
Durante uma transmiss�o ao vivo, exibida pela Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Serufo disse que um dos principais problemas enfrentados durante a pandemia da COVID-19 � o medo excessivo entre as pessoas. O m�dico tamb�m criticou sites que transmitem n�meros do coronav�rus em tempo real, afirmando que as p�ginas n�o exibem o n�mero de sobreviventes. Um dos endere�os mais conhecidos para a consulta de estat�sticas � a da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. No entanto, o portal divulga o n�mero de pessoas curadas. At� a noite desta quinta-feira (23), 738.032 pessoas j� tinham se livrado da COVID.
“Nessa epidemia, com a contagem seletiva em tempo real dos mortos, e n�o com a contagem dos sobreviventes, vejam que 99,5% das pessoas sobrevivem. Isso quase n�o � falado. Se toma como ponto, o tempo inteiro, os 0,5% que infelizmente morrem em decorr�ncia da doen�a. Isso vem intoxicando as pessoas. Elas est�o intoxicadas pela morte”, disse Serufo.
O diretor t�cnico do hospital de campanha tamb�m disse que as pessoas n�o aceitam a morte pelo coronav�rus. "Elas olham para as m�es e pensam que as m�es v�o morrer, que os pais v�o morrer, que os filhos v�o morrer. Vemos a morte em todos os momentos, em todas as coisas. Isso gera um p�nico. Parece que � aceit�vel morrer de qualquer coisa, menos de COVID. Voc� pode morrer de mal�ria, atropelado, com fome, mas n�o de COVID", declarou.
Serufo chegou a criticar at� mesmo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). De acordo com o m�dico, a entidade utiliza de forma errada a palavra “infectado” para se referir a pacientes com casos confirmados de coronav�rus. A forma com que as not�cias s�o transmitidas pela OMS tamb�m foram alvo de questionamentos.
“Foram criadas palavras de p�nico. Chegaram e se sedimentaram. Uma delas, por exemplo, � “infectado”. A pr�pria OMS diz isso: chegando a dois milh�es de infectados. Infectado � uma palavra pesada. Por que que n�o dizem que dois milh�es sobreviveram? � a mesma coisa. � uma outra forma de entender. Quando se diz dois milh�es de infectados, d� a impress�o de que � uma doen�a cr�nica, de que quem pegou est� condenado”, diz Serufo.
Ministro do Turismo critica isolamento horizontal
Participaram da transmiss�o o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, al�m do governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite, e o ministro do Turismo, Marcelo �lvaro Ant�nio. Este �ltimo criticou duramente o isolamento durante a live, dizendo que alguns prefeitos e governadores adotaram “medidas descabidas e autorit�rias”. A declara��o veio durante a parabeniza��o a Eduardo Leite, que estabeleceu medidas para a retomada da economia no Rio Grande do Sul.
“Temos um doente com duas patologias graves, sendo a primeira que impacta a sa�de, enquanto a segunda impacta o emprego e a renda. Quero te parabenizar porque, infelizmente, temos visto por parte de alguns prefeitos, medidas descabidas e autorit�rias, e isso n�o tem contribu�do em nada a essa pandemia. Parab�ns por ter essa consci�ncia de saber que temos duas linhas a serem trabalhadas. Isso precisa ter uma sincronia, uma flexibilidade com consci�ncia, mas entendendo que temos 40 milh�es de brasileiros em casa, com as latas vazias. � muito f�cil o prefeito, o governador, o artista da Globo, dizer para as pessoas ficarem em casa. Mas todos eles abriram vinho importado e comeram camar�o. N�o podemos esquecer que temos 40 milh�es de brasileiros que s�o aut�nomos”, disse.
Argumenta��o de Serufo come�a no minuto 20:27
Confira, na �ntegra, a fala de Jos� Carlos Serufo:
"N�s estamos vivendo um momento dif�cil. Imagino que na �rea cient�fica, t�cnica, no m�s de fevereiro, que surgiram 1.300 trabalhos publicados sobre o coronav�rus. Em mar�o, quase o mesmo tanto. Mais da metade dos trabalhos seriam rejeitados se passassem por revistas cient�ficas. O clima de pandemia chegou para n�s como informa��es cient�ficas. Separar essas informa��es para quem j� � especialista, tem sido muito dif�cil. Como elas chegam � popula��o? Chegam mediadas pela imprensa, pelos meios de comunica��o. Se na origem n�s j� temos informa��es d�spares, imagino como ela � interpretada por pessoas que tiveram que especializar de �ltima hora. Ent�o acho que o que temos que divulgar � o conhecimento saud�vel. Ele nos faz voltar a raz�o e tomar as melhores atitudes. Eu falo isso porque, vejam: esse coronav�rus, chamado de COVID-19, encontrou condi��es favor�veis na humanidade atual: sistema de sa�de operando no limite e grupos disputando poder nos extremos da democracia. Aliado a isso, tivemos ferramentas na internet ofertando informa��es em tempo real, pela primeira vez na hist�ria da humanidade. Inicio esse momento falando que considero um dos principais problemas que estamos vivendo, que � o medo. O medo � um dos instintos primitivos que fizeram a ra�a humana sobreviver. Precisamos do medo para a sobreviv�ncia. Mas quando ele � excessivo e ultrapassa limites, ele nos imobiliza, ofusca as lentes da raz�o, a ponto de n�o percebermos mais a racionalidade. A informa��o nova, sob o indiv�duo dominado pelo medo, ela n�o se sedimenta. N�o h� racioc�nio. Ent�o a morte que, embora certa, temos mecanismos para mant�-las distantes de n�s. Quando ela se aproxima, ela se torna o fermento desse p�nico. E nessa epidemia, com a contagem seletiva em tempo real dos mortos, e n�o com a contagem dos sobreviventes, vejam que 99,5% das pessoas sobrevivem. Isso quase n�o � falado. Se toma como ponto, o tempo inteiro, os 0,5% que infelizmente morrem em decorr�ncia da doen�a. Isso vem intoxicando as pessoas. Elas est�o intoxicadas pela morte. Elas olham para as m�es e pensam que as m�es v�o morrer, que os pais v�o morrer, que os filhos v�o morrer. S� conseguem enxergar a morte. Vemos a morte em todos os momentos, em todas as coisas. Isso gera um p�nico que nos imobiliza. Parece que � aceit�vel morrer de qualquer coisa, menos de COVID. Voc� pode morrer de tuberculose, mal�ria, atropelado, com fome, mas n�o pode morrer de COVID. Ent�o isso eu vejo que n�s temos, al�m disso, foram criadas palavras de p�nico. vieram para n�s. Chegaram e se sedimentaram. S�o faladas o tempo inteiro. Uma delas, por exemplo, � “infectado”. A pr�pria OMS diz isso: est� chegando a dois milh�es de infectados. Infectado � uma palavra pesada. Por que que ela n�o diz que dois milh�es sobreviveram? � a mesma coisa. � uma outra forma de entender. Quando se diz dois milh�es de infectados, d� a impress�o de que � uma doen�a cr�nica, uma vez que pegou, est� condenado. Eu vejo que n�s temos que afrontar e desvestir esse medo para n�s voltarmos com a raz�o. O conhecimento, n�o as mentiras, e a transpar�ncia, s�o fundamentais. Esse � o principal ponto."