
“N�o entre em p�nico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmac�utico." O alerta � do Conselho Federal de Farm�cia (CFF) e conselhos estaduais e abre nesta ter�a-feira o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. A campanha dos profissionais de farm�cia visa alertar para o uso inadequado e a automedica��o, pr�tica comum entre brasileiros. A a��o se baseia no resultado de um estudo realizado a pedido dos conselhos, pela consultoria IQVIA, que constatou um aumento significativo nas vendas de alguns medicamentos relacionados � COVID-19 nos tr�s primeiros meses deste ano, quando aumentaram os casos da doen�a em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado.
As fake news foram os principais meios de difus�o de rem�dios com promessa de cura ou preven��o ao cornav�rus, segundo os dados divulgados pelo Conselho Federal de Farm�cia (CFF). A vitamina C (�cido asc�rbico) foi respons�vel pelo aumento de vendas de 180% em todo o Brasil (191,52% em Minas Gerais), entre janeiro e mar�o deste ano, em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. As falsas not�cias de que teria efeito preventivo � COVID-19, levaram a uma corrida �s farm�cias de todo o pa�s. Os n�meros apontam tamb�m crescimento no consumo da vitamina D ou colecalciferol e da hidroxicloroquina sulfato (+67,93%), a qual foi atribu�da a capacidade de curar a COVID-19. Em Minas Gerais, o consumo de vitamina D em mar�o de 2019 foi de 185.883 e em mar�o deste ano subiu para 830.827.
Foram pesquisados, ainda, os medicamentos isentos de prescri��o que podem ser indicados para amenizar os sintomas leves da COVID-19. No caso do antinflamat�rio Ibuprofeno, as vendas ca�ram (-2,63%), provavelmente porque o medicamento, por um breve per�odo, foi relacionado ao agravamento de casos da doen�a.
Segundo o CFF, os percentuais s�o uma clara demonstra��o da influ�ncia do medo "sobre um h�bito consagrado entre a popula��o brasileira, o uso indiscriminado de medicamentos". Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal, por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedica��o � um h�bito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos �ltimos seis meses anteriores ao estudo, feito em 2019. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por m�s, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
Os conselhos de Farm�cia alertam que todos os medicamentos oferecem riscos. Mesmo os isentos de prescri��o podem causar danos, especialmente se forem usados sem indica��o ou orienta��o profissional. Dependendo da dose, o paracetamol pode causar hepatite t�xica. A dipirona oferece risco de choque anafil�tico e o ibuprofeno � relacionado a tonturas e vis�o turva. J� o uso prolongado da vitamina C pode provocar diarreias, c�licas, dor abdominal e dor de cabe�a. Al�m disso, o c�lcio pode depositar-se nos rins e at� causar les�es permanentes.
Os riscos s�o mais graves em rela��o � hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doen�as como o l�pus eritematoso. Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a mal�ria, por�m disponibilizada apenas na rede p�blica), a hidroxicloroquina pode causar problemas na vis�o, convuls�es, ins�nia, diarreias, v�mitos, alergias graves, arritmias (cora��o batendo com ritmo anormal) e at� parada card�aca. O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronav�rus ainda n�o tem evid�ncias representativas. Portanto, se justifica apenas com supervis�o e prescri��o m�dica, atualmente com reten��o de receita.
“O nosso alerta � para se evitar a automedica��o, que causa s�rios danos � sa�de da popula��o, principalmente em tempos de pandemia. Os usu�rios de medicamentos devem buscar as orienta��es dos farmac�uticos que trabalham seguindo as recomenda��es da Anvisa e promovem as boas pr�ticas farmac�uticas para realizar a dispensa��o dos medicamentos,” observa a presidente do Conselho Regional de Farm�cia de Minas Gerais, J�nia C�lia de Medeiros.