Com UTIs lotadas, 97 cidades de Minas vivem sob risco de caos
Em munic�pios do Jequitinhonha, Vale do A�o e Tri�ngulo, a capacidade chegou ao limite e a situa��o � agravada por outras doen�as que levam pacientes aos leitos de terapia intensiva e enfermagem
Com sobrecarga do sistema de atendimento do Vale do A�o, Ipatinga, que � polo da regi�o, teve de transferir pacientes para outras cidades (foto: Prefeitura de Ipatinga/Divulga��o)
Com o aumento no n�mero de casos de COVID-19 em Minas Gerais, o sinal ficou vermelho para algumas macrorregi�es que t�m que lidar com altos �ndices de ocupa��o de leitos em enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTIs) vinculados ao Sistema �nico de Sa�de (SUS). Al�m do aumento exponencial no n�mero de doentes, – s�o de 18.448 casos de contamina��o confirmados em todo o estado – a situa��o de leitos pode ser considerada cr�tica em quatro grandes �reas, onde vivem 9,13 milh�es de pessoas, representando 43% da popula��o. Outro alerta � que boa parte dos pacientes em tratamento nessas unidades t�m outras doen�as.
De acordo com levantamento feito pelo Estado de Minas, com base em dados do boletim epidemiol�gico da Secretaria de Estado Sa�de (SES-MG) de quinta-feira, n�o h� nenhum leito dispon�vel em unidades de terapia intensiva de hospitais de tr�s macrorregi�es do mapa da sa�de no estado: Jequitinhonha, Vale do A�o e Tri�ngulo do Norte. Nessas �reas, que abrigam 97 munic�pios e 2,5 milh�es de habitantes, a ocupa��o de leitos de UTI supera 90%.
Na regi�o Central, onde est�o localizados 109 munic�pios e a popula��o alcan�a 6,6 milh�es, ainda h� 594 leitos de UTI dispon�veis. No entanto, a ocupa��o de mais de 90% nos leitos cl�nicos acende sinal amarelo. Quando analisados os dados da macrorregi�o Tri�ngulo do Norte, com suas 29 cidades e 1,3 milh�o de moradores, al�m de n�o haver leitos de UTIs, tamb�m n�o h� nenhum leito de enfermaria. Tamb�m a macrorregi�o Central, que inclui a capital, n�o disp�e de leitos de enfermaria livres.
No entanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte, a rede hospitalar de BH tem vagas tanto em leitos de enfermaria como em leitos de UTI. Os equipamentos de enfermaria somam 4.407 leitos, sendo que 70% est�o ocupados. Nos leitos cl�nicos destinados ao tratamento da COVID-19 (683) a ocupa��o � de 54%. J� em UTIs, s�o 966 leitos com ocupa��o de 79%.
A taxa de ocupa��o por pacientes da COVID-19 � de 68% dos 246 leitos destinados ao tratamento da doen�a. Existe, portanto, uma diferen�a entre as informa��es apresentados pela Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte e a Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG). A reportagem do Estado de Minas procurou a SES-MG para entender a disparidade de n�meros, mas a secretaria n�o se pronunciou sobre o assunto at� o fechamento desta edi��o.
Rede hospitalar do estado tem 12,9 mil leitos vinculados aos SUS, sendo 71,8% ocupados, mas apenas 8% dedicados a combater o coronav�rus ou suspeita de contamina��o
(foto: Santa Casa de Montes Claros/Divulga��o - 8/5/20
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Conting�ncia De acordo com a Sa�de estadual, a rede hospitalar no estado conta com 12.928 leitos cl�nicos vinculados ao SUS. Segundo o levantamento, a ocupa��o desses leitos em enfermarias � de 71,79%, sendo 8,04% ocupados por pacientes com COVID-19 ou com suspeita da doen�a. Em rela��o aos leitos em UTIs, s�o 2.885 vinculados ao SUS. Desse total, a ocupa��o � de 72,67%, sendo 11,75% de pessoas contaminadas pelo coronav�rus ou sob suspeita de infec��o.
O governo de Minas informou, por meio de nota da Secretaria de Sa�de, que acompanha diariamente os dados sobre ocupa��o de leitos em cada munic�pio. A pasta reconhece que � poss�vel que algumas regi�es apresentam �ndices mais elevados, pr�ximos � casa de 100%. Segundo a SES-MG, a explica��o se deve ao sistema de registro.
