
A participa��o brasileira recebeu aval da Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa do Minist�rio da Sa�de e poder� ser iniciada nos pr�ximos dias. “Era previsto ser iniciado na Europa, mas o protocolo demorou e fizemos de tudo para come�ar por aqui, pois agora estamos no pico (de cont�gios pela doen�a) em Minas. Depois, se der certo, ser� internacionalizado o procedimento”, comenta o m�dico Robson Santos, coordenador do N-Biofar, laborat�rio da UFMG que desenvolveu a subst�ncia, e CEO da Angitec, startup de pesquisa e desenvolvimento � frente do protocolo no Brasil.
A primeira fase do estudo cl�nico ter� dura��o prevista de dois meses, com cerca de 60 pacientes, mediante consentimento dos volunt�rios ou da fam�lia. Ser�o selecionadas pessoas maiores de 18 anos que estejam internadas, respirando com a ajuda de aparelhos e com previs�o de permanecer mais de 48 horas na UTI.
Metade receber� a subst�ncia ativa, por via endovenosa, e a outra metade, placebo durante sete dias.
Metade receber� a subst�ncia ativa, por via endovenosa, e a outra metade, placebo durante sete dias.
“Se reduzirmos em horas a perman�ncia do paciente no hospital j� � um desafogo muito grande, um leito que estar� livre para internar outra pessoa. Se o resultado for espetacular como foi em ratos, poderemos ter um medicamento em um per�odo muito r�pido. � uma coisa quase milagrosa o que faz nos animais. Caso d� certo, a chegada aos hospitais vai ser muito r�pida e com o que o Brasil j� tem de componentes dela, j� daria para fazer uma planta para produ��o em larga escala”, pondera Santos.
Se os resultados forem satisfat�rios para reduzir a gravidade dos sintomas, o tempo de ventila��o mec�nica e a perman�ncia na UTI, a pesquisa ir� adiante com um n�mero maior de pacientes no Brasil e em outros pa�ses, passando ainda por um estudo multic�ntrico. “Depois da internacionaliza��o, o estudo passa a ser capitaneado por um hospital na B�lgica”, indica.

“O horm�nio n�o � prejudicial ao organismo. Al�m dos nossos estudos, j� foram feitos diversos outros, um nos Estados Unidos, inclusive, foi administrado em gr�vidas hipertensas. Outra empresa americana desenvolve para uso contra outras doen�as. Se a ‘nossa’ estrat�gia funcionar, ela pode ser usada em outras viroses que utilizam a enzima para entrar na c�lula, como as coronaviroses que entram por essas vias”, aponta.
Entenda o que � a angiotensina 1-7 e como ela age no organismo
A subst�ncia a ser administrada no estudo � uma “c�pia” feita em laborat�rio de um horm�nio naturalmente produzido pelo organismo, a angiotensina 1-7. Presente em diversos �rg�os, ela tem efeito protetor, pelas propriedades anti-inflamat�rias e anti-hipertensivas, al�m de prevenir arritmias e tromboses.
A produ��o da angiotensina 1-7 depende de uma enzima conhecida como ECA 2 (sigla para enzima conversora de angiotensina 2) – e � aqui que a hist�ria do medicamento se cruza com a pandemia.
A produ��o da angiotensina 1-7 depende de uma enzima conhecida como ECA 2 (sigla para enzima conversora de angiotensina 2) – e � aqui que a hist�ria do medicamento se cruza com a pandemia.
A ECA 2 tem a��o central na atua��o da COVID-19, pois atua como receptora do v�rus nas c�lulas pulmonares. Ou seja, � gra�as a essa enzima que o v�rus consegue invadir as c�lulas e se alastrar pelos pulm�es, debilitando o sistema respirat�rio.
Uma vez “sequestrada” pelo v�rus, a ECA 2 perde sua fun��o natural, que � converter uma subst�ncia danosa ao organismo – a angiotensina II –, em angiotensina 1-7, de efeito protetor.
Uma vez “sequestrada” pelo v�rus, a ECA 2 perde sua fun��o natural, que � converter uma subst�ncia danosa ao organismo – a angiotensina II –, em angiotensina 1-7, de efeito protetor.
Ao repor a angiotensina 1-7, o tratamento experimental buscar� compensar esse desequil�brio e, assim, ajudar a combater a insufici�ncia respirat�ria e outros sintomas.
“A ideia � fazer uma reposi��o do ‘horm�nio bom’ e buscar um reequil�brio dessas subst�ncias. Com a ECA 2 raptada pelo v�rus, n�o temos produ��o da angiotensina 1-7, e isso sobrecarrega o organismo com a angiotensina 2, que � prejudicial e favorece inflama��es, fibroses, aterosclerose, diabetes e ataca o cora��o”, explica Santos.
“A ideia � fazer uma reposi��o do ‘horm�nio bom’ e buscar um reequil�brio dessas subst�ncias. Com a ECA 2 raptada pelo v�rus, n�o temos produ��o da angiotensina 1-7, e isso sobrecarrega o organismo com a angiotensina 2, que � prejudicial e favorece inflama��es, fibroses, aterosclerose, diabetes e ataca o cora��o”, explica Santos.
Al�m de ser abundante nas c�lulas pulmonares, a ECA 2 faz parte do revestimento de vasos sangu�neos que irrigam cora��o, rins, intestino e outros �rg�os. A enzima tamb�m est� presente nos neur�nios e nas c�lulas do sistema imunol�gico.
“Onde a ECA 2 estiver, o v�rus pode penetrar”, aponta. Por isso, a doen�a vem se manifestando com sintomas t�o variados, muito al�m de uma gripe. “Hoje h� a hip�tese de que a COVID-19 seja uma doen�a mais vascular que pulmonar, embora a porta de entrada sejam as vias respirat�rias”, diz o pesquisador.
“A pessoa pode inclusive morrer de infarto provocado pela infec��o”, afirma. Isso explica por que fazem parte do grupo de risco pessoas com hipertens�o e diabetes, doen�as que afetam a sa�de vascular.
“Onde a ECA 2 estiver, o v�rus pode penetrar”, aponta. Por isso, a doen�a vem se manifestando com sintomas t�o variados, muito al�m de uma gripe. “Hoje h� a hip�tese de que a COVID-19 seja uma doen�a mais vascular que pulmonar, embora a porta de entrada sejam as vias respirat�rias”, diz o pesquisador.
“A pessoa pode inclusive morrer de infarto provocado pela infec��o”, afirma. Isso explica por que fazem parte do grupo de risco pessoas com hipertens�o e diabetes, doen�as que afetam a sa�de vascular.