
Restaurantes locais precisam se reinventar para sobreviver em meio � pandemia do coronav�rus. Uma grande campanha corre pela internet para que pessoas busquem pequenos estabelecimentos em vez de consumir de grandes empresas. Foi ent�o que cresceu exponencialmente o n�mero de servi�os delivery de refei��es em BH e no restante do pa�s. At� mesmo aplicativos do setor ofereceram desconto para incentivar a compra. Por�m, ap�s as primeiras semanas, muitos optaram por encerrar as atividades por completo – seja devido � inexperi�ncia com esse tipo de servi�o, seja pelas taxas cobradas por plataformas de entrega, seja pela falta de fornecedores ou, ainda, pela seguran�a dos funcion�rios. � um momento de busca de novas estrat�gias para manter o m�nimo do faturamento. Optar por produtos congelados e pelo uso de vouchers est� entre as alternativas encontradas por algumas das casas da capital.
O restaurante Zuzunely abriu as portas em agosto de 2018. O menu � pensado em comida afetiva, com base nas receitas das av�s da propriet�ria, que inspiraram o nome da casa (Zulmira e Nely), e nas influ�ncias do pai, que trabalha com cozinha asi�tica h� mais de 30 anos. Bruna Carvalho Haddad, de 26, dona e chef do restaurante do Bairro Serra, na Regi�o Centro-Sul de BH, adotou o servi�o de entrega para almo�o.
Por�m, a adapta��o n�o foi nada f�cil. “N�o t�nhamos embalagem, nem entregador. Tamb�m n�o quer�amos entrar em aplicativos de entrega, por achar as taxas absurdas e por v�rios outros problemas”, contou ela, questionando tamb�m os valores pagos aos entregadores de app, que considera muito baixos. Ela, ent�o, optou pela entrega independente, com pedidos por telefone, WhatsApp e motoboy pr�prio.
A expectativa � de que o almo�o ou o lanche chegue em at� 30 minutos. Logo que a decis�o foi tomada, surgiu mais uma dificuldade. “Fazer delivery em um momento em que a maioria das pessoas est� acostumada com o servi�o que t�m entrega terceirizada e v�rios entregadores � desafiador. Isso gera uma expectativa em rela��o � entrega que, infelizmente, n�o � poss�vel atender. Alguns clientes ficam frustrados”, conta.
A estrat�gia passou a ser a das comidas congeladas, para produzir com calma e maior qualidade, e oferecer a possibilidade de o cliente comprar o almo�o para toda a semana. Deu certo: “Conseguimos faturar mais em menos tempo, sendo que os consumidores encomendam em m�dia cinco refei��es por pessoa”. Funcionou assim por tr�s semanas, mas foi preciso dar uma pausa, e, agora, o servi�o ser� retomado.
A Casa Amora, que tem duas unidades – uma na Regi�o Centro-Sul e outra na Regi�o Leste de BH –, tamb�m precisou paralisar as atividades. Patr�cia Saggiro, de 32, s�cia do estabelecimento, primeiro fechou as portas para o funcionamento presencial e, posteriormente, do delivery, por motivos diversos. O primeiro deles e o principal � a preocupa��o com a sa�de dos colaboradores. “Mesmo se funcion�ssemos com equipe reduzida para entrega, sabemos que haveria not�cia de que um amigo do trabalhador estava com suspeita de coronav�rus ou de que algu�m estaria com medo de pegar o transporte p�blico. Assim, decidimos parar”, disse.
Voucher
Em 26 de mar�o, a Casa Amora anunciou uma novidade no Instagram: passaria a oferecer t�quetes. Ser�o tr�s valores diferentes: R$ 30, R$ 50 e R$ 100. Patr�cia explica que percebeu estrat�gias usadas por restaurantes e caf�s de outras cidades. “Fez muito sentido fazer essa tentativa. Estamos come�ando agora. Vamos aguardar. Mas, estamos antenadas para pensar outra estrat�gia”, disse.
A Ambev, fabricante da marca Stella Artois, criou o movimento “Apoie um restaurante”, que doa dinheiro para os estabelecimentos. Acessando o site www.apoieumrestaurante.com.br o consumidor escolhe um estabelecimento, e, na compra de um voucher de R$ 100, paga s� R$ 50 para consumir presencialmente no futuro. O desconto de 50% � custeado pela marca e parceiros.
O boteco Nada Contra, que fica no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul de BH, abriu as portas em novembro com a especialidade em comida de estufa e vitrine. Funcionou at� 11 de mar�o. No dia 14, tentou emplacar o “pegar aqui e levar pra casa”. N�o deu certo, contou Rafael Minoru Uchiama Andrade, de 27, s�cio do bar. “Estamos acompanhando outros estabelecimentos que est�o com o voucher. Ao mesmo tempo em que tudo parece muito dif�cil � tamb�m muito inspirador v�rias iniciativas que v�o surgindo”, disse.
O dono e chef do Padu Cozinha Festiva, Zito Cavalcante, estuda aderir ao voucher e � comida congelada para retomar as atividades, encerradas pela crise e para manter os funcion�rios seguros. Ele est� preocupado e acredita que, neste momento, � necess�rio amparo por parte do poder p�blico. "Espero algo que responda aos impostos que a gente paga, em rela��o � prefeitura e a todas as esferas.”