Bailes funk ilegais desafiam pol�cia e sa�de p�blica, tirando o sono da vizinhan�ahttps://t.co/Y0zmEFbYrj pic.twitter.com/DNnXMZ40vm
%u2014 Estado de Minas (@em_com) September 21, 2020
O som alto e initerrupto tira o sono de pessoas da comunidade e tamb�m de vizinhos, que preferem n�o se identificar ao relatar o inc�modo para a reportagem. "Dentro do quarto da minha filha d� para ouvir aqueles batid�es que v�m com uma sequ�ncia de palavr�es e express�es de baix�ssimo cal�o, que s�o capazes de assustar at� mesmo um presidi�rio", afirma uma empres�ria que mora na Rua Guaxup�, no Bairro Serra.
"A gente sabe que s�o os meninos (traficantes) que produzem essas festas. Porque no meio delas escutamos disparos de armas de fogo. O pessoal da (gangue) Igrejinha est� em guerra e sempre no meio de uma festa dessas a bala come. Mas � com for�a o tiroteio. Na �ltima madrugada eu cheguei do meu plant�o e o carro levou 40 minutos s� para atravessar a pra�a e me deixar em casa, de tanto movimento que tinha. E ningu�m usa m�scaras n�o", afirma um morador de uma das vilas do aglomerado, que tamb�m pede sigilo por temer alguma repres�lia dos traficantes de entorpecentes.

De acordo com a pol�cia, boa parte dos frequentadores dos pancad�es n�o s�o pessoas da comunidade, mas apreciadores de funk que ficam sabendo das baladas clandestinas pelas redes sociais. Uma rede de observadores do tr�fico monitora os acessos da Avenida do cardoso at� a Pra�a do cardoso, principalmente nas esquinas com as ruas Capivari e Nossa Senhora de F�tima.

A Guarda Municipal de BH informa que durante a pandemia est� proibida a realiza��o de qualquer evento que resulte na aglomera��o de pessoas, o que inclui os bailes funk. "A perturba��o do sossego, decorrente do som elevado durante o per�odo noturno, a obstru��o irregular de vias, o consumo de drogas e o uso de �lcool por adolescentes s�o delitos que ocorrem com frequ�ncia durante os eventos, sendo o principal motivo dos registros de ocorr�ncia pelas for�as de seguran�a", informa a institui��o.

Tr�fico e gangues fomentam bailes ilegais
O fomento do baile � o tr�fico e o evento ilegal serve de demonstra��o de poder das gangues, afirma o especialista em Intelig�ncia de Estado e Seguran�a P�blica, coronel Carlos J�nior. "Por meio da m�sica, as gangues aproveitam para ostentar armas de fogo, como uma forma de mostrar o seu poder aos rivais. Hoje, praticamente cada aglomerado tem o seu baile. Organizam de forma clandestina e o poder p�blico e a pol�cia acabam n�o tendo fo�a para o combate e fazer valer a proibi��o de eventos durante a pandemia. Isso, porque os organizadores dificultam a a��o mais ostensiva usando como escudo as garantias de direitos humanos e a vulnerabilidade social daquela popula��o, o que torna ainda mais delicado o trabalho efetivo da pol�cia".
A viol�ncia cerca os eventos antes, durante e depois, segundo estudos sobre ocorr�ncias relacionadas aos pancad�es. "Costuma ter desacertos quando as gangues rivais se encontram. E esses bailes acabam resultando em homicidios posteriores. Como exemplo, uma mulher da comunidade dominada por uma gangue acaba se relacionando com algu�m de outra rival. Posteriormente isso pode gerar um acerto de contas e homic�dios. H� relatos tamb�m de barb�ries contra mulheres que tiveram comportamentos assim, como raspar o cabelo delas, raspar a sobrancelha e at� mesmo espancamentos e humilha��es", afirma o coronel.
As dificuldades de atua��o se d�o por v�rios motivos e por isso cada a��o � cercada de particularidades e de exig�ncias. "A PM tem um protocolo de dispers�o de disturbios, mas nesse caso h� um complicador que � a presen�a de elementos armados com armas de fogo. Com isso, n�o se pode usar s� a bala de borracha � preciso muni��o real. Uma coisa � dispersar e a outra enfrentar traficantes com armas de grosso calibre. Uma das solu��es � prevenir, ocupando os locais com policiamento ostensivo para evitar a aglomera��o de pessoas antes do baile ilegal", sugere o coronel Carlos J�nior.