta ocorre no c�mpus na Pampulha e os resultados j� s�o vistos em a��es concretas para barrar o avan�o do novo coronav�rus. Ao todo, a universidade j� faz 300 testes por dia – n�mero que deve aumentar.


Apesar da miss�o herc�lea diante da complexidade do novo v�rus, a universidade p�blica passa pelo maior estrangulamento de recursos da hist�ria brasileira. S� para se ter ideia, a maior universidade mineira ter� um corte de R$ 7 milh�es no or�amento de 2020 em compara��o ao de 2019.
 O Programa de P�s-gradua��o em Microbiologia do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB), que lida diretamente com a microbiologia, �rea do conhecimento fundamental para o desenvolvimento de vacinas, testes e medicamentos, perdeu nove bolsas de doutorado e seis de mestrado do ano passado pra c�. Vale lembrar que � um programa de excel�ncia com nota m�xima na Capes. Os cortes foram anunciados em 18 de mar�o. “Olha o contrassenso que estamos vivendo: numa crise causada por um micro-organismo, o coronav�rus, a Capes, � surdina, na calada da noite, subtrai nove bolsas de doutorado e seis de mestrado de um programa com nota m�xima”, diz o coordenador do programa, professor Fl�vio da Fonseca.


Mesmo nesse cen�rio adverso para a pesquisa e, �s vezes, tendo que tirar dinheiro do pr�prio bolso para continuar, os cientistas mineiros n�o param e se engajam num esfor�o mundial para derrotar o novo coronav�rus.

 

Victória Fulgêncio Queiroz, bióloga e estudante de doutorado:
Vict�ria Fulg�ncio Queiroz, bi�loga e estudante de doutorado: "� importante estar nessa posi��o. Sinto que � meu dever como bi�loga formada em uma universidade federal, p�blica, e como pesquisadora em doutorado" (foto: Fred Bottrel/EM/D.A Press)

 

 “� importante estar nessa posi��o. Sinto que � meu dever como bi�loga formada em uma universidade federal, p�blica, e como pesquisadora em doutorado. Tenho a no��o de que isso vai contribuir muito com o estudo nos n�meros de caso e acompanhamento do v�rus no Brasil. E, ao mesmo tempo, � muito desafiador, porque � um v�rus perigoso, lidaremos com amostras cl�nicas e temos de seguir protocolos corretos de biosseguran�a e trabalhar em equipe”, diz Vict�ria Fulg�ncio Queiroz, bi�loga e estudante de doutorado no laborat�rio.


No Brasil, as pesquisas cient�ficas s�o feitas em grande parte nas universidades p�blicas e em institui��es mantidas pelo estado, como FioCruz, Petrobras e Embrapa. A ci�ncia corre contra o tempo para dar resposta � pandemia do coronav�rus. No Brasil, a resposta tem que ser ainda mais r�pida: � gigantesco o n�mero de casos suspeitos, mas o processo de diagn�stico ainda � bem lento. Como n�o h� vacinas para a COVID-19, � preciso identificar as pessoas contaminadas para que possam receber o tratamento e tomar os cuidados para n�o transmitir o v�rus para outras pessoas. Nesse sentido, a testagem � fundamental para barrar o avan�o da doen�a.

Multidisciplinar

Na �ltima semana, mais de 30 cientistas da UFMG, incluindo pesquisadores das faculdades de Farm�cia e Medicina, da Veterin�ria e do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas, entre outras unidades, reuniram-se em videoconfer�ncia com o objetivo de tra�ar estrat�gias de apoio ao governo estadual no diagn�stico de casos suspeitos da infec��o pelo novo coronav�rus. “A UFMG tem se mobilizado para ajudar. Foi uma demanda da Secretaria de Estado da Sa�de. A Funed, que � nosso laborat�rio oficial, n�o est� dando conta da demanda e nos pediu ajuda. A UFMG est� se mobilizando para fazer uma frente �nica e ajudar o estado”, afirma o professor Jonatas Abrah�o, coordenador do Laborat�rio de V�rus. Devem contribuir para a testagem os laborat�rios do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas, Escola de Veterin�ria e Faculdade de Farm�cia.


