
Em momento em que muitas pessoas est�o preocupadas com o pr�prio futuro, devido �s incertezas provocadas pela COVID-19, h� quem consiga pensar no pr�ximo. Sabedores que no momento n�o � poss�vel realizar as atividades laborais normalmente, usam o conhecimento para ajudar quem precisa. Caso da empres�ria Renata Camargo, de 48 anos, que concebeu e colocou em pr�tica o “Comida que abra�a”.
Mesmo sem poder manter aberto o restaurante Hortel�, que funciona dentro do BHTec, ela decidiu seguir com as atividades, mas com outros fins: decidiu cozinhar para alimentar moradores de rua. H� 10 dias, distribui 100 marmitas diariamente, seis dias por semana, nas ruas de Belo Horizonte.
“Quando tivemos de fechar o restaurante, a gente chegou a cogitar o delivery, mas todo mundo est� fazendo isso. Ent�o pensamos: ‘voc� n�o precisa de mim para comer, tem milh�es de outros restaurantes, mas tem um pessoal que precisa’. Ent�o, fechamos o restaurante totalmente. Estamos pagando, com muito suor, os funcion�rios, demos f�rias a quem tinha direito, folga para quem tinha horas pendentes. Tudo com o objetivo de n�o colocar mais cinco pessoas na rua. Em uma conversa com amigos da (empresa) WayCarbon surgiu a conversa de ajudar quem precisa. Inicialmente, seria doando cesta b�sica, mas j� tem muita gente fazendo, inclusive o governo. A�, pensamos em quem est� em situa��o de rua. E, atrav�s de contato com a Ang�lica, do Instituto de Apoio e Orienta��o a Pessoas em Situa��o de Rua (Inaper), conseguimos a log�stica que precis�vamos, com a seguran�a que tanto nos preocupava. Quer�amos que nosso alimento chegasse em quem realmente precisa e conseguimos”, explica Renata, que � formada em gastronomia.
Definido o objetivo e como ating�-lo, foi hora de buscar recurso para viabiliz�-lo. O recurso inicial, por�m, partiu do pr�prio bolso, com a empres�ria usando R$ 300 para adquirir mat�ria prima, al�m do estoque do restaurante. E novamente apareceram parceiros, como volunt�ros do Grupo Iluminata, que j� trabalha com popula��o em situa��o de rua, o Instituto Ser e o Escrit�rio Camargo e Vieira (que colocou o servi�o advocacia � disposi��o das pessoas com pagamento facultatico. Quem pagar, o dinheiro vai para o Comida que abra�a). “� uma galera muito empenhada e isso faz tudo funcionar de uma maneira muto legal.”
Para completar, foi lan�ada na internet uma campanha de arrecada��o em que qualquer um pode colaborar. Basta acessar o https://www.vakinha.com.br/vaquinha/comida-que-abraca e fazer a doa��o. “O que me alegra � saber que tem uma rede de amor a�. Al�m dos parceiros, h� uma galera muito empenhada e isso faz tudo funcionar de uma maneira muito bacana”, diz Renata, para quem a pandemia est� levando todos � reflex�o. “Acho que deu uma sacodida geral, fez o pessoal entender que planejar � importante, mas realizar hoje, agora, tamb�m. At� porque, se continuar do jeito que estava, n�o saberemos onde estaremos em 30 anos.”
Ela ressalta que s� em Belo Horizonte s�o 7 mil pessoas em situa��o de rua, “sem saber o que vai fazer no dia seguinte”. “Temos de prestar aten��o nisso, ver que essas pessoas precisam de ter o m�nimo de oportuidades. Nem que sejam 100 pessoas. Escrevo mensagens positivas nas tampas e mentalizo que elas v�o ajudar quem receber. N�o posso virar as costas para essas pessoas. Apesar de acreditar que h� algu�m l� em cima cuidando de tudo, temos de fazer nossa parte”, argumenta ela, que pretende chegar a 200 marmitas doadas por dia em breve. “N�o � s� alimentar o corpo, mas tamb�m a alma dessas pessoas. Mostrar que tem algu�m que se importa com elas.”
