postado em 16/05/2020 04:00 / atualizado em 16/05/2020 07:17
(foto: Ed�sio Ferreira EM D.A Press)
O primeiro boletim de monitoramento do coronav�rus em Belo Horizonte, divulgado ontem pela prefeitura, j� trouxe um sinal de alerta para a popula��o. Com base em pesquisas e an�lises de feitas nos �ltimos sete dias, os dados mostram o n�vel de pandemia na cidade na cor amarela, numa escala de tr�s n�veis (verde, amarelo e vermelho). De acordo com as autoridades municipais de sa�de, o resultado ainda n�o garante a abertura gradual da economia no dia 25, data prevista pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) caso haja seguran�a para a popula��o. A flexibiliza��o da quarentena na capital est� justamente condicionada � evolu��o dos indicadores epidemiol�gicos.
O comit� de enfrentamento do coronav�rus usou tr�s vari�veis para detectar a expans�o da doen�a em BH: n�mero m�dio de transmiss�o, que indica quantos novos casos se originam, em m�dia, a partir de uma pessoa que j� est� infectada; ocupa��o de leitos de UTI; e ocupa��o de leitos de enfermaria. De acordo com os dados, referentes ao dia 12, apenas o primeiro indicador teve n�vel de alerta amarelo, com �ndice de 1,09 de transmiss�o por infectado. J� as taxas de ocupa��o de leitos apontaram o sinal verde, com porcentagem de 49% na categoria UTI e 30% em enfermaria, o que significa que a cidade conta com leitos em quantidades aceit�veis no momento. Para que o alerta geral fique verde, todos os tr�s indicadores devem estar nessa cor.
Integrante do comit� de enfrentamento da COVID-19 em Belo Horizonte, o infectologista Carlos Starling interpreta o boletim com otimismo: "Os resultados s�o excelentes. Estamos muito bem. Estamos com quase todos os indicadores em n�veis est�veis, com quantidade razo�vel de leitos de UTI � disposi��o. Os dados mostram uma epidemia est�vel. Tem uma discreta tend�ncia de aumento, mas em n�veis aceit�veis". Para o m�dico, entretanto, o melhor caminho continua sendo a quarentena. "Se baixarmos a m�dia de transmiss�o por infectado para �ndice inferior a 1, a epidemia some. Se aumentarmos o isolamento social, essa taxa tamb�m se reduzir�".
Por enquanto, o munic�pio entende que a abertura das atividades no dia 25 n�o est� comprometida nem assegurada totalmente. Caso algum outro indicador passe a ser amarelo, a flexibiliza��o do isolamento social para daqui a 10 dias pode ser barrada.
E � cautela o que recomenda o secret�rio de Sa�de, Jackson Pinto, diante do resultado desse primeiro term�metro. Isso porque o limite da �rea amarela, ou seja, de aten��o, para o indicador de velocidade de transmiss�o � de 1,20 e, segundo o boletim, houve uma leve alta na curva do gr�fico tra�ado at� aqui – no in�cio de maio ele chegou a cair para 1,02 e subiu para 1,05 antes de chegar ao limite atual. “Caso esse movimento se configure em uma tend�ncia de aumento de velocidade de transmiss�o, haver� necessidade de determina��o de nova data de reabertura. Diante dessa volatilidade nos n�meros, pedimos a ajuda da popula��o para o uso correto de m�scaras, do �lcool e rigor no isolamento. A data de abertura depende do compromisso de toda a cidade em colaborar para que tenhamos maior controle na transmiss�o”, disse o secret�rio.
De acordo com a conclus�o expressa no boletim “para o n�vel de transmiss�o apurado (1,09) � esperado que a ocupa��o destes leitos suba em 14 dias”.
O secret�rio explica que a retomada das atividades econ�micas e do uso dos espa�os p�blicos ser� gradual e por fases, sempre que o n�vel de alerta geral for verde. “Esse n�vel � atingido quando os tr�s indicadores estiverem verdes e com o parecer favor�vel do Comit� de Enfrentamento � COVID-19. No caso de algum dos indicadores ser amarelo ou vermelho, o processo de retomada poder� ser interrompido, podendo retroceder at� que todos voltem a ficar verdes”, pontua.
