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Estado de Minas CRISE NO ALTAR

Igreja sente efeitos econ�micos da pandemia do coronav�rus

Com casamentos adiados, semana santa sem fi�is e templos fechados, institui��es buscam sa�das para conservar empregados e obras


postado em 01/05/2020 08:00 / atualizado em 01/05/2020 11:21

Missa no Santuário Nossa Senhora da Boa Viagem gravada por celular e transmitida via internet: de portas fechadas, paróquia teve de adiar uniões, frustrando noivos(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press - 3/4/20)
Missa no Santu�rio Nossa Senhora da Boa Viagem gravada por celular e transmitida via internet: de portas fechadas, par�quia teve de adiar uni�es, frustrando noivos (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press - 3/4/20)
Cerim�nias de casamentos adiadas, igrejas fechadas, missas e outras celebra��es religiosas suspensas, enquanto as contas de �gua, luz e telefone n�o param de chegar, os sal�rios de funcion�rios v�o vencendo e as obras sociais seguem � espera de recursos. Mesmo com a flexibiliza��o do isolamento social em alguns munic�pios da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, as igrejas cat�licas v�o continuar fechadas, e impedidas as aglomera��es religiosas em espa�os p�blicos abertos, conforme determina��o da Arquidiocese de BH. Um exemplo est� na tradicional Missa do Trabalhador, celebrada h� 44 anos com a presen�a de milhares de pessoas, na Pra�a da Cemig, em Contagem. Nesta sexta-feira, a cerim�nia ser� a portas fechadas, na C�ria Regional do munic�pio vizinho � capital, com transmiss�o, �s 9h, pela Rede Catedral de Comunica��o Cat�lica (televis�o, r�dio e internet). Rezar, portanto, s� em casa.

A virada do m�s chegou e com ela vem uma s�rie de boletos que devem ser quitados pelas par�quias da capital e do interior do estado. Mais de um m�s depois de declarada a pandemia do novo coronav�rus pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e de decretos estadual e municipais determinando o isolamento social, a preocupa��o que ronda lares e empresas subiu tamb�m ao altar e j� mobiliza o clero. Tanto que o arcebispo metropolitano de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, dom Darci Jos� Nicioli, gravou um v�deo, dirigido especialmente aos dizimistas e colaboradores, pedindo para n�o se esquecerem da contribui��o. Em Belo Horizonte, a proposta � de uma gest�o solid�ria, para que uma par�quia ajude a outra, mas a iniciativa j� desperta pol�mica nas redes sociais.

Junto ao alerta de que o momento � “de cuidar da pr�pria vida, dos outros e da fam�lia” devido � COVID-19, dom Darci faz um apelo para que os cat�licos pensem na comunidade, pois, se os fi�is n�o est�o reunidos, “a Igreja est� viva e atuante”. E conclama: “Seja generoso, colabore com o d�zimo e as ofertas para continuidade das obras de caridade”. A Arquidiocese de Diamantina abrange 34 munic�pios, com 55 par�quias.

Dom Darci lembra ainda que quase todas as par�quias fazem campanhas de arrecada��o de alimento e v�o iniciar a coleta de agasalhos. “Uma par�quia, em Datas, mobilizou costureiras para produzir m�scaras caseiras. Todos os religiosos renunciaram a parte do sal�rio, e as par�quias maiores adotaram as menores, a modo de par�quias-irm�s”.

J� � comum nas cidades ouvir o temor de padres quanto ao pagamento dos compromissos e dos trabalhos sociais. Com o cancelamento das tradicionais solenidades da semana santa, que atraem milhares de visitantes de todo o pa�s e movimentam a economia local, p�rocos e auxiliares celebraram missas e conduziram ritos com transmiss�o pelas redes sociais. Houve gastos, mas n�o houve as tradicionais ofertas.

“Hoje, pagamos R$ 1.982 de luz e a folha de pagamento de funcion�rios est� em R$ 41 mil, com encargos e benef�cios. Se n�o entrou recurso, j� estamos no negativo. Precisamos, ent�o, de contar com a solidariedade”, diz o vig�rio paroquial da Igreja S�o Jos�, no Centro de Belo Horizonte, padre Fl�vio Campos.
 
Em cidades mineiras onde celebrações da paixão e ressurreição de Cristo são tradicionais, como Mariana, templos se mantiveram de portas cerradas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 11/4/20)
Em cidades mineiras onde celebra��es da paix�o e ressurrei��o de Cristo s�o tradicionais, como Mariana, templos se mantiveram de portas cerradas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 11/4/20)
Padre Fl�vio explicou que o maior n�mero de casamentos ocorre em maio e junho, mas nenhum foi desmarcado. “Todos foram adiados, com taxas j� pagas. Felizmente, as obras de restaura��o da igreja, com a   campanha S�o Jos� � 10, j� terminaram”, afirma o padre, pesaroso, de antem�o, com o cancelamento das barraquinhas das festas juninas.

