
"A minera��o e os desastres ambientais despertaram meu interesse. � preciso tornar p�blico sofrimento das v�timas atingidas pelas trag�dias. Sou solid�rio ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). N�o podemos nos esquecer desses desastres”, diz ele, que � tamb�m uma v�tima, pois cresceu em S�o Sebasti�o das �guas Claras, conhecido como Macacos, e sua casa est� na �rea de risco.
"Confrontando aquilo que representava o perdido com o que restou, me foi indispens�vel, na letra da m�sica, caracterizar a derrocada �tico-pol�tica acobertada de falso moralismo a que somos reiteradamente submetidos em nossa hist�ria recente, e ambient�-la no cen�rio devastador da minera��o no Brasil, especialmente em Minas Gerais. �s v�speras de completar meus 30 anos e lembrando os cinco anos desde o crime ambiental em Mariana, sinto que � necess�rio p�r a m�sica a servi�o da escuta; lan��-la, agora na dimens�o do que � p�blico, se me acomete, portanto, como significativo”, diz o m�sico.
Assista 'Um rio':
A produ��o tem alus�es ao ritmo combativo do boi-bumb�, tradi��o com forte heran�a ind�gena do norte do pa�s. 'Um rio' � um brado de exalta��o � for�a da diferen�a e est� sendo lan�ado nos formatos videoclipe e single.
Paulim Sartori se junta ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) para que o clipe seja lan�ado como parte da 'Jornada de Lutas'. No pr�ximo dia 20, o single chegar� �s plataformas digitais de 'Streaming'. E haver� tamb�m uma a��o beneficente em 4 de dezembro.
O clipe � dirigido e montado pela artista pl�stica J�lia Baumfeld, com concep��o e pinturas da psicanalista e tamb�m artista pl�stica Ol�via Viana. O v�deo traz imagens que buscam ressignificar o territ�rio assombrado pela trag�dia, como se as pinceladas devolvessem o rio doce ao nosso combalido Brasil.
Produzidas para o projeto C�rregos Vivos, as obras de Ol�via e seus perif�ricos, como as pr�prias paletas de tinta utilizadas no processo criativo, s�o investigadas pelas lentes de J�lia, justapondo v�deos e foto-v�deos. “Ora permitindo a aprecia��o minuciosa das texturas, ora reconstruindo o movimento de maneira brusca, com quadros que saltam ansiosamente uns aos outros”, analisa o artista.
Paulim Sartori � instrumentista, arranjador e compositor mineiro. Estudou com o violonista Tabajara Belo e passou pela Escola de M�sica da UFMG. Foi vencedor do pr�mio BDMG Jovem Instrumentista em 2016; artista selecionado para OneBeat 2017 e Art OMI 2020, ambas resid�ncias art�sticas renomadas dos EUA; e j� trabalhou com diversos expoentes da m�sica mineira, como L� Borges, Ceumar, Juliana Perdig�o, Kristoff Silva e Makely Ka, dentre muitos outros, transitando entre a can��o e a m�sica instrumental, alternando-se entre contrabaixo, viol�o/guitarra, bandolim e piano.
Atualmente se apresenta ao lado de nomes como Alceu Valen�a, Rafael Martini, Orquestra Ouro Preto e L�via Mattos. � idealizador e diretor musical dos projetos Kriol, que investiga interse��es entre as m�sicas de Cabo Verde e Brasil; e Todas las Puertas, trabalho art�stico multidisciplinar premiado internacionalmente, concebido e produzido ao lado da percussionista colombiana Johanna Amaya. Comp�e e produz trilhas sonoras para cinema, circo e televis�o.
A letra
UM RIO (Paulim Sartori)
Um rio n�o se rende
Cegar-se � um ass�dio
Depois de cada dente
Sorrir, um sortil�gio
E arde a arma quente
de todo privil�gio
Um �ndio morto � pouco
Um leito seco, um porco
na lama de Deus
As distra��es baratas
nos valem cada �rg�o
Verniz, terno e bravatas
desaguam, nos afogam
Disc�rdias t�o pacatas
afins a toda norma
Bandido morto � pouco
Um livro lido � parco
no reino de Deus
Louvai o pecador
Antes prazer que dor
Sem culpa e sem temor
Antes que a provid�ncia
Melhor a diferen�a,
a disson�ncia e o suor
Que a d�vida seja o martelo
Que a febre n�o mate o que resta
Que n�o haja s�dito ou servas
Que o veneno n�o toque o rastelo
Que o corpo n�o seja uma aresta
Libertem-se os bichos e as ervas