Barragem que amea�a Macacos come�a a ser desmanchada pela Vale

Come�a nesta semana o processo de descaracteriza��o (desmanche e reintegra��o) da Barragem B3/B4, da Mina Mar Azul, que amea�a a comunidade de Macacos, em Nova Lima, como adianta a reportagem do Estado de Minas. � uma das tr�s consideradas em risco iminente de rompimento por ter atingido o n�vel 3 de instabilidade. A informa��o � da mineradora Vale, propriet�ria do empreendimento.

Um sinal de que a paz pode voltar ao distrito de S�o Sebasti�o das �guas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima, onde 125 fam�lias j� foram removidas por seguran�a. As demais barragens em n�vel 3 s�o Forquilha III, no complexo da Mina de F�brica, no munic�pio de Ouro Preto, e a Barragem Sul Superior, na Mina de Gongo Soco, em Bar�o de Cocais.

Segundo defini��o da Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM), a descaracteriza��o de uma barragem ocorre ap�s a estabiliza��o da estrutura. � feita com a reconforma��o do terreno, remo��o parcial ou total do reservat�rio. A depender da estrutura, � feita a revegeta��o para reintegra��o ao ambiente local.

Nessa fase inicial, ser�o removidos 222 mil metros c�bicos de material de uma pilha de est�ril que fica a montante da barragem. Essas obras t�m dura��o prevista de seis meses. Para realizar a remo��o da pilha ser�o utilizados equipamentos n�o tripulados, garantindo, assim, que os trabalhadores atuem em seguran�a, fora da Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem.

Na sequ�ncia, ter� in�cio a remo��o gradual dos rejeitos da B3/B4, que tamb�m ser� feita com equipamentos remotos e com trabalhadores fora da ZAS. As obras contar�o com 220 trabalhadores tempor�rios, a maioria contratada em Nova Lima e regi�o. N�o foi estimado um prazo de conclus�o.

A mineradora Vale informou que para garantir o controle da opera��oser� feito o monitoramento constante dos indicadores de uso de �gua, qualidade do ar e ru�dos.

"Ser�o tomados todos os cuidados para evitar a dissemina��o da Covid-19, segundo as orienta��es das autoridades de sa�de e tendo como foco a seguran�a dos trabalhadores e dos moradores das localidades", informa a empresa.

Antes de iniciar a descaracteriza��o da barragem, a Vale concluiu em outubro a implanta��o de uma conten��o de rejeitos na regi�o. Com 33 metros de altura e 190 metros de comprimento, a estrutura tem a finalidade de refor�ar a seguran�a durante a execu��o das obras na B3/B4 e proteger toda a Zona de Seguran�a Secund�ria da barragem.

Ela ter� as �reas impactadas revegetadas ainda durante o m�s de novembro. Ap�s finalizada a descaracteriza��o da barragem, a conten��o ser� removida e a �rea recuperada.

"A��es cont�nuas para refor�ar a seguran�a tamb�m ser�o implantadas, conforme os novos par�metros de seguran�a adotados pela legisla��o e de acordo com as melhores pr�ticas nacionais e internacionais", informou a Vale.

A primeira barragem que teve conclu�do o processo de descaracteriza��o foi a 8B, na mina de �guas Claras, em Nova Lima, em dezembro 2019. Em agosto de 2020, a Vale iniciou as obras de descaracteriza��o da barragem Doutor, da Mina Timbopeba, em Ouro Preto.

Para iniciar os trabalhos foi preciso garantir, em primeiro lugar, a seguran�a das fam�lias da Zona de Autossalvamento (ZAS), nas comunidades de Ant�nio Pereira e Vila Ant�nio Pereira, iniciando a remo��o dos moradores.

O processo, conduzido pela Defesa Civil com apoio da Vale, caminha para a conclus�o, com 62 fam�lias j� realocadas e outras seis ainda em procedimento de escolha de suas moradias.

Outra estrutura que passa por obras que a far�o perder as caracter�sticas de barragem � a Barragem de Fernandinho, localizada na Mina Ab�boras, no complexo Vargem Grande, em Nova Lima.

Os trabalhos consistem em retirar parte dos rejeitos e solo do reservat�rio. No final, haver� recupera��o ambiental da �rea. Durante as obras, n�o est�o previstos impactos para a comunidade da regi�o, pois as atividades e acessos usados para transporte de equipes e materiais ficam em �rea da pr�pria empresa.

A previs�o � de concluir as obras at� o primeiro trimestre de 2021. O Dique Rio do Peixe, estrutura interna da Barragem Pontal, em Itabira, tamb�m j� teve suas obras iniciadas.

Em outras estruturas est�o em andamento a��es preparat�rias com a finalidade de iniciar os respectivos processos de descaracteriza��o. S�o elas: barragens Sul Superior (Bar�o de Cocais), Forquilhas (Itabirito), Vargem Grande (Nova Lima) e dique 2 (estrutura interna da Barragem Pontal, em Itabira).

"Em todas as obras a Vale realiza medidas como triagem di�ria, testagem de empregados, distanciamento social, refor�o da higieniza��o e distribui��o de m�scaras, dentre outras a��es, para preven��o e enfrentamento da Covid-19", informa a empresa.

As atividades fazem parte de a��es para refor�ar a seguran�a das estruturas geot�cnicas, baseadas na atualiza��o da legisla��o e no processo de melhorias na gest�o de barragens. Esse processo implica a ado��o de par�metros cada vez mais conservadores com base nos avan�os da tecnologia e nos apontamentos dos �rg�os competentes e das consultorias t�cnicas.

Uma auditoria independente do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MP-MG) acompanha os processos de descaracteriza��es de barragens. Todas as a��es precisam ser protocolados na Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM) e na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel de Minas Gerais (Semad), conforme exig�ncias legais.

"A Vale refor�a que todas as suas estruturas s�o acompanhadas permanentemente por inspe��es em campo, manuten��es, monitoramento por radares que detectam movimenta��es milim�tricas, esta��es rob�ticas, c�meras de v�deo com intelig�ncia artificial e por instrumentos, como piez�metros manuais e automatizados, drones de inspe��o, radar satelital e geofones (sensores para medir ondas s�smicas)", informa a mineradora.

Em 2019, a empresa informa ter inaugurado dois Centros de Monitoramento Geot�cnicos (CMG) em Minas Gerais, com objetivo de monitorar mais de 120 estruturas geot�cnicas em tempo real. "Dessa forma, caso alguma altera��o seja detectada, a empresa consegue tomar decis�es de maneira mais �gil, assertiva e segura para todos", afirma a Vale.