
Em situa��o aparentemente confort�vel em rela��o �s demais capitais do Brasil, o volume de casos confirmados do coronav�rus em Belo Horizonte d� a entender que as medidas de preven��o v�m sendo acertadas. Por�m, o infectologista Carlos Starling alerta para as consequ�ncias de um relaxamento do distanciamento social. “Se isso for feito sem planejamento ou de forma aleat�ria, sem respeito nenhum �s regras, com certeza vamos ter problemas semelhantes aos dos lugares que romperam essas medidas. Estamos em plena batalha, n�o estamos de forma nenhuma confort�veis. Se voc� relaxou hoje, em uma ou duas semanas vamos colher esse fruto, que � o tempo de incuba��o da doen�a”, desmistifica Starling. Para ele, o baixo volume de testes tamb�m � problema.
A t�tulo de compara��o, de acordo com dados do Minist�rio da Sa�de e das secretarias municipais e estaduais da �rea, entre as 50 cidades com mais casos do Brasil (compara��o justa para uma cidade do porte de BH), a capital mineira � a pen�ltima em volume de diagn�sticos comparados � sua popula��o, com 21,7 diagn�sticos confirmados por 100 mil habitantes. Quanto � mortalidade pela COVID-19, BH � a quarta capital com menos �bitos, com uma taxa de 2%.
De acordo Starling, a incid�ncia do coronav�rus em Belo Horizonte e at� em Minas Gerais como um todo � de fato menor que a maioria dos estados e capitais do pa�s. “A gente observa isso pela baixa taxa de ocupa��o dos leitos, e isso � um bom sinal de que a epidemia est� se comportando melhor do que a gente esperava. O isolamento social e as medidas tomadas a tempo resultaram em uma redu��o brutal nos caso que esper�vamos”.
O infectologista acredita que o isolamento social tamb�m foi – e continua sendo – importante para que o pr�prio sistema de sa�de se preparasse, com a chegada de equipamentos e a abertura de mais leitos, diferente da China e da It�lia, que foram pegos de surpresa. De acordo com o m�dico, Belo Horizonte tem aproximadamente 32% dos leitos destinados ao tratamento da COVID-19 ocupados. Ele alerta que, apesar de parecer tranquilo, o fato de a doen�a crescer em progress�o geom�trica faz com que, caso a contamina��o saia do controle, sejam necess�rias apenas 72 horas para o sistema entrar em colapso.

Por�m, Starling aponta como principal lacuna do sistema de sa�de o baixo volume de testes, que resulta em uma subnotifica��o. “Temos que fazer mais testes, construir um sistema de vigil�ncia epidemiol�gica mais �gil porque esta n�o � a primeira e nem ser� a �ltima epidemia. Precisamos fazer a informatiza��o desde o posto de sa�de at� o centro de terapia mais sofisticado, tudo interligado. Infelizmente esse investimento foi interrompido por governos anteriores e estamos pagando um pre�o alto”, lamenta.
Starling elogia o isolamento social adotado por Belo Horizonte e considera que seja o bastante para passar pela epidemia com o m�nimo de sofrimento. Ele considera o lockdown uma medida extrema, e acredita que n�o estamos nesse momento. O infectologista tamb�m comenta a ang�stia comum pela chegada do pico epidemiol�gico do coronav�rus e afirma que a batalha de quem pensa a Sa�de � justamente n�o ter esse pico. “O pico de uma epidemia � muito doloroso, muito penoso para toda a popula��o. N�o queremos s� evitar o pico, mas propiciar tratamentos cientificamente comprovados, al�m de alcan�ar uma imunidade de rebanho, ponto em que o v�rus passa a circular com menos agressividade”.
O infectologista atribui o bom resultado obtido at� mesmo a aspectos culturais da popula��o. “Belo Horizonte tem essa tradi��o desde a epidemia de 1918 (a gripe espanhola), quando registrou um n�mero bem menor de casos que outras regi�es do Brasil. Est� certo que naquela �poca t�nhamos uma menor densidade populacional do que agora. Mas, em comum entre essas duas epidemias, est� a caracter�stica do mineiro ser cuidadoso, atender �s determina��es das autoridades sanit�rias. � uma consci�ncia mesmo. � uma marca nossa. O nosso conservadorismo se expressa tamb�m na conserva��o da pr�pria vida”