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Estado de Minas

EM flagra coveiros de Cemit�rio da Paz trabalhando sem equipamentos de prote��o

Administra��o p�blica informou que n�o se tratava de um sepultamento; macac�es s�o disponibilizados apenas em casos confirmados ou suspeitos de COVID-19


06/04/2020 18:35 - atualizado 07/04/2020 13:31

Contra orientações, funcionários trabalhavam aglomerados e com equipamentos despadronizados (foto: Leandro Couri/D.A. Press/EM)
Contra orienta��es, funcion�rios trabalhavam aglomerados e com equipamentos despadronizados (foto: Leandro Couri/D.A. Press/EM)

Os cuidados para evitar a propaga��o do novo coronav�rus vai al�m de pessoas vivas; isso porque cad�veres tamb�m s�o fontes de transmiss�o, j� visto que ainda possuem secre��es. Justamente por isso, desde que a COVID-19 se espalhou pelo mundo e chamou a aten��o de autoridades brasileiras, funer�rias e cemit�rios v�m adotando medidas para proteger funcion�rios e familiares dos mortos. Em Belo Horizonte, a prefeitura j� suspendeu por tempo indeterminado os vel�rios nos cinco cemit�rios municipais e limitou a presen�a nos sepultamentos aos familiares pr�ximos.

Na manh� desta segunda-feira, no entanto, o Estado de Minas flagrou sete funcion�rios do Cemit�rio da Paz, no Bairro Cai�ara, bem pr�ximos um dos outros e com equipamentos de prote��o ainda fora do padr�o. A foto registra cinco coveiros pr�ximos um dos outros escavando o terreno do estabelecimento. Apesar de estarem usando m�scaras, dois deles ainda estavam sem luvas e todos os funcion�rios deixava os bra�os � mostra.

No mesmo registro, outros dois funcion�rios, que vestiam uniformes diferente dos demais e seguravam luvas do tipo jardineiro, estavam sem nenhum equipamento de prote��o e conversavam normalmente pr�ximo aos coveiros, contrariando as recomenda��es da pr�pria Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) e da Secretaria de Sa�de de Minas Gerais.

Cadeia de manipula��o

Localizados no final da cadeia de manipula��o de corpos, os coveiros tamb�m est�o suscet�veis � contamina��o, caso n�o tomem as medidas de preven��o necess�ria. Conforme nota t�cnica da Anvisa, publicada em 31 de mar�o, "os encarregados de colocar o corpo na sepultura, em pira funer�ria etc. devem usar luvas e higienizar as m�os com �gua e sabonete l�quido, ap�s retirada das luvas".

Nesse sentido, a Funda��o de Parques Municipais e Zoobot�nica (FPMZB), que administra os cemit�rios da capital mineira, informou que est�o sendo fornecidos equipamento de prote��o individual (EPIs) para os coveiros - apesar de o EM ter flagrado o oposto. 

(foto: Prefeitura anunciou que estava fazendo testes com macacões normalmente utilizados por médicos; atualmente 36 coveiros estariam utilizando o uniforme)
(foto: Prefeitura anunciou que estava fazendo testes com macac�es normalmente utilizados por m�dicos; atualmente 36 coveiros estariam utilizando o uniforme)


Segundo a institui��o, o modelo de macac�o de prote��o individual, similar ao usados pelos m�dicos, s�o obrigat�rios apenas em sepultamentos de casos confirmados ou suspeitos de COVID-19. "Nos demais casos, como j� era praticado antes da pandemia, os coveiros utilizam a m�scara e luvas de uso individual, al�m de uniforme composto por cal�a comprida e bota", explicou por meio de nota.

A funda��o tamb�m afirmou que a situa��o relatada parece n�o se tratar de um sepultamento, mas sim de servi�os pr�prios da rotina do cemit�rio que demandam a abertura de um jazigo sem haver sepultamento. A institui��o finalizou que, geralmente, sepultamentos contam com a presen�a de tr�s  ou quatro coveiros - na foto, eram cinco.