A Secretaria Municipal de Sa�de esclarece tamb�m que, se alguma vari�vel ficar na cor vermelha, o munic�pio pode agir com mais rigor nas medidas de quarentena, chegando, inclusive, aderir ao lockdown. Para o n�mero m�dio de transmiss�o por infectado (Rt) as faixas de alerta s�o: de 0 a 1, verde; entre 1 e 1,2, amarelo; acima de 1,2, vermelho. Para a taxa de ocupa��o de leitos de enfermaria e UTI COVID: at� 50%, verde; entre 50% e 70%, amarelo; e acima de 70%, vermelho. O boletim utiliza ainda como indicadores auxiliares para a tomada de decis�o o monitoramento do isolamento por meio de celulares (ajuda a entender o comportamento da popula��o) e a proje��o do n�mero de casos da doen�a segundo cen�rios de cont�gio (Rt).
Nas notas metodol�gicas divulgadas junto com o estudo, a prefeitura alerta para limita��es dos indicadores, entre elas o fato de os leitos de UTI de Belo Horizonte servirem tamb�m ao estado. “Portanto, o controle da epidemia exclusivamente por parte da cidade pode n�o ser suficiente para manter ou reduzir a ocupa��o dos leitos.”
Jeziel Sanches transita entre as regi�es Nordeste, onde reside, e Centro-Sul, onde trabalha como cuidador de idoso. %u201CPreciso redobrar a aten��o%u201D (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Recorde de casos eleva tens�o em �reas nobres
Larissa Ricci
Clima de apreens�o entre moradores e trabalhadores do Bairro Lourdes, na Regi�o Centro-Sul da capital mineira, a que concentra mais casos de COVID-19 na capital mineira. De acordo com dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) publicados ontem, 37 diagn�sticos da doen�a foram confirmados na localidade, n�mero superior aos verificados isoladamente em qualquer outro bairro da cidade.
Maria Aparecida Borges Evangelista, de 67 anos, mora na Rua Felipe dos Santos e ficou ainda mais em alerta ap�s ter conhecimento das estat�sticas divulgadas pela administra��o municipal. "Com certeza ficamos com medo", disse. Ela garante que est� tomando os cuidados de higiene necess�rios e diz se alimentar bem para manter a imunidade. “Estou saindo apenas para o essencial: vou ao banco, ao supermercado e � farm�cia. Percebo que as pessoas n�o est�o respeitando totalmente as recomenda��es para ficar em casa por aqui”, acrescentou. Mas acredita que o n�mero de pessoas nas ruas n�o aumentou nos �ltimos dias. "Est� do mesmo jeito", avalia.
O taxista Alexandre Gomes, de 65, voltou a trabalhar na segunda-feira e aguardava passageiros na Pra�a Mar�lia de Dirceu, tamb�m no Bairro de Lourdes. "N�o consigo mais ficar em casa, por isso voltei para o trabalho. Hoje, uma moradora passou por aqui e me contou sobre o alto �ndice de casos da COVID-19 no bairro. Acho que porque � aqui onde moram as pessoas mais ricas", avaliou. Ele ainda ressalta que se espantou com o n�mero de pessoas na rua nessa regi�o: "Muita gente fazendo caminhada e passeando com o cachorro." O taxista diz ter atendido apenas um passageiro na manh� de ontem e afirma que usa �lcool em gel no carro para higienizar as m�os e o ve�culo. "Tem m�scara at� para passageiro se precisar", acrescentou o profissional, que trabalha como taxista h� 30 anos.
Meire Lane Resende, de 59, mora na Rua Alvarenga Peixoto, bem pr�ximo do ponto de t�xi. "Muita gente viajou para fora (do pa�s). O v�rus estava circulando e as pessoas nem sabiam”, disse, ao avaliar as poss�veis causas do n�mero de casos no bairro acumulados desde a chegada da pandemia � cidade. “Vejo uma ou outra pessoa sem m�scara, mas os supermercados da regi�o est�o bem cheios", observou, acrescentando que est� tomando todos os cuidados ao sair de casa. Meire � servidora p�blica e trabalha de casa. A filha dela, Bruna Miranda, de 26, por sua vez, tem outra hip�tese para o alto n�mero de casos na regi�o: "A impress�o � de que o bairro est� entre regi�es muito movimentadas, como se fosse uma �rea de passagem. Vejo muitas pessoas na rua, mas a minha refer�ncia � apenas a do Bairro de Lourdes, j� que n�o tenho sa�do".