LOURDES E BOA VIAGEM

Na Bas�lica de Nossa Senhora de Lourdes, outra preferida das noivas, cerim�nias de casamento tamb�m foram reagendadas para o segundo semestre, embora alguns noivos tenham insistido em manter a data para junho e julho, conta o padre Gede�o Maia, h� dois meses como titular da par�quia.

No Santu�rio Arquidiocesano de Adora��o Perp�tua Nossa Senhora da Boa Viagem, houve tamb�m adiamento dos casamentos, que foram marcados para depois de abril em fun��o das obras de restauro. “Uma noiva nos falou que precisamos ser flex�veis, mas isso j� sabemos. De agora em diante, ningu�m vai agir como antes”, diz o reitor e p�roco Marcelo Silva.

Solidariedade em Rede 

Mesmo em crise, a iniciativa Solidariedade em Rede, da Arquidiocese de BH, j� alcan�a n�meros expressivos. Segundo a assessoria da institui��o, h� 84 pontos de refer�ncia para amparo aos mais pobres, de modo descentralizado, compreendendo lugares carentes da capital e 14 munic�pios da Regi�o Metropolitana de BH. No total, foram distribu�das 1,4 mil cestas b�sicas, 400 kits de limpeza, 500 kits de higiene e mais de 15 mil m�scaras de prote��o.

Proposta de gest�o desperta pol�mica


(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 6/11/17)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 6/11/17)
 

“Hoje pagamos R$ 1.982 de luz e a folha de pagamento 
de funcion�rios est� em $ 41 mil, com encargos 
e benef�cios. Se n�o entrou recurso, j� estamos no negativo”


Padre Fl�vio Campos, vig�rio paroquial a Igreja S�o Jos�, no Centro de BH 

Com 28 munic�pios, 280 par�quias e 2 mil comunidades de f�, a Arquidiocese de Belo Horizonte vem se preparando para os impactos decorrentes da pandemia. “Temos que pensar na situa��o de todas as pessoas neste momento de dificuldade. E tamb�m n�o vamos dispensar os milhares de funcion�rios que trabalham conosco, na capital e no interior. S�o muitas fam�lias”, diz o bispo auxiliar dom Vicente Ferreira.

Ele informa que j� � poss�vel sentir os impactos na receita, por isso a Arquidiocese de BH trabalha com o projeto da gest�o solid�ria para que uma par�quia ajude a outra neste momento de pandemia. “Estamos seguindo as determina��es das autoridades, as igrejas est�o fechadas, mas o recurso de muitas par�quias n�o d� para pagar as contas. Elas n�o est�o isoladas, s�o parte de um todo”, diz o bispo auxiliar.

Dessa forma, h� reuni�o dos bispos e conselhos pastorais da Arquidiocese de BH para elabora��o de um plano de coleta comunit�ria. “Estamos empenhados em continuar nosso trabalho de evangeliza��o”, afirma dom Vicente.

Diante de coment�rios que considera not�cia falsa, a assessoria da Arquidiocese de BH divulgou nota de rep�dio contra posts, e at� um abaixo-assinado virtual que circula em redes sociais, dando conta de que o dinheiro das coletas, d�zimo e contribui��es seria depositado numa conta da Arquidiocese de BH, e que os fi�is n�o saberiam o destino da colabora��o.

Diz a nota: “Isto � uma grande mentira. Atualmente, est� em processo de formata��o, com a participa��o dos padres, um plano para que as par�quias se ajudem. A ideia � criar uma gest�o solid�ria dos recursos da Igreja, de forma ainda mais transparente. Isto significa que cada fiel, ao fazer sua oferta, continuar� sinalizando para qual par�quia quer contribuir. A melhoria � que cada par�quia dever� apresentar um or�amento pr�vio, bem detalhado, que contemple as suas despesas (com obras, servidores, manuten��o de templos). A ideia � justamente aperfei�oar a destina��o de recursos, para que sejam poss�veis a��es de ajuda m�tua – as par�quias contribuindo umas com as outras”.

Segundo o texto o modelo n�o � novo, e tem mecanismos de controle: “Essa gest�o solid�ria � praticada em v�rios pa�ses e no Brasil. Ser� acompanhada por muitos conselhos, que contam inclusive com importante participa��o de fi�is leigos. N�o existe decreto, e sim uma proposta.


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