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Estado de Minas RISCO

Isolamento? Domingos em BH t�m 30% mais movimento que durante a semana

Fluxo de ve�culos tem preocupado especialistas porque indica queda do isolamento


postado em 31/05/2020 04:00 / atualizado em 01/06/2020 10:46

Domingo, 5 de abril: reportagem do EM flagrou movimento na orla da Pampulha como se fosse um dia normal. A prefeitura foi obrigada a bloquear o acesso à região para evitar aglomeração(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 5/4/20 )
Domingo, 5 de abril: reportagem do EM flagrou movimento na orla da Pampulha como se fosse um dia normal. A prefeitura foi obrigada a bloquear o acesso � regi�o para evitar aglomera��o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 5/4/20 )
 
O comportamento dos popularmente chamados domingueiros – pessoas que aos domingos re�nem sua fam�lia, amigos e vizinhos para passeios –, pode ser um dos pontos fracos do afastamento social em Belo Horizonte e at� comprometer os recentes avan�os, como a reabertura gradual do com�rcio. De acordo com levantamento do aplicativo de tr�nsito Waze, desde o in�cio da epidemia do novo coronav�rus (Sars-CoV-2), os domingos t�m sido sucessivamente os dias da semana de maior movimento de carros na capital mineira, superando em 28,92% a m�dia de tr�fego do per�odo (veja o gr�fico abaixo).
 

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que todas essas informa��es s�o levadas em conta para a��es pontuais de dispers�o de aglomera��es, bem como fechamento de �reas como pra�as e mirantes. Lembra, tamb�m, que uma piora nos indicadores da COVID-19 pode obrigar a uma regress�o das recentes aberturas. Na sexta-feira, o prefeito Alexandre Kalil anunciou que o comit� de enfrentamento da PBH vetou a progress�o da abertura do com�rcio, que come�aria amanh�. Especialistas condenam esse comportamento, que leva perigo mesmo com as pessoas dentro dos carros.
Desde 16 de mar�o, quando o primeiro doente de COVID-19 foi confirmado em BH e as aulas foram suspensas, o movimento de ve�culos caiu vertiginosamente, chegando a despencar 69,85% na sexta-feira, 20 de mar�o, quando o decreto de situa��o de calamidade p�blica estadual (Decreto 47.891/20) foi publicado e o afastamento social come�ou de forma mais sistem�tica. Em m�dia, o volume de carros, motos, caminh�es e �nibus em circula��o na capital mineira se restringiu a 26,75% do normal desde o in�cio da epidemia e desse comportamento de maior reclus�o da popula��o.

O dia de menor movimento registrado foi 10 de abril, uma sexta-feira, com 9,91% do movimento normal da cidade, justamente um dia depois de come�ar a vigorar o decreto municipal que suspendeu o alvar� de funcionamento de estabelecimentos considerados n�o essenciais, como boates, casas de festas e eventos, feiras, exposi��es, congressos e semin�rios, shoppings, cinemas, teatros, clubes, academias, parques, bares, restaurantes e lanchonetes.

Contudo, a paci�ncia de uma parcela dos belo-horizontinos parece n�o suportar o afastamento aos domingos. J� no primeiro domingo de distanciamento, o fluxo de autom�veis apresentou seu primeiro pico, elevando-se 56,85% acima do movimento da sexta-feira, chegando a 47,28% do volume de um dia normal antes da pandemia. Essa amplia��o de movimento se repetiu sucessivamente pelos 10 domingos de pandemia, com esse dia da semana registrando em m�dia  47,93% do tr�fego de um dia normal, contra a m�dia de 26,75% dos dias comuns do per�odo da epidemia. 

O domingo de maior movimento foi em 10 de maio, marcado pelo Dia das M�es, data em que o tr�nsito de ve�culos chegou a 74,60% do normal, o que representa um aumento de 179% em rela��o � m�dia de circula��o dentro do per�odo de afastamento social.
 
