
Unidades de conserva��o, parques e lotes vagos. A temporada de inc�ndios de 2020 coloca Minas Gerais em chamas – com dados que superam at� mesmo os do ano anterior, aquele que mais registrou focos ativos no estado desde 2014. Na data em que a Serra do Cip� chegou ao nono dia de devasta��o, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) computou 1.470 focos ativos na unidade federativa somente neste come�o de outubro – 53,8% da m�dia hist�rica para o m�s inteiro. Vale ressaltar que o balan�o do Inpe diz respeito ao dia anterior, portanto o �ltimo domingo, ainda no quarto dia do m�s. Para efeito de compara��o, em igual per�odo de outubro de 2019, o Inpe computou 246 focos ativos em Minas, ou seja, houve um crescimento de 497,5% no m�s at� agora.
Historicamente marcado como auge dos inc�ndios em Minas Gerais, setembro tamb�m simboliza o tamanho do desastre ambiental de 2020. Foram detectados pelo Inpe 3.467 focos ativos no m�s – o terceiro maior consolidado nos �ltimos 10 anos. At� o �ltimo balan�o do �rg�o, Minas tinha seis reservas florestais em chamas. Tr�s delas federais e outras tr�s estaduais.
Iniciado ainda em setembro, o inc�ndio que toma conta da Serra do Cip� chegou ao nono dia ontem. A segunda-feira come�ou com quatro frentes de trabalho para os bombeiros, brigadistas e volunt�rios. Dessas, tr�s foram extintas. Sobrou justamente aquela mais desafiadora, na regi�o conhecida como Alto Pal�cio.
Trata-se de um local de dif�cil acesso, um pared�o rochoso com altura entre 200 e 300 metros. O objetivo dos combatentes at� a noite de ontem era evitar que as chamas chegassem ao topo do pared�o, onde est� localizada uma �rea plana com muita vegeta��o. O temor � que os combates voltem � estaca zero caso o fogo atinja essa plan�cie.

A moradora Ana Paula Teixeira, que est� envolvida com uma campanha para arrecada��o de insumos, se disse indignada com a indiferen�a dos turistas. "Nossa serra se acabando em chamas e as pessoas fazendo fila na porta das cachoeiras, lotando os bares, a maioria sem m�scaras, como se nada estivesse acontecendo. Parece que n�o tem inc�ndio e que acabou a pandemia", disse.
Um brigadista, que preferiu n�o se identificar, contou que estava muito cansado, mas que assim que tivesse o m�nimo de condi��es de cal�ar suas botas novamente, voltaria para o front. "Vimos alguns bichos mortos no meio das cinzas, como cobras, insetos incinerados, uma raposa correndo", conta. H� ind�cios de que o inc�ndio, que come�ou no domingo (27 de setembro), tenha sido de origem criminosa e uma investiga��o j� est� em andamento.
Belo Horizonte
Outro inc�ndio que trouxe preocupa��o ontem foi na vegeta��o do Parque Ursulina de Andrade Melo, no Bairro Castelo, Regi�o da Pampulha, em BH. Na noite de ontem, ainda havia um foco de inc�ndio no interior da estrutura. Por�m, os militares pausaram os trabalhos devido � falta de luminosidade e �s dificuldades para acessar o local.
Ainda assim, os bombeiros monitoravam as chamas e cercavam a linha do fogo em pontos estrat�gicos. At� o fechamento desta edi��o, a corpora��o avaliava se seria poss�vel realizar algum tipo de combate durante a noite. Apesar do susto, n�o houve registro de v�timas no local nem resid�ncias atingidas.
Desde s�bado at� a manh� de ontem, os bombeiros haviam recebido 781 chamados para ocorr�ncias de inc�ndios em Minas Gerais. A reportagem tentou atualizar o dado, mas a corpora��o informou que n�o seria poss�vel informar o balan�o mais recente. *Estagi�rios sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho
Onda de calor prossegue pelo menos at� o dia 12

"H� uma frente fria atuando sobre o oceano e uma zona de alta press�o logo atr�s dela fez com que ventasse bastante, trazendo mais umidade para a nossa regi�o", informa o meteorologista Ruibran dos Reis. "A onda de calor deu uma enfraquecida, mas a tend�ncia � que volte a se fortalecer".
A tend�ncia � de que a onda de calor siga atuando, com essas pequenas varia��es, at� a chegada das chuvas, previstas somente para o dia 12. "Essa massa de ar j� atua h� quase 40 dias no estado com essas varia��es. Primeiro gera ondas de calor, depois enfraquece por frentes frias vindo do litoral. Mas, ainda assim, o tempo deve ficar quente e h� chances de novos recordes, tanto em BH como no interior", diz o especialista.
De acordo com o boletim de previs�o do tempo do Inmet, as temperaturas na capital subir�o gradativamente ao longo da semana. Amanh�, a m�xima se mant�m em 35°C. Contudo, vai para 36°C na quinta-feira. E sobe mais um grau na sexta, chegando a 37°C. No �ltimo dia �til da semana, a umidade relativa do ar pode chegar a perigosos 15%, �ndice comparado aos desertos e na linha de alerta, de acordo com as classifica��es da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS).
Diante do calor�o que se abateu sobre Minas Gerais nos �ltimos dias e se mant�m para os pr�ximos, a Defesa Civil de BH alerta para os cuidados com a sa�de. O �rg�o indica hidrata��o frequente, a op��o por alimentos frescos e diminui��o no consumo de frituras. Al�m disso, dormir em locais mais arejados � o mais indicado. Quem n�o tem acesso a umidificadores de ar pode optar, por exemplo, deve p�r toalhas molhadas e/ou bacias d’�gua em casa. Quanto �s atividades f�sicas, a Defesa Civil recomenda evitar os hor�rios de maior exposi��o solar, entre as 10h e as 17h.
Com os inc�ndios em alta, vale tamb�m o alerta para evitar queimadas a todo custo. Caso o cidad�o se depare com alguma ocorr�ncia do tipo, deve acionar o Corpo de Bombeiros (193), a Defesa Civil (199) ou a Pol�cia Militar (190).
Outras cidades
A situa��o segue parecida em todo o estado. Em regi�es mais ao interior do continente, como o Tri�ngulo, Norte e Noroeste, n�o h� al�vio: m�ximas previstas por volta dos 40°C, sobretudo nessa primeira regi�o, onde est� localizada a cidade de Uberl�ndia. Campina Verde, na mesma regional, tem computado as maiores temperaturas de Minas nos �ltimos dias.
A umidade relativa do ar segue em n�veis des�rticos em praticamente todas as regi�es do estado. Para a semana, a tend�ncia � de manuten��o do tempo seco e de eleva��o nas temperaturas, assim como em Belo Horizonte. No Tri�ngulo, Sul e Norte, o indicador pode cair a 10%. (Com GR)