
As desigualdades e assimetrias de aprendizado nas escolas, principalmente p�blicas, tendem a se agravar, passado o per�odo da quarentena. Isto porque 20% por cento dos domic�lios brasileiros – o equivalente a 17 milh�es de unidades residenciais – n�o est�o conectados � internet, o que impossibilita o acesso de alunos ao material de ensino a dist�ncia disponibilizado em seus portais por muitas escolas p�blicas do ensino fundamental e do ensino m�dio.
A falta de conex�o � internet tamb�m imp�e graves dificuldades para que os trabalhadores aut�nomos se cadastrem para o recebimento do aux�lio emergencial de R$ 600. H� nessas resid�ncias “desconectadas” 12 milh�es de pessoas que integram a Popula��o Economicamente Ativa (PEA), das quais 64% s�o aut�nomos, sem prote��o social, exercendo precariamente trabalhos diversos.
Os dados s�o do Observat�rio Social da COVID-19, rec�m-criado pelo Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich), que produz e divulga informa��es sobre a situa��o social e econ�mica do pa�s, para acompanhar e avaliar a realidade demogr�fica, social, de conectividade e do mercado de trabalho sobre a qual s�o aplicadas as pol�ticas p�blicas.
Integram o observat�rio os professores Marden Barbosa de Campos e Jorge Alexandre Neves, ambos do Departamento de Sociologia, alunos e ex-alunos da UFMG, al�m de dois pesquisadores vinculados � Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao Centro Universit�rio Joaquim Nabuco (Uninabuco), de Recife.
Integram o observat�rio os professores Marden Barbosa de Campos e Jorge Alexandre Neves, ambos do Departamento de Sociologia, alunos e ex-alunos da UFMG, al�m de dois pesquisadores vinculados � Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao Centro Universit�rio Joaquim Nabuco (Uninabuco), de Recife.
As duas situa��es – alunos em idade escolar – e adultos com direito ao aux�lio emergencial que vivem em domic�lios “desconectados” engrossam as estat�sticas dos mais desiguais entre aqueles que j� habitam a periferia das oportunidades na sociedade brasileira.
Os primeiros, n�o conseguem ter acesso aos conte�dos complementares postados pelas escolas em seus respectivos sites. Os segundos precisar�o se expor a diversas situa��es de aglomera��o e risco de cont�gio para buscar informa��es que lhes permita acessar o aux�lio emergencial.
Os primeiros, n�o conseguem ter acesso aos conte�dos complementares postados pelas escolas em seus respectivos sites. Os segundos precisar�o se expor a diversas situa��es de aglomera��o e risco de cont�gio para buscar informa��es que lhes permita acessar o aux�lio emergencial.
Assimetria do aprendizado
“Enquanto muitos alunos em domic�lios com acesso � internet, de melhor n�vel socioecon�mico, ter�o acesso a conte�dos e �s atividades que levam ao desenvolvimento cognitivo escolar; os outros n�o”, avalia o soci�logo Jorge Alexandre Neves.
“N�o estamos com isso dizendo que as escolas n�o devam disponibilizar esse conte�do, mas, � preciso ter em mente, que durante a pandemia, teremos mais um novo elemento de assimetria para o aprendizado, que se soma a todas as outras vari�veis j� conhecidas da sociologia”, acrescenta Neves.
Diversos estudos no campo do rendimento escolar apontam para o efeito do n�vel socioecon�mico dos pais – sobretudo a escolaridade da m�e – sobre o desempenho dos filhos nas escolas.
“Esse efeito � muito maior, por exemplo, do que a diferen�a que se observa entre o desempenho do aluno da escola p�blica e o aluno da escola privada”, afirma ele, lembrando que a maior parte da desigualdade educacional no Brasil se explica pelo n�vel socioecon�mico das fam�lias. Principalmente no ensino fundamental.
“Esse efeito � muito maior, por exemplo, do que a diferen�a que se observa entre o desempenho do aluno da escola p�blica e o aluno da escola privada”, afirma ele, lembrando que a maior parte da desigualdade educacional no Brasil se explica pelo n�vel socioecon�mico das fam�lias. Principalmente no ensino fundamental.
AUX�LIO EMERGENCIAL
Mesmo dentre os desiguais, estar ou n�o conectado � internet imp�e desafios diferentes, at� mesmo para ter acesso a um aux�lio emergencial, o que nem sempre � simples nos domic�lios dos “desconectados”.
Segundo os dados do Observat�rio Social da COVID-19, 64% dos 12 milh�es de trabalhadores de unidades residenciais sem acesso � internet est�o na informalidade, trabalhando em situa��o prec�ria e sem qualquer prote��o social.
“Essa �, em princ�pio, uma popula��o com alta probabilidade de ser benefici�ria do programa de aux�lio emergencial. Mas sem acesso � internet, h� risco de que o programa do aux�lio emergencial apresente um grave problema de inefici�ncia”, afirma Jorge Alexandre Neves, enfatizando que toda pol�tica social que n�o chega ao grupo ao qual se destina � ineficiente.
Na avalia��o do soci�logo, o governo precisaria utilizar toda a estrutura da assist�ncia social no Brasil – como os Centros de Refer�ncia da Assist�ncia Social (Cras) e Centros Especializados de Refer�ncia da Assist�ncia Social (Creas), para, com o apoio log�stico das For�as Armadas, fazer a busca ativa dessas pessoas.