Taxa alta de infectados pelo coronav�rus preocupa cidades pequenas
Boa parte das cidades de Minas Gerais com poucos moradores registra grande n�mero de pessoas contaminados por grupo de 1 mil habitantes, inclusive acima da propor��o medida em BH, como � o caso de Alvarenga, no Vale do Rio Doce; e S�o Sebasti�o do Oeste, no Centro-oeste do estado
Em Mar de Espanha, na Zona da Mata, a proximidade com o Rio de Janeiro preocupa e o munic�pio investe em testagem (foto: Prefeitura de Mar de Espanha/Divulga��o)
As prefeituras de Mar de Espanha e Senador Cortes lidam com a mesma dificuldade para tentar conter o avan�o do novo coronav�rus. Com popula��o pequena, as duas cidades fazem parte de um ranking dram�tico do alto n�mero de pessoas infectadas, quando avaliadas em grupos de 1 mil habitantes. Distante apenas 24 quil�metros do Rio de Janeiro, um dos estados mais sacrificados pela doen�a respirat�ria, Mar de Espanha investiu em testagem e a preocupa��o aumentou, como reconhece o secret�rio de Sa�de da cidade, Eder Souza. O universo de pessoas contaminadas pela COVID-19 em todo o estado alcan�ou, ontem, 16.102 e as mortes atingiram a marca de 399.
Com apenas 2.005 habitantes, Senador Cortes, vizinha de Mar de Espanha, tem quatro casos confirmados e lan�ou m�o do mecanismo das barreiras sanit�rias para tentar conter a a��o do v�rus. A propaga��o da doen�a no interior de Minas Gerais, que j� havia colocado os prefeitos de cidades-polo de regi�es como Vale do A�o, Zona da Mata e Tri�ngulo sob alerta, agora pressiona tamb�m administradores de munic�pios pequenos.
Levantamento feito pelo Estado de Minas com base em dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES) divulgados ontem mostram que, entre as cidades com at� 20 mil habitantes, Alvarenga, no Vale do Rio Doce, tem a maior taxa de pessoas infectadas a cada 1 mil moradores: s�o 20 pacientes nessa forma de an�lise dos n�meros da doen�a respirat�ria. Rio Doce e Zona da Mata t�m, cada uma, tr�s munic�pios na lista dos 10 piores casos nesse tipo de compara��o. Eles apresentaram n�meros de infectados por 1 mil habitantes, maiores que o de Belo Horizonte, de 1 caso por mil habitantes.
Entre os munic�pios com at� 5 mil habitantes, Alvarenga (20 casos/1 mil habitantes), Chiador (6,3/1 mil), na Zona da Mata, e S�o Sebasti�o do Oeste (4,7/1 mil), no Centro-Oeste, ocupam as tr�s primeiras posi��es na lista das cidades mais afetadas pela contamina��o (veja o quadro). A proximidade com cidades maiores ou que s�o refer�ncia nessas regi�es facilita a circula��o de pessoas e eleva o risco de transmiss�o de COVID-19. � dificuldade semelhante �quela que ocorre nas cidades pr�ximas �s divisas com S�o Paulo e Rio de Janeiro, dois dos estados que puxam os n�meros de infectados e mortos pelo v�rus.
No ranking das cidades mineiras com 5 a 10 mil moradores nessa compara��o aparece tamb�m Vargem Alegre, no Vale do Rio Doce, com 3,1 pessoas infectadas por mil habitantes. Dentro desse mesmo grupo, Tombos, na Zona da Mata, tem taxa de 2,7 contamina��es por 1 mil habitantes, �ndice um pouco maior que o de Catas Altas (2,2), na Regi�o Central, e Toledo (2,1), no Sul, que contabilizam 2 infectados por mil habitantes, cada uma.
Para o infectologista Ant�nio Toledo Jr, professor da Unifenas, surtos da doen�a em munic�pios como Alvarenga podem ser atribu�dos � transmiss�o comunit�ria, quando n�o se sabe mais por quem o v�rus foi transmitido, e tamb�m descumprimento das normas de preven��o, como distanciamento social, uso de m�scaras e �lcool em gel. “Os moradores de cidades pequenas t�m a falsa impress�o de que est�o protegidos da doen�a. A contamina��o pode vir do tr�nsito de pessoas das cidades-polo para essas cidades menores”, explicou.
