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Estado de Minas Viol�ncia dom�stica

Mulher acusa ex-candidato a prefeito de Sete Lagoas de agress�o

Em carta aberta, Marina Schaun relata a vers�o dela. Em�lio Vasconcelos Costa nega ter batido na esposa


24/06/2020 18:38 - atualizado 24/06/2020 22:40

Marina Schaun registrou boletim de ocorrência relatando ter sido agredida pelo marido, Emílio Vasconcelos Costa
Marina Schaun registrou boletim de ocorr�ncia relatando ter sido agredida pelo marido, Em�lio Vasconcelos Costa (foto: Arquivo Pessoal)
A Pol�cia Civil de Sete Lagoas est� �s voltas com uma investiga��o envolvendo Em�lio Vasconcelos Costa , ex-candidato a prefeito da cidade, e sua mulher, Marina Schaun . O casal teria brigado em 12 de junho, Dia dos Namorados, e desde ent�o trocam acusa��es de agress�es e mentiras.

A briga teria acontecido no apartamento do casal, num condom�nio em �rea nobre de Sete Lagoas. Na noite do suposto atrito, Em�lio, que � ex-presidente do Democrata, time que j� disputou a Primeira Divis�o do Campeonato Mineiro, saiu de casa.

Marina diz que, ap�s a agress�o, entrou com pedido de div�rcio de Em�lio. Ela registrou queixa na pol�cia no dia 15, e fez exame de corpo de delito. Em fotos, ela mostra marcas e machucados em quase todo o corpo. 

Como consequ�ncia da briga , Em�lio retirou a sua candidatura a prefeito da cidade e afirma que vai provar que � inocente. Ele diz que n�o agrediu a mulher.

A Justi�a sete-lagoana deve se manifestar sobre o caso na pr�xima semana.

Por meio de uma carta aberta, Marina relatou sua vers�o sobre o fato. O Estado de Minas publica a seguir, na �ntegra:

A dor

D�i! D�i muito! D�i no corpo, mas principalmente d�i na alma! Que momento sofrido!

Todo casal briga, se desentende. S�o pessoas diferentes que decidem se unir e construir uma vida em comum. No meu caso, tudo come�ou com gentilezas, ele dizendo me acompanhar nas redes sociais, onde passei a ser o “FOCO” dele.

Marina Schaun mostra as marcas no rosto e no corpo
Marina Schaun mostra as marcas no rosto e no corpo (foto: Arquivo Pessoal)
Se aproximou cheio de mimos. Me chamava de Mo�a Bonita! Dizia que eu era uma pintura! E muitas vezes comentava que ele n�o acreditava estar se relacionando comigo. Assim ele me conquistou!

Sim, eu me apaixonei! Admirava sua intelig�ncia, adjetivo que mais me chama aten��o em qualquer pessoa. E essa admira��o, esse Amor, foi brutalmente destru�do no dia 12 de junho de 2020.

Seria nosso quarto Dia dos Namorados. Nas duas semanas anteriores � data citada, tivemos um desentendimento, cujo motivo foi uma Campanha do Agasalho, planejada por mim, onde coordenava a log�stica de arrecada��o e distribui��o.

A campanha cresceu e tomou uma propor��o enorme. Com muita visibilidade nas redes sociais, v�rias pessoas querendo participar, meu telefone n�o parava. E ele demonstrou que n�o concordava que eu, como sua companheira, me destacasse de alguma forma, descontentamento que foi aumentando por meu nome ter ficado em evid�ncia. Me chamou de vaidosa, egoc�ntrica e disse que ia abrir m�o da pr�-candidatura dele para prefeito de nossa cidade, e que eu � que seria a candidata.

Porque al�m da exasperada agress�o f�sica, a viol�ncia psicol�gica havia se tornado algo constante ao me subjugar e n�o aceitar que me posicionasse em qualquer situa��o que fosse.

Chegado o Dia dos Namorados, comprei um presente e imaginei que far�amos as pazes. Era o que eu esperava. Mas, quando cheguei do trabalho, ele se manteve frio como sempre. Ali�s, uma caracter�stica que sempre me deixava perplexa, mas que ele dizia ser sua maior qualidade.

