
Depois de apontadas falhas no Regime de Estudo N�o Presencial, especialmente erros no material distribu�do pelo Plano de Estudo Tutorado (PET) para alunos da rede estadual, a Secretaria de Estado da Educa��o (SEE) resolveu n�o s� se defender, mas tamb�m atacar. A respons�vel pela pasta, Julia Sant’Anna, garante que tudo est� sendo feito da melhor forma poss�vel durante a pandemia da COVID-19, inclusive com corre��es do erros, e acusou o Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o (Sindi-Ute MG) e partidos de oposi��o de estarem boicotando o programa por interesses pol�ticos.
Admitindo que ocorreram equ�vocos no material, mas que eles foram imediatamente sanados, ela v� exagero nas cr�ticas. E diz que isso pode ter consequ�ncias terr�veis para os alunos, especialmente aqueles mais vulner�veis socialmente.
“Ficamos um pouco surpresos por a situa��o ter tomado essa propor��o toda, pois os ajustes j� haviam sido realizados. Ent�o, questionamos: a quem interessa falar mal de conte�dos que foram revistos, que foram constru�dos por bravos profissionais, e endere�ados a alunos pobres, que n�o teriam condi��es de seguir estudando? Os ajustes precisam ser feitos, mas um pequenos grupo parece interessado em interromper as atividades da educa��o em Minas”, disse a secret�ria, durante entrevista coletiva concedida na manh� desta quarta-feira (10) na Cidade Administrativa. “Me nego a interromper um modelo que busca maior equidade, que est� conseguindo chegar aos lares dos alunos. Se houve 40 erros gramaticais, vamos corrigi-los. Mas n�o vamos parar por conta disso.”
O Regime de Estudo N�o Presencial do governo mineiro “conta com diferentes ferramentas para a continuidade do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes da rede p�blica neste momento em que as atividades escolares presenciais est�o suspensas por tempo indeterminado”, diz nota da SEE. Al�m do PET, s�o oferecidas videoaulas na Rede Minas, depois levadas para o Youtube, e o aplicativo Conex�o Escola, que passou a disponibilizar o chat para facilitar a troca de mensagens entre professores e alunos.
Nada disso, por�m, passa na avalia��o dos cr�ticos, como ficou claro durante audi�ncia p�blica da Comiss�o de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada segunda-feira. Nela, professores, pesquisadores, pais e alunos, criticaram as atividades n�o presenciais adotas pelo Governo Estadual desde o in�cio da pandemia, sendo uma das principais queixas � que a modalidade exclui mais de 700 mil estudantes que n�o t�m acesso � internet, a dispositivos eletr�nicos adequados ou mesmo ao sinal de TV da Rede Minas.
A secret�ria de Educa��o responde dizendo que a Rede Minas chega a “1,2 milh�o de lares” e nunca teve audi�ncia t�o grande como agora. E que o canal do Youtube da emissora p�blica � vistopor por 800 mil alunos por dia.
Al�m disso, J�lia destaca o esfor�o de diretores de escolas que foram � casa dos alunos entregar o material f�sico e est�o procurando dar aten��o cont�nua especial �queles que n�o tenham acesso aos meios eletr�nicos. “� sempre o mesmo grupo pol�tico que quer retirar dos estudantes mineiros o acesso � educa��o. Tem um sindicato que n�o representa todos os professores, tanto que h� muitos se manifestando positivamente. Eles entraram com liminar, perderam e agora est�o tentando outros meios”, afirmou Julia Sant’Anna, citando o Projeto de Lei (PL) 2013/20, que determina a suspens�o das aulas � dist�ncia em Minas.
A secret�ria diz, inclusive, que v� essas inicativas n�o como amea�a s� � educa��o, mas �s pr�prias vidas dos alunos. “A gente vinha percebendo ind�cios de aumento de inten��o de suic�dios entre os jovens. Ent�o, suspender um programa como o nosso � colocar em risco a vida de pessoas. Nunca me senti t�o importante em minha vida, justamente por isso. Estamos cuidando individualmente de cada um”, declarou.
Insatisfa��o
Presidente da Comiss�o de Educa��o da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a deputada Beatriz Cerqueira (PT) foi quem apresentou PL 2013/20. A inten��o � que o estado, em conjunto com outros �rg�os e entidades de educa��o e da sociedade civil, elabore diretrizes para reorganizar o calend�rio escolar 2020 durante a pandemia do coronav�rus.
Na justificativa da proposi��o, a parlamentar explica que o regime de atividades n�o presenciais na rede estadual resulta em preju�zo ao aprendizado dos alunos, j� que a maioria n�o tem internet ou computadores, nem condi��es financeiras para adquirir as ferramentas.
Segundo o gabinete da deputada, Beatriz comentou a coletiva de imprensa da Secretaria de Educa��o nesta manh�. “Os erros apontados no material n�o foram corrigidos. O estado tem a obriga��o de ofertar educa��o de qualidade para todos os estudantes, pois esse � um princ�pio constitucional. A educa��o n�o pode excluir alunos, como est� acontecendo em Minas”, informou.
De acordo com o gabinete da deputada Beatriz Cerqueira, ao analisar 38 apostilas do PET, foram encontrados 42 erros de ortografia e gram�tica, 122 pl�gios e 89 erros de informa��o. Eles tamb�m apontaram problemas did�ticos nas teleaulas. (Colaborou Cristiane Silva)