A prote��o poss�vel: riscos para trabalhadores de servi�os essenciais
Mesmo com o risco de contamina��o pelo coronav�rus, trabalhadores precisam sair de casa para a presta��o de servi�os essenciais e redobram os cuidados
postado em 11/04/2020 06:00 / atualizado em 11/04/2020 08:01
O taxista Washington Magalh�es de Ara�jo, de 51 anos, refor�a os cuidados sempre que um passageiro entra no carro
(foto: Fotos: T�lio Santos/em/d.a press)
Um dos um dos pontos mais movimentados do Centro de Belo Horizonte estava praticamente com o mesmo movimento de uma tarde t�pica de s�bado. Lojas fechadas, mas com uma grande aglomera��o e circula��o de pessoas na Pra�a Sete.
Mas, na verdade, era uma quinta-feira em plena pandemia do novo coronav�rus. A m�scara – item considerado essencial pelo Minist�rio da Sa�de – � usada por algumas pessoas.
Por um lado, o cen�rio mostra que parte da popula��o n�o est� mantendo as medidas de isolamento social. Por outro, muitas daquelas pessoas n�o t�m outra op��o, pois precisam manter o fornecimento de servi�os necess�rios � sobreviv�ncia, � sa�de, ao abastecimento e � seguran�a da popula��o. Mas, para esses, n�o tem sido f�cil, e os cuidados precisam ser ainda mais redobrados.
Desde quinta-feira, Belo Horizonte endureceu as restri��es � circula��o de pessoas. Todos os servi�os n�o essenciais da capital est�o proibidos de funcionar. O Decreto 17.328/2020 permite a continuidade do funcionamento de uma s�rie de estabelecimentos, mas prev� san��es penais, administrativas e civis aos que descumprirem as regras. “Quem n�o est� entre os servi�os essenciais n�o deve ir trabalhar”, postou o prefeito Alexandre Kalil (PSD) no Twitter.
Washington Magalh�es de Ara�jo, de 51 anos, � taxista. Ele, que transporta dezenas de pessoas por dia, sente-se vulner�vel a poss�vel contamina��o do novo coronav�rus, mas precisa trabalhar e garantir o transporte das pessoas. Ele n�o parou de rodar, mas conta que o movimentou caiu.
E caiu muito: “Todo mundo sumiu”, disse. Mas, ao carregar algum passageiro, toma cuidados redobrados para manter a seguran�a de ambos. “� s� o passageiro entrar no carro que eu coloco a m�scara”, disse.
O �lcool em gel est� posto logo ao lado do banco do motorista. Atento, ele higieniza as m�os, o pr�prio volante e, tamb�m, as ma�anetas das portas para que n�o haja risco de contamina��o entre os passageiros.
Enquanto o taxista aguarda um passageiro, Edna Aparecida, de 46, faz a limpeza da cal�ada do cora��o da Pra�a Sete. Ela � uma das respons�veis por um dos trabalhos mais essenciais da cidade: a limpeza. Para ela, n�o tem descanso n�o. O lixo continua a se acumular pelo ch�o, mesmo com a redu��o do n�mero de pessoas nas ruas.
Durante o servi�o, ela usa apenas luvas – que j� s�o de praxe da profiss�o. Mas � no �nibus, para se transportar diariamente para o trabalho, que a m�scara � colocada. “Tenho a minha pr�pria. Coloco, principalmente, dentro do coletivo. Tamb�m estou usando bastante �lcool em gel”, disse.
Um homem, com m�scara refor�ada e trajes bem ajeitados, apressa o passo ao atravessar o sinal do cruzamento entre as avenidas Amazonas e Afonso Pena. �s 17h30, ele est� indo para o trabalho. Ma�de Bento, de 49, � porteiro e assume o turno da noite de um dos milhares de pr�dios residenciais do Centro de Belo Horizonte.
� ele o respons�vel por controlar o acesso de visitantes, receber encomendas, controlar a entrada de prestadores de servi�os, entre outras fun��es que garantem a seguran�a dos moradores. “Coloco m�scara antes de sair de casa. Tamb�m estou usando o �lcool em gel durante todo o dia”, contou. Mas, desde o in�cio do isolamento social, ele admite que tem tido muito menos trabalho: “Fico l� sozinho, n�o vejo ningu�m. Est� todo mundo em casa”.
O fiscal de loja Get�lio Gomes, de 45 anos, acumulou uma nova fun��o: colocar �lcool gel nas m�os dos clientes
Por falar em seguran�a, Get�lio Gomes, de 45, sai do Bairro Santa M�nica, na Regi�o de Venda Nova, para fazer a seguran�a de uma drogaria do Centro da capital. Ele � fiscal, mas, agora, acumulou uma nova fun��o: espirrar �lcool em gel nas m�os das pessoas que entram no estabelecimento comercial. “A minha fun��o � fiscal. Mas, agora, higienizo todas as pessoas que passam por mim. Assim, eu me previno, previno os outros funcion�rios da loja e tamb�m os clientes”, disse ele, que trabalha com muito bom humor.
Dentro da loja, Get�lio est� superprotegido com o uso at� de uma das m�scaras de pl�stico que cobre todo o rosto. Por�m, tem medo dos riscos de contamina��o no trajeto para o trabalho. “�s vezes, venho com ve�culo pr�prio. Mas, �s vezes, preciso de ir de �nibus. E isso � um grande problema, um transtorno danado. Isso porque os �nibus est�o circulando menos, demorando mais. Devido � espera, aglomera um grande n�mero de pessoas. Os coletivos v�m cheios para o Centro.” E reclama: “De que adianta eu estar superprotegido aqui e vulner�vel na rua?”. Ele disse perceber um aumento no movimento da rua e das lojas. “O pessoal deu uma relaxada. Temos que nos cuidar.”
Situa��o de vulnerabilidade
N�o s�o todos os empregados que t�m a estrutura necess�ria e equipamentos de seguran�a para trabalhar. Em um dos postos de gasolina do Centro da capital mineira, o clima � de completa revolta entre os frentistas. “Patr�o chega aqui com orienta��o de como atender o cliente. Mas, antes disso, ele precisa perguntar se estamos bem, se estamos lavando as m�os, fornecer �lcool em gel e m�scaras.
N�s atendemos um grande n�mero de pessoas e trabalhadores que transportam dezenas de outras como motoristas de uber e taxista”, reclamou. Para se proteger, os funcion�rios contam apenas com um gal�o em que � misturado �lcool em gel e sab�o. “N�o h� higieniza��o necess�ria e nem prote��o dos funcion�rios. Este posto est� completamente contaminado.”
O Estado de Minas tamb�m conversou com dois motoristas de �nibus, que relataram problemas semelhantes. “Eu me sinto muito vulner�vel. Recebo dinheiro, tenho contato com muitas pessoas. � um grande descaso com a categoria”, disse um deles, alegando n�o receber equipamentos de seguran�a.
O outro conta que leva produto de limpeza da pr�pria casa para higienizar o �nibus. “Se me dessem m�scara, eu usaria. Mas n�o vou comprar”, completou. Al�m disso, eles denuncia que o problema se agrava, j� que h� escalonamento de pagamento e est�o recebendo menos do que o comum. “N�o tenho dinheiro pra tirar ainda isso do pr�prio bolso”, afirmou.
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19: