
O candidato a vereador C�ssio Remis dos Santos (PSDB), de 37 anos, assassinado em Patroc�nio, no Alto Parana�ba, na quinta-feira, vinha denunciando supostas irregularidades cometidas pelo secret�rio municipal de Obras da cidade, Jorge Marra. Neste ano, o tucano j� havia criticado Marra por, supostamente, utilizar m�quinas p�blicas para fazer obras em sua fazenda. Marra, suspeito de matar C�ssio com cinco tiros, � irm�o do prefeito de Patroc�nio, Deir� Marra (DEM), que tenta a reelei��o.
O crime ocorreu enquanto C�ssio fazia transmiss�o ao vivo nas redes sociais. Ele estava em frente ao comit� de campanha de Deir� denunciando a realiza��o de obras pela prefeitura nas imedia��es do local. Por isso, a Pol�cia Civil acredita que o homic�dio ocorreu por motiva��es pol�ticas.
C�meras de seguran�a do local mostram Jorge Marra tomando um celular das m�os de C�ssio, que vai atr�s dele em busca do aparelho. J� na secretaria de Obras, para onde ambos se dirigiram, Marra, de chap�u, saca uma arma e dispara. “N�o era a primeira vez que ele (Jorge Marra) estava sendo acusado. Quando ficou sabendo que estava sendo denunciado mais uma vez, foi pegar o celular e se impor. A v�tima, que n�o era condescendente com isso, reagiu. N�o acho que (o crime) foi premeditado, armado ou contratado”, afirmou ao Estado de Minas o delegado Renato Mendon�a, que est� � frente das investiga��es.
A pol�cia suspeita ainda que o crime foi cometido no “calor” do momento. As den�ncias feitas por C�ssio anteriormente estavam sob investiga��o do Minist�rio P�blico. “N�o havia rixa, brigas e amea�as entre os dois. Era um problema com as irregularidades, independentemente de quem estivesse por tr�s”, completa Mendon�a. Segundo o delegado, a princ�pio n�o h� liga��o da morte do vereador com o prefeito, mas n�o ser� descartada a hip�tese de outras pessoas envolvidas como mandantes ou ajudantes no crime. “A princ�pio, n�o � necess�rio ouvir o prefeito Deir� Marra. Isso porque o autor saiu sozinho na caminhonete e ainda n�o trabalhamos com a hip�tese de outro suspeito envolvido. Mas estamos em apura��o.”
Em Patroc�nio, o crime � tratado como “caso isolado”. O promotor eleitoral do munic�pio, Alo�sio Soares, diz que a cidade, de pouco mais de 90 mil habitantes n�o est� acostumada a ocorr�ncias do tipo. “As institui��es est�o engajadas em dar ao pleito eleitoral a mais absoluta tranquilidade e normalidade. Foi um incidente totalmente isolado, inclusive no aspecto criminal, em toda a hist�ria da cidade”, garante.
O corpo de C�ssio Remis dos Santos foi sepultado no in�cio da tarde de ontem no Cemit�rio Memorial Jardim dos Ip�s, em Patroc�nio. O vel�rio foi realizado na C�mara Municipal. Devido � pandemia, a cerim�nia de despedida durou poucas horas, entre as 8h e as 11h, restrita apenas �s pessoas mais pr�ximas da v�tima.
SUSPEITO EST� FORAGIDO
Jorge Marra ainda n�o foi localizado pela pol�cia. Segundo testemunhas, ele seguiu de caminhonete para Perdizes, vizinha de Patroc�nio. O ve�culo foi encontrado numa casa na cidade com uma arma dentro. A Justi�a determinou a pris�o prventiva dele. As autoridades acreditam que o tiro partiu de rev�lver calibre 38. Marra tem autoriza��o apenas de posse, n�o de porte, segundo a pol�cia, que tem informa��o tamb�m de que ele foi de Perdizes para Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro.
