
Ela resgatou sua rela��o com a costura e decidiu por ajudar e fazer m�scaras de prote��o a grupos vulner�veis. Para isso, precisava de tr�s materiais: tecido, el�stico e linha. Ela n�o tinha nenhum dos itens. Foi quando uma rede quase invis�vel se formou organicamente para que os itens ficassem prontos e uma centena de pessoas pudesse se proteger. As doa��es, inicialmente, seriam por meio de pedidos via rede social, como o Facebook.
Brenda Silveira pegou emprestada a m�quina de costura na casa da m�e, Maria Auxiliadora da Silveira. Assim, resgatou o gosto que tinha por costura e encomendou pela internet tecidos para produzir algum tipo de artesanato: “Eu gostava muito de costurar. Costurava e fazia minhas pr�prias roupas quando adolescente”, recorda.
No momento em que o Minist�rio da Sa�de anunciou que m�scaras caseiras poderiam ajudar na preven��o contra o coronav�rus, Brenda mudou os planos e decidiu se dedicar a esse tipo de produ��o. Depois de prontos, esses itens essenciais seriam doados.

Foi com esses materiais que ela fez os primeiros modelos para a fam�lia e, logo que pegou a pr�tica, produziu as 100 primeiras m�scaras. Todas para serem doadas, sendo que ela estipulou duas por pessoa.
Brenda contou sobre a sua produ��o de m�scaras para Fernando Aguiar. Ele era o motofretista que estava fazendo as compras de supermercado para ela nesses tempos em que ela havia se isolado por causa dos sintomas gripais. “Logo, ele me disse: ‘eu vou precisar de m�scaras. Preciso usar v�rias durante o dia, pois trabalho na rua’”, contou Brenda. Por�m, ap�s a produ��o da primeira leva, o el�stico se esgotou. "� um cen�rio de guerra e alguns produtos somem da prateleira. N�o estamos achando el�stico no mercado", acrescentou Brenda.
Por sorte, Fernando estava – por outros motivos – circulando pela Regi�o do Barreiro e avistou um armarinho aberto. O motofretista se lembrou de Brenda: "Ele me ligou e disse que tinha achado o el�stico", comemorou. Assim, comprou dez metros para que a Brenda continuasse fazendo as m�scaras. Paralelamente, uma loja, a Ma�sa Aviamentos, tamb�m se solidarizou e abriu o estabelecimento na Serra, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, apenas para vender el�stico e linha.

Troca-troca
E assim, por meio de ajuda m�tua e ren�ncia coletiva, um item que se tornou t�o essencial est� sendo produzido e com isso, ajudando centenas de pessoas na capital mineira a se proteger do v�rus. H� quem entre em contato com uma empresa de confec��o para pedir doa��o de linha. H� quem tenha sa�do no domingo de P�scoa pelo bairro onde mora para procurar um armarinho aberto. H� quem leve seis m�scaras da Brenda, mas deixa tecido para a produ��o de outras.
J� houve at� m�scaras trocadas por corte de cabelo. “Uma amiga, que tamb�m � jornalista, me disse que uma amiga dela � cabeleireira e n�o tem m�scara. Ela pediu duas m�scaras e disse que vai te dar um corte de cabelo”, contou Brenda. Ah! e tamb�m houve m�scara trocada por lasanha. “Conhe�o a L�cia h� 28 anos. Mas havia muito tempo que n�s n�o nos fal�vamos. Ficou feliz por mandar o el�stico. Em troca, pedia que fizesse uma das suas lasanhas maravilhosas”, brincou.
Brenda enxerga afeto que na forma��o dessa rede, que vem se ampliando dia a dia. "Est� todo mundo se envolvendo. Todo mundo se ajudando”, disse.
O resultado
A psic�loga Ana Carolina Ribeiro, de 40 anos, foi uma das pessoas que receberam as m�scaras feitas por Brenda e uma dezena de pessoas. Ela recebeu seis, sendo duas para ela, duas para o companheiro e duas para o filho. “Quando entramos em confinamento, Brenda foi umas das primeiras pessoas que publicou em suas redes que estava fazendo m�scaras para doa��o aos amigos e tamb�m para quem precisasse. Uma atitude de quem sabe que a solidariedade � o mais importante e sem ela n�o podemos sair juntos disso tudo”, disse.
Todos de casa gostaram do resultado. “Essa rede solid�ria com tantos desejos de carinho e prote��o ao pr�ximo imprime na pe�a uma carga energ�tica do bem, da paz e do amor! Espero que possamos aprender a li��o que essas pessoas, como a Brenda, nos ensinam”, disse.
A rede que culminou nas m�scaras de Brenda a inspirou a tentar fazer algo igualmente solid�rio. “Estamos pensando em fazer atendimento terap�utico, via apps. Estamos pesquisando como se daria esse formato”, adianta.