A estimativa �, quando todos estiverem trabalhando com a autoriza��o da Anvisa, sejam feitos 300 testes por dia. A universidade tamb�m estuda parcerias com a Funda��o Ezequiel Dias (Funed) para ampliar o n�mero de testes. “Somos um laborat�rio de pesquisa de 60 anos. � um laborat�rio grande, com cinco professores, alunos de gradua��o e p�s-gradua��o s�o 45 pessoas. Nosso laborat�rio foi modificado, as salas, a ordem dos equipamentos, o fluxo para fazer diagn�stico da COVID-19. A equipe atual foi direcionada para o diagn�stico, professores e 12 alunos fazendo diagn�stico”, afirma Jonatas.


Outra a��o importante � a realiza��o de pesquisas para o desenvolvimento de testes r�pidos, que podem fazer o diagn�stico em menos tempo. A tecnologia que hoje o pa�s disp�e permite resultados em 48 horas, mas h� uma demora em fazer o n�mero de casos suspeitos, que cresce a cada dia.
Em m�dio e longo prazo, a tarefa urgente para os cientistas � o desenvolvimento de uma vacina, uma busca realizada por cientistas de todo o mundo. O primeiro passo � conhecer com precis�o o v�rus que circula no Brasil. Nessa dire��o, os pesquisadores da UFMG, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Laborat�rio Nacional de Computa��o Cient�fica (LNCC) sequenciaram os primeiros 19 genomas da doen�a em pacientes de cinco estados: Minas, S�o Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goi�s. Pesquisa de ponta, a a��o amplia a cobertura nacional da vigil�ncia gen�mica viral. “Os pesquisadores fizeram o sequenciamento em tempo recorde, em 48 horas”, informou a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida.

Respiradores  

A UFMG  ainda integra a Rede V�rus, composta por pesquisadores dos Minist�rios da Sa�de (MS) e da Ci�ncia, Tecnologia, Inova��es e Comunica��es (MCTIC). Docentes do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB) e da Faculdade de Farm�cia da UFMG est�o entre os pesquisadores convocados pelos minist�rios.  Outra a��o � a produ��o de respiradores, equipamento hospitalar essencial para o tratamento de pacientes com a COVID-19, que desenvolveram a s�ndrome respirat�ria e precisam da ajuda de equipamentos para respirar. A reitora informou que a universidade est� em di�logo com a Fiemg para a produ��o em escala dos equipamentos. A universidade tamb�m dever� produzir, em grande escala, m�scaras com a utiliza��o da tecnologia de impress�o 3D.


Trabalho �rduo em hospitais

Muita gente n�o sabe, mas a atua��o da universidade p�blica tem uma face muito vis�vel no dia a dia das pessoas. A UFMG gerencia tr�s grandes centros hospitalares, que atendem milhares de pessoas no estado: Hospital das Cl�nicas, Hospital Risoleta Neves e a UPA Centro-Sul. Neste momento, al�m das a��es j� em andamento, a Faculdade de Farm�cia e a Escola de Veterin�ria produzem �lcool em gel para os tr�s hospitais gerenciados pela universidade. “J� come�amos a produ��o e pretendemos mandar o m�ximo poss�vel para os hospitais”, informou a reitora. A universidade tamb�m realiza campanha nacional para arrecada��o de recursos para manuten��o desses hospitais.


A campanha de financiamento coletivo � uma parceria da universidade com o Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG) e a Funda��o de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Iniciada em 24 de mar�o, tem o prop�sito de arrecadar recursos para aquisi��o de medicamentos, insumos, equipamentos e contrata��o de servi�os destinados aos hospitais. Entre os materiais, est�o luvas, aventais, protetores faciais, m�scaras cir�rgicas, suportes de soro e materiais de limpeza, como desinfetantes, �lcool gel, papel toalha e medicamentos.


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