Atendimento O excesso de casos em cidades pequenas sobrecarrega o sistema de sa�de, como destaca o infectologista. “Dentro do SUS (Sistema �nico de Sa�de), existem as redes de refer�ncias microrregionais e macrorregionais para atendimento e interna��o. Cidades como Alvarenga e Chiador, que n�o t�m recursos para manter unidades de terapia intensiva (UTIs) em seus munic�pios, encaminham pacientes para Juiz de Fora ou Governador Valadares”, comenta Toledo Jr. “Os recursos na sa�de para esses encaminhamentos s�o caros. A Secretaria de Estado de Sa�de (SES) fornece os recursos para interna��o no munic�pio de refer�ncia para que gerenciem os leitos de UTI”.
“O levantamento mostra que o morador de Alvarenga tem 20 vezes mais chances de contrair a COVID-19 que um morador de Belo Horizonte”, explicou o infectologista. Segundo Toledo Jr., Minas Gerais tem melhorado o prazo para a entrega de exames, que passou para cerca de 24 horas, e isso contribui para a aproxima��o da estat�stica oficial ao n�mero real de infectados no estado. Minas tem 522 munic�pios (61,19%) com ao menos um registro confirmado de COVID-19, segundo balan�o divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES). *Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira
Teste � justificativa de prefeitos
(Marcos Alfredo e Portal Gerais) Mar de Espanha, na Zona da Mata mineira, com 12.814 habitantes, contabiliza 30 casos confirmados de COVID-19 ao todo, al�m de tr�s mortes e 27 registros da infec��o que n�o evolu�ram para �bito. Os dados s�o do boletim epidemiol�gico da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG). De acordo com o secret�rio local de Sa�de, Eder Souza, a explica��o para o alto �ndice de contamina��o se deve aos testes r�pidos aplicados pelo munic�pio. Segundo ele, nenhuma outra cidade tem feito o mesmo procedimento na regi�o.
Desde maio, cerca de 1 mil testes foram adquiridos pela prefeitura e s�o aplicados assim que o paciente – com sintomas – passa pela triagem m�dica. Quando o exame testa positivo, familiares e pessoas que tiveram contato com o paciente tamb�m s�o submetidos � testagem. Em menos de quatro horas � obtido o resultado dos exames, feitos por sorologia.
Em Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste de Minas, a justificativa para o aumento dos registros de contamina��o � tamb�m o investimento na realiza��o de testes, como afirma o prefeito Edson Vilela (PSB). Com 22.478 habitantes, a situa��o do munic�pio n�o � confort�vel. S�o 67 casos confirmados de COVID-19 e tr�s �bitos, dois deles de idosos da Vila Vicentina. O boletim mais recente da Secretaria Municipal de Sa�de aponta 52 recuperados e outros 12 em monitoramento.
'Os moradores de cidades pequenas t�m a falsa impress�o
de que est�o protegidos da doen�a. A contamina��o pode vir do tr�nsito de pessoas das cidades-polo para essas cidades menores'
Ant�nio Toledo Jr., infectologista da Unifenas
Ainda segundo o secret�rio de Mar de Espanha, Eder Souza, a preocupa��o na cidade � grande tamb�m porque fica pr�xima do estado do Rio de Janeiro. “Estamos a cerca de 24 quil�metros de Sapucaia (RJ), ent�o, muita gente do Rio passa por aqui. Al�m disso, aqui em Mar de Espanha, h� muitas ind�strias com funcion�rios que v�m de outras localidades”, destaca Eder.
Com apenas 2.005 habitantes, Senador Cortes tem quatro casos confirmados da doen�a. N�o houve evolu��o para �bitos. A secretaria local de Sa�de informa que os registros s�o de uma mesma fam�lia e os pacientes est�o recuperados. A pasta informa que o cont�gio ocorreu fora do munic�pio, provavelmente em Mar de Espanha que fica distante 15 quil�metros, j� que a cidade vizinha � a principal passagem para quem chega em Senador Cortes. Com isso, desde 28 de abril, o munic�pio tem aplicado o sistema de barreiras sanit�rias nos acessos ao munic�pio.