Na manh� desta ter�a-feira, depois da publica��o da mat�ria, a FPMZB confirmou que a foto n�o se tratava de um sepultamento. "A Funda��o de Parques Municipais e Zoobot�nica confirma que a cena registrada n�o se tratava de sepultamento, mas sim de abertura de jazigo e preparo do espa�o para posterior sepultamento." - inicialmente, como protocolo do Estado de Minas, a foto n�o tinha sido encaminhada � administra��o. 

Questionada, a funda��o n�o explicou a raz�o da despadroniza��o dos uniformes dos coveiros no momento do registro, mas ressaltou que n�o h� falta de EPIs nos cemit�rios.   

Al�m do Cemit�rio da Paz, a PBH ainda administra os da Consola��o, Saudade, do Bonfim e a Capela Vel�rio Barreiro

Procurado pela reportagem, o Sindeac, sindicato respons�vel pelos coveiros municipais, afirmou que n�o est� conseguindo fiscalizar as atividades das empresas terceirizadas que prestam servi�os aos cemit�rios municipais porque est� sem expediente durante a pandemia. 

J� o Sinef, sindicato que defende os empregados de cemit�rios e funer�rias privadas, afirmou que at� agora n�o recebeu nenhuma den�ncia de falta de equipamentos. 

Contamina��o por mortos 

De acordo com o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Mateus Westin, � muito importante tomar cuidado na hora de manipular os corpos suspeitos de COVID-19. "Na hora da manipula��o do corpo, se n�o tomar cuidado e se tiver a secre��o, ainda que microsc�pica, � poss�vel que haja a contamina��o", explica.

O infectologista tamb�m ressalta que os coveiros est�o no final da cadeia deste setor e, portanto, est�o muito menos suscet�veis � contamina��o do que os funcion�rios que atuam no momento da aut�psia. "Quanto mais pr�ximo do in�cio dessa cadeia, maior o risco. N�o s� por uma quest�o temporal, mas tamb�m porque o corpo vai recebendo tratamentos e vai tendo contato com outras pessoas. Por mais que se embale e reembale, voc� manipula o corpo e depois a embalagem. Se todos as medidas forem tomadas, a pessoa no final vai ter menos risco", conta.

Por fim, o m�dico lembra que n�o h� tempo determinado para que o v�rus fique no corpo. "A quest�o � que, no corpo, pode ficar at� dias. Quando est� numa superf�cie inerte, ele n�o tem aquelas condi��es que o protege; fica sujeito � luz, vento e temperaturas mais elevadas.”

Nesse sentido, para evitar a poss�vel propaga��o, a Secretaria Estadual de Sa�de recomenda que, neste per�odo, o corpos sejam cremados. No entanto, caso a fam�lia n�o opte por esse servi�o, � necess�rio que se limpe o caix�o com �lcool l�quido a 70% antes de lev�-lo ao vel�rio ou funeral. 

A pasta estadual tamb�m determina v�rios cuidados em rela��o � manipula��o dos corpos nas funer�rias, tanto para evitar a contamina��o dos funcion�rios das casas, quanto para que estes, sujeitos � contamina��o, n�o transmitem o v�rus para o restante da cadeia. Dentre as medidas, est�o a limita��o do n�mero de pessoas que entram em contato com o corpo, al�m da m�xima higieniza��o de toda a �rea e profissionais.

Funer�rias Por determina��o Anvisa, os mortos por S�ndrome Respirat�ria Aguda Grave (SRAG) s�o colocados dentro de um saco de �bito imperme�vel e, em seguida, o agente funer�rio transporta o corpo para o necrot�rio do hospital. Al�m disso, a maca de transporte de cad�veres deve ser utilizada apenas para esse fim e ser de f�cil limpeza e desinfec��o.

Ap�s remover os EPIs, todos os profissionais devem realizar a higiene das m�os. Por fim, com a pandemia, o sepultamento � autom�tico e n�o h� prepara��o de corpo. 

A Funer�ria Santa Casa, uma das maiores de Belo Horizonte, informou que seus agentes est�o utilizando macac�o ou capote, �culos de prote��o, m�scara N95, luva e touca. O grupo tamb�m divulgou que, do dia 23 a esse domingo, a casa recebeu 29 corpos suspeitos de S�ndrome Respirat�ria Aguda Grave, que pode ou n�o estar ligada � COVID-19.

*Estagi�rio sob supervis�o da editora Liliane Corr�a


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