Tomei banho e fui deitar na su�te do apartamento, pois continu�vamos desde o desentendimento dormindo em quartos separados. Ele vestiu um casaco de frio e saiu, retornando meia hora depois, com a filha mais nova.

Atitude um tanto quanto insensata, j� que a adolescente n�o escondia de ningu�m que n�o nutria a menor empatia por mim, mesmo eu tendo tentado no in�cio do relacionamento manter um ambiente agrad�vel entre n�s.

Ap�s uns 40 minutos, fui at� a cozinha fazer um lanche e logo ele tamb�m entrou. N�o trocamos uma palavra. Quando fui para meu quarto novamente, vi que meus travesseiros n�o estavam na cama. Durmo com tr�s travesseiros e uma almofada, devido a problemas respirat�rios.

Adentrei ent�o, ao quarto onde ele dormia e perguntei se havia pegado os travesseiros. Ele n�o respondeu. Foi quando percebi que ele estava dormindo, ressonando. At� fiquei surpresa com a rapidez que pegou no sono.

Um dos travesseiros n�o estava sendo utilizado por ele. Fui pegar esse travesseiro e, neste momento, ap�s um susto terr�vel, por motivos insignificantes diante da gravidade do fato, como ele mesmo relatou em seu depoimento, perdeu a cabe�a e j� levantou da cama onde dormia, agarrando meu pesco�o com for�a, me fazendo perder o ar.

Tentei me defender, me debater, sem sucesso. Ele tem o dobro do meu tamanho e quase 30kg a mais. Pedia para parar, e ent�o ele apertava ainda mais. Eu rodava minha cabe�a, tentando me desvencilhar, mas todo esfor�o em v�o.

Ele soltou meu pesco�o e agarrou minha cabe�a como se fosse uma bola e come�ou a me sacudir. Arrancou meus brincos na trucul�ncia, quase rasgando um dos furos da minha orelha.

Eu implorava pra ele parar, e com o p� ele me chutou na coxa direita, me empurrando em dire��o � parede da frente, onde havia uma prateleira com alguns enfeites. Bati as costas na prateleira, machuquei as costas e o cotovelo, ca� e quando tentei me levantar, eu continuava pedindo para ele parar porque estava me machucando.

Ele novamente agarrou o meu pesco�o, apertando cada vez mais. E eu tentando empurrar, sair, quando ele me deu um solavanco e me empurrou sobre a cama. Nesse momento ele subiu em cima de mim e agarrou meu pesco�o novamente, utilizando o peso de seu corpo, dessa vez me esganando com mais for�a. Nesse momento, achei que ele realmente fosse me matar, falava que ele iria me matar porque eu j� estava sem for�as pra tentar reagir.

Marina Schaun mostra as marcas no rosto e no corpo
Marina Schaun mostra as marcas no rosto e no corpo (foto: Arquivo Pessoal)
Eu, j� desesperada implorando pra ele parar e ele s� apertava mais forte e perdi a voz. E eu, mesmo fraca e cansada, tentava de todas as formas me defender, o que causou uma luta corporal desde o in�cio, causando les�es e arranh�es em meu rosto, pesco�o, ombro, maxilar, coxa e testa.

Quando ele viu que realmente eu estava perdendo o ar e ficando mole, me soltou e deu um passo para tr�s. Como se voltasse a si. Eu tamb�m me levantei desesperada procurando ar. Nesse momento, ele me deu outro solavanco e ca� novamente na cama, momento que ele saiu correndo em dire��o ao quarto da filha e fechou a porta.

Escutei ele pedindo que ela juntasse as coisas dela para sa�rem dali, porque sen�o ele acabaria me matando. Senti algo ardendo muito em meu rosto e fui ao banheiro me olhar no espelho. Me assustei porque estava toda vermelha, com v�rios verg�es e marcas de aperto em todo pesco�o, rosto, testa, ombro, perna e costas. Meu rosto muito vermelho e com v�rios verg�es.

