(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ENTREVISTA/FL�VIO FONSECA

UFMG na corrida pela descoberta da vacina

Professor revela que universidade est� engajada no trabalho cient�fico relacionado � COVID-19 e reclama da falta de apoio � pesquisa no Brasil


postado em 29/03/2020 04:00 / atualizado em 22/04/2020 10:37

Flávio Fonseca, virologista do Centro de Tecnologia em Vacina da UFMG e integrante do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus(foto: Arquivo pessoal)
Fl�vio Fonseca, virologista do Centro de Tecnologia em Vacina da UFMG e integrante do Comit� Permanente de Acompanhamento das A��es de Preven��o e Enfrentamento do Novo Coronav�rus (foto: Arquivo pessoal)
 

Quais s�o as a��es da UFMG para o enfrentamento da Covid-19?


H� muitas a��es nas �reas sociais, psicologia, apoio ao estudante, apoio ao profissional que est� no estrangeiro. Isso tudo acontecendo. Doa��o de luvas e material cl�nico para hospitais. Vou focar nas a��es de ci�ncia e sa�de focadas na crise da COVID-19. H� tr�s dias, terminamos todo o mapeamento de capacidade instalada dos pesquisadores das ci�ncias biol�gicas dentro da universidade. Fazer o teste da COVID-19, baseado no PCR, que est� sendo realizado no Brasil inteiro, h� tr�s laborat�rios que t�m capacidade instalada de fazer o teste, de imediato. O diagn�stico � um grande gargalo hoje. Os �rg�os oficiais n�o conseguem dar esse diagn�stico em tempo r�pido por causa do grande n�mero de amostras que est�o recebendo, o grande n�mero de exames que eles t�m que fazer. UFMG ofertou essa capacidade instalada e a compet�ncia dos seus pesquisadores para participar desse esfor�o de diagn�stico. No Hospital Risoleta Neves, j� iniciamos os testes de profissionais e pacientes. O mesmo com o Hospital das Cl�nicas. Hoje, tr�s laborat�rios j� est�o dando suporte ao diagn�stico. Ainda n�o conseguimos dar suporte ao diagn�stico da Funed no estado, porque h� entraves legais importantes, j� que os laborat�rios da universidade n�o s�o laborat�rios de diagn�stico cl�nico. N�o temos alvar� sanit�rio para isso. Mas, no momento de crise, n�s temos a compet�ncia para dar esse suporte.

E em rela��o �s vacinas e aos tratamentos? Quais pesquisas est�o em andamento?


A universidade j� come�ou o desenvolvimento de vacinas. Existe grande corrida mundial para se alcan�ar uma vacina e a universidade participa desse esfor�o mundial. H� esfor�o para gera��o de novas drogas e testes de drogas, como j� foi noticiado pela imprensa internacional. Tamb�m fazemos parte desse esfor�o, UFMG e outras universidades brasileiras. E tamb�m o desenvolvimento de novos sistemas sorol�gicos de diagn�stico, uma vez que a gente entende que o teste molecular, feito normalmente, demanda capacidade t�cnica muito elevada e essa � uma das raz�es na libera��o de resultados pelos �rg�os oficiais. Esses testes sorol�gicos seriam importantes para dar agilidade e amplitude, ampliar a capacidade de diagn�stico. O Minist�rio da Sa�de est� comprando parte desses testes sorol�gicos, mas � importante a nacionaliza��o desses testes, uma vez que a gente n�o sabe como vai ser a oferta deles no mercado internacional. O mundo inteiro est� querendo comprar. A UFMG est� profundamente engajada no desenvolvimento cient�fico relacionado � COVID-19.

 

"Situa��o contradit�ria: em momento de crise internacional em virtude de uma pandemia, instalam-se todos os olhares de ajuda e s�plica exatamente para a ci�ncia, que foi t�o vilipendiada e t�o ridicularizada no passado"

Fl�vio Fonseca

 

E qual � o cen�rio para que a universidade p�blica desenvolva pesquisas cient�ficas?


Paralelamente, a gente vive essa situa��o contradit�ria. A ci�ncia brasileira nunca esteve t�o desprestigiada, por a��es do pr�prio governo, e com t�o poucos recursos. No meio dessa crise, em 18 de mar�o, recebemos of�cio da Capes, respons�vel pelas bolsas de p�s-gradua��o no Brasil, cortando quatro bolsas de doutorado e mais duas de mestrado do nosso programa de microbiologia. Isso envolve exatamente professores pesquisadores e alunos que est�o diretamente envolvidos em estudos de doen�as infecciosas, como � o caso da Covid-19. No acumulado, perdemos nove bolsas do doutorado e seis bolsas do mestrado se comparar 2020 a 2019. A gente sabe que numa universidade a grande massa de trabalho do pesquisador � o estudante de p�s-gradua��o. O corte dessas bolsas representa um golpe dur�ssimo na capacidade dos laborat�rios em gerar pesquisa e gerar estudos. Estamos perdendo essa massa de trabalho. Os estudantes ficam desestimulados. O n�mero de estudantes entrando para fazer p�s-gradua��o em ci�ncia biol�gica, microbiologia, cai ano a ano por causa desse desprest�gio. Situa��o contradit�ria: em momento de crise internacional em virtude de uma pandemia, instalam-se todos os olhares de ajuda e s�plica exatamente para a ci�ncia, que foi t�o vilipendiada e t�o ridicularizada no passado. Agora, o governo come�a a disponibilizar recursos para tentar reaparelhar a ci�ncia para a gente dar uma resposta. Mas foram as pr�prias a��es governamentais que desestruturaram a ci�ncia brasileira.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)