
Foi solto nesta segunda-feira (20) o agente penitenci�rio V. A. T., de 40 anos, suspeito de matar o adolescente Josu� Nogueira, de 16 anos, com um tiro na cabe�a, na madrugada de domingo (19/7), na Vila An�lia, em Montes Claros, no Norte de Minas. Ele estava de folga.
O corpo do adolescente foi sepultado na tarde desta segunda (20), no Cemit�rio Parque Jardim da Esperan�a, em Montes Claros. A fam�lia est� revoltada com o crime e com a soltura do suspeito. Al�m de todo o sofrimento pela perda, uma tia de Josu� alega que ele foi v�tima de coment�rio racista em uma rede social depois da morte.
O adolescente foi morto no meio da rua, com um tiro na cabe�a. Apontado como autor do disparo, o agente penitenci�rio foi preso pela Pol�cia Militar logo ap�s o homic�dio e arma do crime foi apreendida.
Nesta segunda-feira, a Pol�cia Civil instaurou inqu�rito para apurar o assassinato. De acordo com o delegado de Homic�dios, Bruno Rezende da Silveira, o agente penitenci�rio disse que agiu em “leg�tima defesa”. O suspeito alegou que um grupo de pessoas lan�ou pedras e garrafas no telhado de sua casa e que, ap�s reclamar pela quarta vez, atirou em dire��o ao grupo, atingindo o adolescente.
O servidor tamb�m argumentou que sofreu retalia��o por parte dos frequentadores de um bar situado em frente � casa dele. Disse que o estabelecimento foi fechado pela Vigil�ncia Sanit�ria, em fun��o de descumprimento de medidas preventivas contra a transmiss�o do coronav�rus, e que os frequentadores acham que ele foi respons�vel pela ida da equipe de fiscaliza��o at� o local.
No entanto, a fam�lia do adolescente desmente a vers�o do suspeito e sustenta que o agente penitenci�rio fez o disparo a sangue frio. “Foi covardia. Ele atirou no menino pelas costas”, afirma o oper�rio Antonio Jos� Nogueira, pai de Josu�.
Revolta com a soltura do suspeito
Embora tenha sido autuado em flagrante, o agente penitenci�rio foi solto nessa segunda-feira. Extraoficialmente, a defesa teria argumentado que ele tem endere�o e trabalhos fixos e “n�o oferece perigo para sociedade”, devendo, por isso, ficar � disposi��o da Justi�a e aguardar o julgamento em liberdade.
A manicure Ellen Teixeira, de 31, tia de Josu�, disse que a fam�lia j� estava inconformada com a morte do adolescente e ficou ainda mais revoltada com a libera��o do suspeito do crime.
“A gente fica muito revoltada em saber que antes do sepultamento do meu sobrinho, a pessoa que tirou a vida dele j� est� de volta � liberdade. Isso d�i e provoca revolta em qualquer um”, lamentou Ellen.
“A justi�a do homem falha. Mas, creio que a justi�a de Deus nunca falha”, completou.
Depois de tudo, racismo
Ellen tamb�m disse que seu sobrinho foi vitima de um coment�rio de cunho racista em uma rede social. “Uma pessoa comentou que, pelo aspecto do meu sobrinho, ele era drogado e vagabundo, deixando a entender que, por isso, o agente penitenci�rio deveria ter feito o que fez com ele. Mas ent�o, se ele fosse branco, talvez, a mesma pessoa achava que o agente n�o deveria ter agido desta forma, ao tirar a vida de um inocente?”, questiona a tia a v�tima.
Ela disse ainda que Josu�, integrante de uma fam�lia de seis irm�os, sempre foi honesto e uma pessoa de bom comportamento, sem antecedentes criminais. Declarou ainda que o adolescente j� trabalhou como menor aprendiz em um supermercado da cidade.
Sejusp e Depen-MG manifestam pesar
A Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) e o Departamento Penitenci�rio de Minas Gerais (Depen-MG), por meio de nota, informaram que, “com profundo pesar” tomaram conhecimento de fato, envolvendo um policial penal”.
“No entanto, antecipadamente, caso comprovado em investiga��o competente j� instaurada pela Pol�cia Civil de Minas Gerais, repudiam veementemente o poss�vel comportamento inadequado com uso de arma de fogo por um policial penal, envolvido nessa ocorr�ncia”, ressaltaram.
A Sejusp destaca que, “de acordo com informa��es preliminares, o servidor estava fora do hor�rio de servi�o e fez uso inapropriado do seu instrumento de trabalho, cuja utiliza��o se restringe � defesa pessoal, atrelada ao seu exerc�cio funcional de cust�dia e ressocializa��o de detentos”.
Informou que, al�m da investiga��o criminal por parte da Pol�cia Civil, o caso ser� alvo de “rigorosa apura��o dos fatos no �mbito administrativo” pelo Depen-MG.
A pasta destaca que classifica a atitude do policial penal em quest�o como um ato isolado, que “n�o representa o comportamento dos mais de 17 mil servidores do sistema prisional, respons�veis pela cust�dia de cerca de 60 mil presos, em todo territ�rio mineiro”.
A Sejusp ressaltou ainda que nos pr�ximos dias “a secretaria vai ampliar a reciclagem de profissionais do sistema prisional sobre o tema, para que fatos dessa natureza n�o voltem a acontecer e para refor�ar o seu papel institucional primordial de prote��o da sociedade mineira”.