Escutei passos no corredor e fiquei amedrontada e ouvi ele dizer que sairia com a filha. Fui para o meu quarto e tranquei a porta. Fiquei est�tica, anestesiada, sem entender direito o que havia acontecido. Fiquei calada.

Escutei ele conversando com algu�m, informando que um dos filhos j� havia buscado a menina e que estava tudo sob controle. Tive um impulso e resolvi que ia chamar a pol�cia e denunciar. Falei com ele que ele havia me machucado e que iria denunci�-lo. Foi quando ele come�ou a me coagir de v�rias formas; dizia: “chame a pol�cia! Quer que eu disque pra voc�? Bom que vai ser voc� me expondo de um lado e eu lhe expondo do outro!”

Dizendo que eu ia expor minha m�e, que j� � idosa e me diminuindo, questionando estupidamente “quem era eu?”Descrevendo-se como um homem p�blico, conhecido, influente, visto como s�rio e correto. E que ainda era pertencente a uma fam�lia tradicional da cidade.

E estufando o peito para dizer "que possu�a tal sobrenome, sobrenome esse, que o tornava diferenciado. E que possuir esse sobrenome n�o era pra qualquer um".

Eu me senti acuada e sem saber o que fazer. E com medo continuei no quarto. Por onde fiquei trancada at� segunda-feira, fazendo compressas e usando pomadas, para que as feridas e hematomas melhorassem r�pido. No s�bado, acordei j� cheia de hematomas e casquinhas nos machucados. Domingo � noite os locais lesionados estavam muito escuros, com um tom preto arroxeado.

Na segunda, por volta das 180h, minha irm� e meu cunhado, que moram no mesmo condom�nio, tomaram conhecimento do que ocorreu e foram at� o apartamento, encontrando-me toda machucada. Desde o acontecido, quando fui coagida, n�o queria que minha m�e me visse daquele jeito. N�o queria que a minha fam�lia me visse naquela situa��o. Eu tenho um filho. Eu estava muito machucada.

Meu cunhado e minha irm� ficaram perplexos ao me ver, me questionaram porque n�o os chamei antes e que n�o iriam permitir que eu ficasse calada.

Chamaram um chaveiro que trocou as fechaduras das portas e no dia seguinte, cedo, me acompanharam at� a Delegacia da Mulher, onde fiz a den�ncia, narrei os fatos, levei provas, todas as fotos que eu mesma havia tirado, coloquei meu telefone � disposi��o e passei pelo exame de Corpo de Delito.

A partir da�, ele come�ou a procurar os meios de comunica��o da cidade, para relatar o caso, conforme sua vers�o. Tentando me denegrir e arrumar uma justificativa para o que � injustific�vel.

Ap�s a manifesta��o dele, apareceram questionamentos sobre a veracidade dos fatos e isso vem sendo impulsionado por ele e pessoas de seu conv�vio em todos os tipos de m�dia, tentando a todo custo fazer as pessoas acreditarem que forjei tudo, que � tudo mentira da minha parte e que me automutilei para prejudic�-lo na campanha a prefeito da cidade. Que eu sou louca e que ele “ir� provar a verdade”.

Um cara com quem eu dividia a minha vida e onde o sucesso de um, automaticamente, seria o sucesso do outro. Pois viv�amos a mesma vida, a mesma realidade.

Eu n�o tinha motivos para querer prejudic�-lo, eu era companheira dele, sua esposa e foi por isso que nos casamos. Casamento este que me obrigou a afastar de muitos amigos, pela falta de empatia que sentiam pela pessoa dele.

Perdi um emprego por vingan�as pol�ticas, mas nunca deixei de apoi�-lo. Esse � meu maior sofrimento. Nunca esperava por isso, nunca imaginei que ele fosse capaz de cometer esse crime de extrema covardia.

Estou decepcionada, humilhada, angustiada e machucada no corpo e na alma! Sentimento de uma mulher que foi espancada por seu marido, com quem dividia a vida e lhe disponibilizava apoio incondicional.

Um cara que conhece minha fam�lia e que me tirou de dentro de minha casa, onde fui criada com muito amor, carinho e toda a dedica��o dos meus pais. As pessoas julgam sem entender que a adrenalina, a fragilidade, susto e principalmente o medo tomam conta da pessoa que sofre uma agress�o dessa natureza e gravidade.

