
O levantamento da UFMG, que leva em conta as semanas epidemiol�gicas, mostrou que, processada a coleta mais recente, finalizada em 12 de junho, mais de 50 mil pessoas estavam contaminadas pelo v�rus na cidade. Na mesma data, conforme o boletim di�rio da Secretaria de Estado de Sa�de, o total de infectados em todo o Estado de Minas Gerais era de 20.106 casos.
Na data da coleta, o n�mero de casos confirmados na capital era de 3.028. Nessa compara��o, a cidade tinha, conforme o estudo da universidade, quase 17 vezes mais casos que todo o Estado. As amostras foram recolhidas em 8 pontos da bacia do On�a, 7 pontos na bacia do Arrudas e em pontos de entrada das esta��es de tratamento de esgoto que existem nos dois ribeir�es.
Segundo uma das professoras da UFMG respons�veis pelo estudo, Juliana Cal�bria, do Departamento de Engenharia Sanit�ria e Ambiental da universidade, as amostras identificaram material gen�tico do novo coronav�rus a partir de fezes e urina da popula��o. "� uma forma de testagem indireta", diz a especialista. "Se foi encontrado no esgoto, � porque as pessoas est�o excretando o novo coronav�rus", explica.
Procurada pelo reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte se posicionou por meio de nota. "A tomada de decis�es para pol�ticas de enfrentamento � pandemia do Coronav�rus em Belo Horizonte leva em considera��o os n�meros qualificados pela Secretaria Municipal de Sa�de. Os casos divulgados no Boletim Epidemiol�gico e Assistencial se referem a pessoas sintom�ticas e com a COVID confirmada por meio de exame laboratorial. J� a pesquisa da Universidade Federal de Minas tra�a uma estimativa indireta que inclui os casos assintom�ticos, que s�o mais de 80% dos portadores do coronav�rus. A Secretaria Municipal de Sa�de destaca que nos pontos de amostragem n�o se pode separar de maneira clara e objetiva a carga viral decorrente da capital e de Contagem. Por isso, a SMSA sugeriu aos pesquisadores que nas pr�ximas coletas fossem estabelecidos pontos mais definidos. A Prefeitura reconhece a import�ncia destes estudos que possibilitam o ac�mulo de conhecimentos que podem nortear as pol�ticas p�blicas."
O diagn�stico apresentado pela UFMG � feito utilizando-se o volume total de esgoto que entra no sistema dividido pelo que cada morador da cidade que contribui para a rede expele individualmente. Esse n�mero relativo a cada habitante � referencial e determinado a partir de estudos laboratoriais. "Assim, dividimos a carga viral que chega nas esta��es de tratamento de esgoto pela carga viral individual, e alcan�amos um bom grau de seguran�a nas estimativas", diz o professor Carlos Chernicharo, tamb�m respons�vel pelo estudo.
A diferen�a entre o n�mero de casos projetados pela coleta das amostras no esgoto e os registrados pela Secretaria de Estado de Sa�de ocorre porque os resultados alcan�ados a partir do trabalho da UFMG captam moradores da cidade assintom�ticos para a doen�a e os que apresentam os sintomas. No caso dos registros da Secretaria de Estado de Sa�de, os n�meros espelham apenas os que apresentam os sintomas e procuram tratamento.
Baixa testagem
O resultado � mais uma prova da baixa testagem registrada no Estado. "Todos os pa�ses que conseguiram conter minimamente a dissemina��o do v�rus fizeram testagem muito alta, para implementa��o de medidas de isolamento", afirma a professora da UFMG.