Serraria Souza Pinto vai abrigar moradores de rua durante a pandemia do coronav�rus
Tradicional espa�o para feiras e festas, Serraria Souza Pinto receber� nos pr�ximos dias moradores em situa��o de rua, mais suscet�veis ao coronav�rus
postado em 03/06/2020 06:00 / atualizado em 03/06/2020 19:33
Um espa�o cultural de Belo Horizonte que � tradicional palco de festas, feiras, exposi��es e at� baile de carnaval tem agora uma fun��o muito mais social. Nos pr�ximos dias, a Serraria Souza Pinto, constru��o dos primeiros tempos da capital e integrante do conjunto arquitet�nico da Pra�a da Esta��o, na Regi�o Centro-Sul, vai funcionar como local de refer�ncia para acolher a popula��o em situa��o de rua, fatia da popula��o muito vulner�vel � contamina��o pelo novo coronav�rus. A iniciativa � da Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio do projeto Canto de Rua Emergencial.
Segundo a irm� Cristina Bove, da Pastoral Nacional do Povo da Rua, com sede em BH e organismo da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a a��o na Serraria – como o pr�dio tombado pelo patrim�nio � mais conhecido – faz parte da frente humanit�ria criada para atender homens e mulheres, de todas as idades, "principalmente diante da falta de pol�ticas p�blicas espec�ficas para o enfrentamento da situa��o". Entusiasmada com a iniciativa, a irm� destaca o papel, agora nesta pandemia, do im�vel "emblem�tico" para a cultura, pertencente � Funda��o Cl�vis Salgado, vinculada � Secretaria de Estado de Cultura e Turismo.
Nesses �ltimos dias, o interior do pr�dio vem sendo readequado para receber pessoas que, al�m da amea�a da COVID-19, enfrentam baixas temperaturas nas ruas – neste inverno rigoroso, j� h� registro de um �bito em rua de BH. Conforme dados do Cadastro �nico para Programas Sociais (Cad�nico), do governo federal, a capital tinha, em fevereiro, 9.060 pessoas em situa��o de rua.
Para melhor atendimento ao p�blico, o espa�o interno da Serraria ser� dividido em pra�as: de sa�de, com profissionais para avaliar se h� sintoma do novo coronav�rus; de lanche; e da dignidade, envolvendo higieniza��o (sanit�rios e banho). A quest�o social tamb�m ser� atendida para informa��es sobre documentos, den�ncia a respeito de viol�ncia e explica��es com rela��o aos direitos humanos. "O objetivo � dar aten��o integrada a at� mil pessoas por dia, dentro da concep��o de garantia de direitos e promovendo a��es de cuidados, prote��o e informa��o", diz a irm� Cristina.
Ao mesmo tempo, a iniciativa est� providenciando hospedagem, de modo especial para idosos e portadores de doen�as cr�nicas. Cento e cinquenta pessoas ser�o recebidas em pousadas, sendo que 42 j� est�o hospedadas. H� mais duas a��es: oferecimento de caf� da manh� e, a partir da semana que vem, em diversos pontos da cidade, de um kit de inverno, com saco de dormir, blusa de frio e meias.
M�os dadas
A iniciativa mobilizou o poder p�blico e empresas numa “rede do bem”, junto � Prefeitura de Belo Horizonte, Vicariato Episcopal para A��o Social, Pol�tica e Ambiental da Arquidiocese de BH e outras institui��es, como o Instituto Unibanco, e entidades. Irm� Cristina destaca que a popula��o de rua �, diariamente, "v�tima de discrimina��o e preconceito, alvo de viola��es de direitos e carente de acesso a diversas pol�ticas p�blicas. Assim, diante desse cen�rio e em fun��o da pandemia, o Canto da Rua Emergencial ser� um espa�o tempor�rio de apoio e atendimento com diversos servi�os".
Conforme os organizadores, toda a estrutura��o teve a interlocu��o com o Comit� da COVID-19, atendendo �s orienta��es de distanciamento social, uso e distribui��o de m�scaras, higieniza��o de m�os e do pr�prio espa�o, tendo ainda planejamento para evitar aglomera��o.
Projeto de acolhimento envolve CNBB e Prefeitura de BH: local ter� pra�as voltadas para sa�de, alimenta��o e higieniza��o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 14/8/19)