Em meu caso, al�m de coagida, atordoada com tudo, cheguei a acreditar no que ele, com muita �nfase, dizia: “que eu iria expor ele de um lado e ele iria me expor de outro, que por ser de fam�lia tradicional na cidade, nada aconteceria a ele. Agora, est� fazendo de um tudo, para inverter a situa��o e me colocar como a culpada. S� quem passa por isso sabe do que estou falando e o tamanho do sofrimento e ang�stia que nos assolam.

Tenho personalidade forte, tenho meus erros e defeitos como qualquer ser humano, mas nada que justifique qualquer tipo de viol�ncia. O fato de eu n�o ser submissa veio causando inc�modo ao longo do tempo.

E depois de tudo isso, tudo que aqui narrei e passei me deparo com uma nota publicada em um jornal da cidade, com um conte�do que foi distribu�do em todas as m�dias sociais INTITULADA POR ELE COMO: "A Verdade"! Enfatizando o sofrimento dos filhos, irm�os, sobrinhos e toda fam�lia! E que inocentes como ele n�o mereciam passar por isso.

Como se a minha fam�lia n�o estivesse sofrendo junto comigo, arrasada e eu me sentindo humilhada e desvalorizada da pior forma poss�vel. Enfim, esse � o meu desabafo e essa sim � “A VERDADE” sobre todo o fato ocorrido.

Isso serve como combust�vel para uma consci�ncia tranquila e coragem para continuar e aguardar que a Justi�a seja feita. Porque confio que assim ser�. E d�i! D�i muito passar por isso, onde o agressor era o homem que eu amava, que acreditava e fazia planos para ficar junto at� o �ltimo minuto da vida! Amava muito! Mas que em segundos se transformou em um monstro que agrade�o a Deus todos os dias por n�o ter conseguido dar fim � minha vida.


Por meio de postagem no Facebook , Em�lio Vasconcelos Costa apresentou a vers�o dele, publicada a seguir, na �ntegra:

A verdade

Sou inocente. Nada fiz do que estou sendo acusado. N�o fiz, jamais faria e jamais farei. Sou um homem pac�fico, apologista e praticante da n�o viol�ncia. Seja ela contra mulheres, crian�as, idosos, especiais e dependentes. Enfim contra seres humanos e animais. Seja ela f�sica, psicol�gica, racial, social e econ�mica ou de g�nero.

Emílio Vasconcelos Costa retirou a candidatura a prefeito da cidade
Em�lio Vasconcelos Costa retirou a candidatura a prefeito da cidade (foto: Arquivo Pessoal)
Tenho sido assim por toda a minha vida e vou continuar sendo. Sei quem sou. Os que verdadeiramente me conhecem tamb�m o sabem. As manifesta��es dessas e desses, que j� s�o milhares, s�o o que h� de mais gratificante e at� emocionante nesse momento. Meu muito obrigado.

J� o que me entristece � presenciar o sofrimento e indigna��o de minhas filhas, filhos, irm�os, sobrinhos, fam�lia. Tamb�m o desses amigos. Essas e esses s�o inocentes como eu. N�o merecem estar passando por tudo isso. Como eu tamb�m n�o mere�o.

Em termos pr�ticos suspendo, temporariamente, neste momento, minha pr�-candidatura a prefeito de minha cidade. O que me importa, agora, � provar minha inoc�ncia. Tenho e j� apresentei algumas robustas e consistentes provas no inqu�rito policial que respondo.

Outras vou apresentar nas representa��es que patrocino hoje contra quem me acusa. Denuncia��o Caluniosa, Inj�ria Racial e Les�o Corporal. Tamb�m no processo de Div�rcio Litigioso que apresento nesta data.

Quero e confio recuperar meu apartamento. Lar que nunca deveria ter deixado de ser o dos meus filhos. Por fim, sigo resiliente e com a cabe�a erguida. Confio na verdade e na justi�a. Com a indigna��o de quem � inocente. Que Deus nos guie e que a verdade seja restabelecida.


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