Al�m do Lourdes, outros tr�s bairros da Regi�o Centro-Sul registram 20 ou mais casos: Belvedere (26), Funcion�rios (22) e Sion (20). Jeziel Sanches, de 34, � cuidador de idosos. Apesar de morar no Bairro S�o Marcos, na Regi�o Nordeste da cidade, ele trabalha no S�o Pedro, na Regi�o Centro-Sul. Para chegar at� o endere�o, passa pelo Funcion�rios. "N�o tem op��o, preciso trabalhar. O idoso n�o tem como ficar sozinho", disse. "Preciso redobrar a aten��o. O n�mero est� crescendo e cuido de um homem que j� � grupo de risco", afirma.
Dos casos confirmados da COVID-19 em Belo Horizonte, 639 est�o georreferenciados pela prefeitura, o que equivale a cerca de 60% do total, j� que o boletim de ontem registrava1.068 diagn�sticos na cidade. O Bairro Castelo, na Pampulha, tem 18 diagn�sticos. Serra (Centro-Sul), com 13, Prado (Oeste), com 12, e Santa Efig�nia (Leste), com 12, fecham a lista dos 10 bairros mais infectados pela doen�a em Belo Horizonte. Vale ressaltar que os dados registram apenas casos confirmados da doen�a e se referem ao bairro de resid�ncia. Ou seja, nada garante que a infec��o tenha sido contra�da na mesma localidade.
Minas registra 146 mortes
M�rcia Maria Cruz
Minas registrou mais sete mortes e chegou a 146 �bitos pela COVID-19 ontem. De acordo com o boletim epidemiol�gico da Secretaria de Estado de Sa�de (SES), j� s�o 4.196 casos confirmados da doen�a. Desse total, 1.956 pessoas j� est�o recuperadas. Um total de 304 munic�pios registra diagn�sticos positivos da enfermidade.
Belo Horizonte registrou a morte de uma mulher de 46 anos e agora contabiliza 29 �bitos e 1.059 casos confirmados. O boletim tamb�m confirma uma morte em cada uma das seguintes cidades: Uberaba, Mariana, Boa Esperan�a, Muria�, Mar de Espanha e Carmo do Cajuru.
O governo de Minas mudou a forma de apresentar os dados desde quinta-feira. Passou a incluir o n�mero de pacientes recuperados e o n�mero de exames realizados. Foram realizados 16.953 testes, com resultado positivo para 824 pessoas e 15.053 negativos. Aguardam o resultado 933 exames. Depois de ultrapassar 100 mil casos suspeitos, o governo suprimiu essa informa��o do boletim.
AVAN�O O novo coronav�rus chegou a 304 munic�pios mineiros, que tiveram confirma��o para casos da doen�a. Depois de Belo Horizonte, as cidades em destaque s�o Juiz de Fora (15 �bitos e 385 casos confirmados), Uberl�ndia (11 mortes e 351 casos) e Governador Valadares (quatro �bitos e 56 casos).
De acordo com o boletim, 758 pessoas est�o hospitalizadas para tratar da COVID-19 e outras 1.718, que tiveram diagn�stico positivo, est�o em isolamento domiciliar. O n�mero de casos confirmados � semelhante entre homens (2.033) e mulheres (2.017). A maior parte dos casos de contamina��o est� na faixa dos 20 aos 59 anos (78%).
Entre os pacientes com diagn�stico confirmado est�o 742 idosos. Nesse grupo h� maior letalidade: os maiores de 60 anos representam 75% dos �bitos no estado. Das pessoas que n�o resistiram ao novo coronav�rus, 88% apresentavam enfermidades associadas, como diabetes, obesidade e doen�a renal.
Gripe mata 13
Treze pessoas morreram em decorr�ncia de s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) provocada por v�rus influenza em Minas entre o fim de dezembro e quinta-feira, aponta boletim da Secretaria de Estado da Sa�de (SES-MG), que trata da ocorr�ncia de v�rus respirat�rios, principalmente a gripe e seus subtipos, no estado. Segundo o boletim, 8.787 casos de SRAG foram notificados em Minas no per�odo, incluindo os pacientes com COVID-19. Desse total, 107 pessoas testaram positivo para influenza, incluindo as 13 que morreram e 28 haviam sido vacinadas. No informe, a secretaria salienta ainda que muitas amostras sobre a gripe n�o t�m sido liberadas oportunamente devido � grande demanda para a aferi��o de amostras ligadas � pandemia do coronav�rus. H� ainda 51 �bitos por SRAG em investiga��o.