Com�rcio aberto No Centro-Oeste de Minas, S�o Sebasti�o do Oeste e Carmo do Cajuru contabilizam 108 registros da doen�a respirat�ria desde o in�cio da pandemia. Elas perdem apenas para a cidade-polo da macrorregi�o Oeste, Divin�polis, que tem 221 infectados, e Lagoa da Prata, 111.
Com taxa de 4,7 infectados por 1 mil habitantes, S�o Sebasti�o do Oeste tem mais chance de ver contaminados (foto: Reprodu��o/Youtube - 20/2/20)
O secret�rio municipal de Sa�de de Sebasti�o do Oeste, Gutemberg Ant�nio Dias, prefere n�o arriscar um motivo para justificar o alto n�mero de infectados em compara��o com munic�pios maiores. “N�o tem como atribuir a um caso espec�fico. N�o tem como falar se � de algum lugar, empresa ou se veio de alguma cidade, porque temos v�rias pessoas que v�o para o estado de nascimento e retornam”, alega. Com 6.775 habitantes, a cidade tem 41 casos confirmados do novo coronav�rus, 36 pacientes recuperados e cinco em isolamento domiciliar.
Mesmo com o �ndice acima da m�dia regional, o com�rcio est� de portas abertas no munic�pio e a ind�stria n�o paralisou suas atividades. Para o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela (PSB), a testagem da popula��o � um dos fatores que colocam o munic�pio em evid�ncia em rela��o aos demais. “Entendo que as outras cidades t�m mais casos, mas a subnotifica��o � um problema s�rio”, enfatiza.
A m�dia de testagem em Carmo do Cajuru � de aproximadamente 50%. Divin�polis, com 238,2 mil habitantes, por exemplo, testa em m�dia 17% das notifica��es suspeitas. A despeito do avan�o de infectados, o prefeito n�o recuou na flexibiliza��o do com�rcio. A atividade econ�mica foi liberada com restri��es, como hor�rios e dias de funcionamento. *Amanda Quintiliano/Especial para o EM
Extrema retoma toque de recolher
(Portal Terra do Mandu) Extrema, no Sul de Minas, est� entre os 10 munic�pios mineiros com o maior n�mero de casos de COVID-19 por grupo de 1 mil habitantes. A cidade de 36.225 habitantes, localizada na divisa do estado com S�o Paulo, registrou pulo de 52% nas confirma��es em tr�s dias, que passaram de 119 para 181 testes positivos.
De acordo com a prefeitura local, dos 62 moradores diagnosticados com o v�rus, pelo menos 40 pessoas podem ter liga��o com o feriado antecipado para maio pelo governo paulista. Uma das fam�lias � propriet�ria de um restaurante �s margens da Rodovia Fern�o Dias, por onde podem ter passado pessoas infectadas durante o per�odo de descanso. Al�m dos membros dessa fam�lia, a cozinheira do estabelecimento foi infectada e pode ter transmitido a doen�a tamb�m para os familiares dela.
Considerando-se os dados oficiais da prefeitura, Extrema tem 4,9 casos de novo coronav�rus a cada grupo de 1 mil moradores. Essa taxa sobe para 4,4 com os dados da secretaria estadual de Sa�de, que ainda n�o tem o registro de novos casos do munic�pio. Extrema tem quatro mortes em decorr�ncia do v�rus.
Ap�s o aumento do n�mero de casos, a Prefeitura de Extrema voltou a endurecer nas medidas para o enfrentamento do novo coro- nav�rus. Nesta semana, s� poder�o funcionar estabelecimentos como supermercados, farm�cias, postos de combust�veis, oficinas mec�nicas e ag�ncias banc�rias, entre outros servi�os essenciais.
Desde segunda-feira, o toque de recolher est� valendo entre as 18h e as 6h. A medida j� vigorou durante alguns dias de abril e maio. “A gente vai acompanhando os n�meros e a tend�ncia � que diminua o surgimento de novos ca- sos. Mas, se essas notifica��es n�o baixarem, vamos manter as medidas mais rigorosas”, afirma o secret�rio municipal de Desenvolvimento Econ�mico, Adriano Carvalho.
A cidade tem cinco pacientes internados em hospital e pronto- socorro. Nenhum caso � considerado grave, com necessidade de intuba��o. O munic�pio tem 10 leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) do Sistema �nico de Sa�de (SUS) num hospital particular e mais 12 leitos com respiradores num hospital municipal. *Magson Gomes especial para o EM