“O extrato dos dados do dia � retirado �s 23h59 e as altas dadas pelos m�dicos costumam ser feitas � noite. Nesse per�odo, � comum haver trocas de turno. At� que a alta dada seja efetivamente lan�ada em sistema, � poss�vel que seja necess�rio algum tempo, o que pode fazer com que o leito ainda esteja ocupado em sistema, apesar do paciente j� ter tido efetivamente alta”, informou em nota.
Ainda segundo a pasta, mesmo com a ocupa��o total ou pr�xima dos 100%, na macrorregi�o do Vale do A�o 25% da ocupa��o dos leitos de UTI se referem a pacientes com suspeita ou com COVID-19. No Vale do Jequitinhonha, o percentual � de 5% da ocupa��o dos leitos de UTI por pacientes com suspeita ou com COVID-19. J� no Tri�ngulo Norte, a taxa � de 6,7%.
O governo estadual criou planos de conting�ncia de cada macrorregi�o, elaborados para o enfrentamento � pandemia. Na quarta-feira, o Minist�rio da Sa�de habilitou 328 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Estado. S�o leitos de UTI adulto para atendimento a pacientes com COVID-19 em estabelecimentos de sa�de dos munic�pios do estado. Na pr�xima semana, o estado recebe 1.047 respiradores.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Uberl�ndia e Ipatinga buscam alternativa
A falta de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes graves da COVID-19 no interior de Minas n�o se deve exclusivamente ao aumento de casos de coronavirus, mas da dissemina��o de outras doen�as que j� saturam a rede de atendimento. De acordo com o boletim epidemiol�gico de ontem da Secretaria de Estado de Sa�de, o n�mero de casos confirmados da doen�a no estado somou 947 em 24 horas. O n�mero de mortos evoluiu de 409 para 431.
Entre as cidades de tr�s regi�es de Minas que vivem o colapso no sistema de sa�de, Uberl�ndia, no Tri�ngulo, enfrenta a situa��o mais ca�tica em rela��o � pandemia. De acordo com boletim da Secretaria Municipal de Sa�de, a cidade alcan�ou 2.805 casos de contamina��o e 47 mortes forma confirmadas at� a tarde quinta-feira, quando a taxa de ocupa��o de leitos de UTI na rede municipal era de 98%. Estavam internadas por causa do coronavirus 128 pessoas, sendo 50 em leitos de UTI.
A dificuldade foi reconhecida em transmiss�o em live nesta semana pelo secret�rio de Sa�de de Uberl�ndia, Gladstone Rodrigues. “"N�o quero ser pessimista, mas tamb�m n�o posso ser otimista. Tenho que ser realista. N�o posso negar a gravidade da situa��o”, afirmou Rodrigues.
Ele alertou sobre o aumento da velocidade da transmiss�o do v�rus na cidade nos �ltimos dias. “Demoramos 53 dias para atingir. Agora, deveremos atingir 2 mil casos em sete dias ou antes disso”, afirmou. Al�m da reabertura antigo Hospital Santa Catarina, com leitos (dos quais, 20 de UTI voltados exclusivamente para pacientes da COVID-19), do isolamento social e dedetiza��o de espa�os p�blicos, como a��o para tentar contra o avan�o do coronavirus, a prefeitura anuncia o refor�o da testagem da popula��o para a doen�a.
Ipatinga, no Vale do A�o, � outra cidade que atingiu o limite de ocupa��o de leitos de UTI no momento que a COVID-19 ainda n�o atingiu seu pico em Minas. A Prefeitura do munic�pio informou que, na quinta-feira, chegou a 650 diagn�sticos positivos e confirmou 13 �bitos pelo coronav�rus. H�, na cidade, 85 pacientes internados por causa da COVID-19, com 30 deles em leitos de unidades intensivas. Devido � sobrecarga do seu sistema de sa�de, nove pacientes da COVID-19 foram transferidos para outros munic�pios da regi�o – oito para Caratinga e um para Coronel Fabriciano.
O prefeito Nardyello Rocha (MDB) informou que est� em andamento processo licitat�rio para a compra de 10 respiradores mec�nicos.
A Superintend�ncia Regional de Sa�de de Diamantina informou que a “m�dia mensal de ocupa��o dos leitos de UTI” na cidade do Jequitinhonha � de 100%. De acordo com �rg�o, a Diamantina conta 20 leitos de UTI, tendo sido destinadas 10 vagas em unidades de terapia intensiva para atendimento aos casos da COVID-19. (Luiz Ribeiro)