Sem informa��es precisas sobre o paradeiro de Marra, que foi exonerado logo ap�s o crime, a Pol�cia Civil pretende negociar a rendi��o dele com familiares. Inicialmente, a pol�cia classifica o crime como homic�dio duplamente qualificado por motivo f�til. Ele pode ser indiciado tamb�m por porte ilegal de arma caso n�o comprove ter autoriza��o para andar com rev�lver em via p�blica. Jorge Marra tem passagens policiais por dois crimes ambientais. As infra��es, contudo, s�o pass�veis de penas leves. Na quinta-feira, ao comentar o crime, Deir� Marra disse n�o ter conhecimento da arma do irm�o e o crime n�o atrapalha seu plano de reelei��o.
Policiamento ser� refor�ado
O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) pretende refor�ar a seguran�a nas atividades de campanha em Patroc�nio. “Conversamos sobre refor�o de policiamento ostensivo em todos os movimentos de campanha eleitoral”, informou o juiz Joemilson Donizetti Lopes, que coordena o Grupo Institucional de Seguran�a institu�do pela corte para cuidar do pleito deste ano.
O TRE-MG trabalha para conter, de forma preventiva, poss�veis acirramentos causados pelas disputas eleitorais. A ideia � que ju�zes das comarcas informem incidentes do tipo ao grupo para que as for�as de seguran�a possam agir – e, assim, evitar consequ�ncias tr�gicas. “Onde houver necessidade de refor�o da atua��o policial ela, certamente, acontecer� – e de forma vigorosa, com rigor, para que possamos ter tranquilidade na condu��o do processo eleitoral”, assegura o magistrado Lopes.
O grupo foi criado pelo TRE-MG em agosto e se re�ne periodicamente. Comp�em a equipe integrantes das pol�cias Militar, Civil e Federal. O Corpo de Bombeiros, a Procuradoria-Geral de Justi�a do estado, a Procuradoria Eleitoral Regional e a Secretaria de Estado, Justi�a e Seguran�a P�blica tamb�m fazem parte da for�a-tarefa.
CANDIDATURAS
Os candidatos precisam registrar a chapa na Justi�a Eleitoral at� o in�cio da noite de hoje. Na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constava o nome de C�ssio Remis. O n�mero dele na urna eletr�nica j� havia, inclusive, sido atribu�do: 45777. O PSDB pode substituir a candidatura. Expediente semelhante ocorreu em 2014, quando o presidenci�vel Eduardo Campos (PSB) morreu em acidente a�reo. Na vaga deixada por ele entrou Marina Silva, ent�o vice-candidata ao Pal�cio do Planalto.
Eleito em 2008, Remis foi presidente do Legislativo municipal entre 2013 e 2014. Ele ocupou cadeira na C�mara Municipal entre 2009 e 2016. C�ssio tamb�m era propriet�rio de um escrit�rio de advocacia no bairro S�o Francisco, em Patroc�nio. A p�gina do pol�tico no Facebook tem cerca de 19 mil seguidores. Deir� tamb�m protocolou dados e certid�es necess�rios para tentar a reelei��o. Al�m do DEM, ele ter� o apoio de PP, PL, Podemos, PTB, PMB, PSC, PDT e Pros.
“ESTARRECIDO”
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse estar “estarrecido” com a morte do candidato a vereador em Patroc�nio Cassio Remis (PSDB), assassinado a tiros na quinta-feira. O principal suspeito � Jorge Moreira Marra, secret�rio de Obras da cidade. Ele � irm�o do prefeito Deir� Marra (PSB). Jorge foi filmado por c�meras de seguran�a atirando na v�tima. “Estarrecido com o assassinato brutal do candidato a vereador em Patroc�nio C�ssio Remis. � inadmiss�vel que o ambiente pol�tico se transforme nisso”, comentou o chefe do Executivo de Minas na manh� de ontem, pelo Twitter. “� preciso ter toler�ncia. Minha solidariedade � fam�lia dele. E para criminosos que agem com brutalidade, o rigor da lei e cadeia”, completou.
O deputado federal A�cio Neves (PSDB-MG), prestou solidariedade � fam�lia de C�ssio. “Meu pesar e toda solidariedade � popula��o de Patroc�nio, em especial � fam�lia do jovem C�ssio Remis, v�tima de viol�ncia inadmiss�vel. Temos de renovar nossos esfor�os em nome do livre debate de ideias. O di�logo tem que vencer a intoler�ncia”, postou o parlamentar nas redes sociais.