Medo de contrair a COVID-19 supera temor de perder o emprego
Na Grande BH, 7 a cada 10 pessoas t�m maior preocupa��o com o coronav�rus do que ficar sem a renda do trabalho e 28,7% pensam mais na falta do emprego, segundo pesquisa do Instituto Olhar/Crisp-UFMG, divulgada com exclusividade pelo Estado de Minas
Maioria dos entrevistados entende que n�o est� na hora de flexibilizar a quarentena e parte deles pratica o distanciamento social (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A cada grupo de 10 moradores da Grande Belo Horizonte, sete t�m mais medo de contrair a COVID-19 do que perder a sua renda devido aos efeitos na economia da crise do novo coronav�rus (Sars-Cov-2). A opini�o foi expressa na sexta semana da pesquisa “Term�metros da crise COVID-19”, do Instituto Olhar/Crisp-UFMG, que � divulgada semanalmente com exclusividade pelo Estado de Minas. O percentual de pessoas que responderam ter mais medo da infec��o foi de 71,3%, enquanto aqueles que temem mais pelos seus empregos e renda somam 28,7% do universo do levantamento.
Reflexo desse receio, a maioria dos entrevistados n�o acha que seja a hora de flexibiliza��o do afastamento comunit�rio. A pesquisa constatou que 59% querem manter um isolamento rigoroso nas cidades onde moram, ante 36,6% que afirmaram j� ser hora de uma libera��o gradual de algumas atividades. A minoria, 4,4%, quer o fim do regime de afastamento.
Embora o cen�rio da economia afete toda a popula��o, os entrevistados expressaram que a preocupa��o com a sa�de ainda � maior e que eles enxergam o isolamento como �nica ferramenta dispon�vel de sobreviv�ncia, na avalia��o do s�cio-diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade, doutor em administra��o. “Hoje, dispomos apenas destas tr�s op��es: isolamento r�gido, flexibiliza��o gradual, e abertura. Ainda predomina o entendimento de que n�o seja um momento de se ter um abrandamento do isolamento, j� que a preocupa��o com os efeitos da doen�a e com a preserva��o da vida ainda s�o maiores, apesar dos impactos na renda”, afirma.
Nessa sexta rodada da pesquisa, realizada entre o dia 7 e ter�a-feira, os entrevistados emitiram notas de zero a 10, traduzidas depois em term�metros com os par�metros de apoio ao isolamento social, medo da infec��o, desempenho dos governos no enfrentamento � pandemia, e comprometimento econ�mico.
O apoio ao isolamento continua elevado, com nota 8,4, mas com o registro de menor pontua��o, tendo em vista que na �ltima semana havia chegado ao pico, com pontua��o 8,7. A vis�o sobre o comprometimento dos outros segue em decl�nio, com a percep��o recebendo a pior nota, de 7,4. Essa avalia��o chegou a 8,2 na primeira semana. Chama a aten��o, tamb�m, o fato de ter dobrado o n�mero de pessoas que, em vez de isolamento, praticam distanciamento, ou seja, reduziram os contatos sociais. Esse �ndice foi de 5,6% na semana anterior de entrevistas e subiu para 10,3%, o maior de toda a s�rie.
“Isso mostra que j� h� um certo desgaste das pessoas com o isolamento, com a queda ainda pequena do tempo de apoio, mas, ainda assim, a medida � vista como a principal a ser tomada para conter a doen�a”, observa o diretor do instituto de pesquisa. A maioria dos entrevistados, 68,2%, ainda sai de casa apenas para praticar atividades essenciais (eram 69,2% na pesquisa anterior). A taxa m�dia de apoio � quarentena � de 15,7 semanas desde 20 de mar�o, �ndice similar ao da �ltima amostragem, de sete dias atr�s, que era de 16,7.
Prefeituras s�o melhor avaliadas
A avalia��o dos moradores da Grande BH sobre a atua��o dos governos no combate ao coronav�rus caiu para o patamar mais baixo desde o in�cio dessa pesquisa, marcando 5,1 pontos. No come�o da pesquisa, essa percep��o alcan�ou pontua��o 6,6. Abaixo da m�dia, puxando essa percep��o, est�o as respostas relativas aos governos federal, que mantiveram a nota 3, e estadual, de 4,8, perante os 5,5 anteriores.
A confian�a maior ainda est� nas prefeituras da Grande BH, que receberan 7,5 pontos, mas que apresentou recuo depois de registrar pontua��o 8 na �ltima semana. “Percebemos que as pessoas est�o decepcionadas com os rumos que os governos tomaram. N�o sentem que nenhuma esfera tenha dominado completamente a situa��o, recaindo mais sobre as a��es de isolamento das popula��es a conten��o da COVID-19”, observa o s�cio-diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade.
O governo federal tem a maior concentra��o de notas zero, com 45,1% de respostas o classificando assim ante a pandemia do novo coronav�rus. O governo estadual conseguiu dobrar o seu �ndice de notas zero desde a �ltima semana, saltando de 9,9% para 20,6% com essa conceitua��o, e uma por��o importante (46,8%) dos entrevistados t�m avalia��o de notas 5 a 8.
As prefeituras municipais se destacam pelas notas m�ximas, que foram assinaladas por 32,2% da amostra da pesquisa. (MP)