No domingo passado, grande fluxo de veículos no entorno da Feira dos Produtores, no Bairro Cidade Nova(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 24/5/20)
No domingo passado, grande fluxo de ve�culos no entorno da Feira dos Produtores, no Bairro Cidade Nova (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 24/5/20)
 

Risco

De acordo com o m�dico Marcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Cl�nica e Epidemiol�gica do Hospital Universit�rio da USP e professor da Faculdade Israelita de Ci�ncias da Sa�de Albert Einstein, o tr�nsito se ampliando aos domingos amplia tamb�m a possibilidade de dispers�o do novo coronav�rus em Belo Horizonte e demonstra um afrouxamento que ele considera perigoso no comportamento de afastamento. “Se algu�m entrar no carro e estiver infectado, � um risco de cont�gio para a comunidade. Ningu�m entra para circular na Pampulha e fica apenas dentro do carro. Sempre desce do carro, interage e tem contato com o local aonde foi. Quem sai de casa de carro, sai para fazer alguma coisa. Vai ao mercado, num parque, visitar os pais ou av�s. Se � constante e expressivo, � tamb�m preocupante numa �poca em que a epidemia n�o est� controlada, mas em expans�o”, afirma o especia- lista.

Bittencourt afirma que � necess�rio um outro tipo de postura para ajudar a conter a epidemia. “Tudo indica que se o movimento se d� aos domingos, trata-se de atividades opcionais, e n�o essenciais. � preciso que se entenda que esse per�odo n�o � de f�rias, n�o � para lazer. N�o � porque a pessoa n�o trabalha que pode expor a comunidade a riscos, como a amplia��o do tr�nsito de pessoas. O surto n�o est� controlado e esse problema aumenta a capacidade de o v�rus progredir”, avalia.


Monitoramento � usado pela PBH para definir a��es

O aumento de tr�fego e o comportamento dos ocupantes dos ve�culos � observado pela Prefeitura de Belo Horizonte por meio de diversos servi�os e sistemas de monitoramento, podendo desencadear a��es caso traga alguma amea�a sanit�ria. De acordo com o subsecret�rio de Promo��o e Vigil�ncia � Sa�de da Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA), Fabiano Pimenta, � poss�vel detectar quais comportamentos trazem riscos com grande velocidade e isso � um fator importante para a tomada de decis�es, como abertura ou fechamento de atividades. “Ao observar que houve algum desequil�brio que cause aumento de casos, temos indicadores muito sens�veis e muito importantes, que nos permitem detectar dados di�rios da COVID-19 nas unidades de sa�de, nos laborat�rios, na rede de hospitais privados e isso tudo nos orienta”, informou.

O subsecret�rio afirma que o tr�nsito � um indicativo importante e que tamb�m � monitorado por outros aparatos da administra��o municipal. “Temos o Centro de Opera��es da BHTrans, que nos orienta sobre o fluxo de ve�culos por meio de c�meras e outros sistemas. Temos tamb�m informa��es sobre o transporte p�blico de passageiros pela BHTrans”, afirma.
 
Os resultados de uma grande concentra��o de ve�culos num local podem ser tamb�m monitorados para levantar o risco que trazem. “Se notarmos um aumento de fluxo num determinado local, temos v�rios �rg�os municipais que podem traduzir isso e alertar se � um comportamento perigoso, como a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU), a BHTrans, a Guarda Municipal, a Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA), Secretaria de Desenvolvimento Econ�mico, a Secretaria de Planejamento e Gest�o. Vamos procurar entender, em cada uma dessas regi�es onde isso vier a ocorrer, quais s�o os motivos disso, se houve uma abertura de um determinado segmento que provocou aquilo. Se o fluxo estiver muito voltado para um determinado local, podemos observar se h� a ades�o de uso das m�scaras e outros comportamentos”, afirma.

Se o fluxo intenso trouxer perigo de amplia��o de casos da COVID-19, a��es mais dr�sticas poder�o ocorrer. “Medidas poder�o e dever�o ser adotadas se houver amea�as, inclusive regress�o da abertura comercial. Acho que n�o h� problema nenhum em recuar nessa abertura ao observar precocemente algum desequil�brio em fun��o de um vetor claro que causou esse desequil�brio, esse aumento de casos. N�o h� nenhum problema em se fazer isso”, avisa Pimenta.



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