Coronav�rus: gargalo de UTIs � estimado para este m�s

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, da Escola de Sa�de P�blica da Universidade de Harvard e da Secretaria de Vigil�ncia em Sa�de do Minist�rio da Sa�de alertam que os servi�os hospitalares devem come�ar a sofrer escassez de leitos hospitalares e UTI e de ventiladores j� neste in�cio de m�s. Estudo feito por pesquisadores indicam que a �nica forma de evitar o colapso do sistema de sa�de brasileiro nas pr�ximas semanas � construir hospitais de campanha, intensificar sem relativiza��es o isolamento social e aumentar radicalmente testes da popula��o. “H� uma pequena janela de oportunidade para se preparar. A resposta deve ser imediata e exigir�  esfor�o conjunto da sociedade”, anotam os especialistas.

De acordo com o estudo, BH e regi�o metropolitana devem ter satura��o de leitos de 27 deste m�s a 1º de maio, a depender da articula��o entre as medidas paliativas implementadas. A exaust�o de ventiladores mec�nicos est� projetada para ocorrer de 18 a 28 deste m�s. J� o esgotamento dos leitos de UTI de BH e macrorregi�o de sa�de deve ocorrer do in�cio deste m�s at� o dia 13.

Para tra�ar diferentes cen�rios para a progress�o do esgotamento de recursos, os cientistas articularam tr�s grupos de vari�veis (dois com duas vari�veis cada e outro com tr�s) que t�m a capacidade de alterar paliativamente o cen�rio futuro. Essas vari�veis dizem respeito � “ocupa��o hospitalar” (a possibilidade de se reduzir em 50% a ocupa��o m�dia do ano passado, causada por outras doen�as, para ent�o se alocar mais leitos, leitos de UTI e ventiladores para casos de COVID-19), � rela��o “servi�os p�blicos x privados” (considerando, por exemplo, a possibilidade do deslocamento de hospitais privados para o controle tempor�rio do estado) e � “demanda por leitos de UTI” (se essa demanda estar� na faixa de 5% ou de 12% dos casos).

Articuladas, essas vari�veis possibilitaram que os pesquisadores projetassem 12 cen�rios para cada cidade/macrorregi�o. “Como estamos em uma etapa inicial de cont�gio, ainda � precoce estimarmos uma taxa de interna��o em UTI. Assim, foram adotados os cen�rios j� relatados para China e It�lia, com percentual de casos internados em UTI de 5% e 12%, respectivamente”, explica Lucas Resende de Carvalho, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas (Face) da UFMG, um dos autores do trabalho.

Contudo, o que o estudo mostra � que, mesmo combinadas, todas essas medidas paliativas s�o capazes de, no m�ximo, atrasar em cerca de uma semana o esgotamento generalizado de leitos, UTI e respiradores.

Na rede particular, o diretor-presidente do Hospital Semper, cardiologista Carlos Eduardo Diniz Couto, informou que o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade est� com ocupa��o de 65%. A m�dia � acima de 95%. Essa redu��o se deve � suspens�o de atendimentos e cirurgias eletivas devido � pandemia. “Temos planejado a reestrutura��o do hospital desde o fluxo de entrada dos pacientes, com diferencia��o de equipes m�dicas e local de atendimento com barreiras f�sicas entre pacientes com sintomas respirat�rios e outros em geral.”

O Semper adquiriu 18 respiradores e recuperou outros oito que estavam em manuten��o. S�o 48 leitos de CTI divididos em tr�s unidades isoladas entre si, e 21 leitos preparados especificamente para o COVID-19. Al�m dos leitos de CTI, a unidade disp�e de ala de interna��o segmentada para receber os pacientes menos graves de Covid 19, “sem contato com os outros setores do hospital”. S�o 13 leitos, com possibilidade de amplia��o conforme necess�rio. “Criamos para isso, mais duas equipes m�dicas de plant�o em CTI e uma equipe cl�nica, espec�ficas para atendimento de pacientes coronavirus com pneumologistas, infectologistas e cl�nicos gerais, al�m do suporte de todas as especialidades que aqui j� atendem. Suspendemos todos os procedimentos eletivos cujo adiamento n�o causasse risco de vida para o paciente.”

“Temos sofrido muito com a dificuldade de aquisi��o e os alt�ssimos custos de EPI. Uma m�scara cir�rgica que era vendida a R$ 0,10 hoje � ofertada por at� R$ 5 por exemplo. Todos os nossos colaboradores receberam e est�o recebendo treinamento para atua��o frente � pandemia.” As proje��es, segundo o presidente, “s�o as mesmas do estado quanto � perspectiva de aumento dos casos nos pr�ximos 14 dias.” 

J� o Hospital Madre Tereza informou que foram criados 20 leitos de UTI, obedecendo uma reestrutura��o para se adequar aos procedimentos durante a pandemia, al�m de �rea espec�fica para atendimento de casos suspeitos ou confirmados do novo coronav�rus, sendo um setor de apartamentos e outro de enfermaria. Foi montada um comit� de gest�o de crise, com reuni�es di�rias para “analisar dados da COVID-19 e orientar o corpo cl�nico de funcion�rios na tomada de decis�es “auxiliando no estabelecimento de protocolos e rotinas de atendimento como a cria��o de um pronto-atendimento exclusivo para atendimento a pessoas com sintomas gripais, ou suspeitos na Portaria 2.” Foram suspensas as cirurgias eletivas e mantidas as de urg�ncias e emerg�ncias e as cirurgias oncol�gicas.