
A constru��o era irregular. Ningu�m se feriu, mas os im�veis foram atingidos pelo desmoronamento e, de acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte, tiveram de ser interditados por estarem sob risco de colapso.
Desorientados, muitos moradores desalojados passaram a madrugada perambulando, sem um destino certo e com medo de voltar para suas casas. Nove pessoas encontraram abrigo na casa de uma vizinha que se solidarizou com a situa��o.
"Minha casa � pequena, mas o cora��o � grande. Assim que teve o desabamento abri minhas portas para os vizinhos, para as crian�as. Da� fomos batendo de porta em porta na comunidade para conseguir colch�es e cobertores para eles. Quando perdi meu filho para a leucemia, meus vizinhos me ajudaram com tudo. Foram a minha fortaleza. Agora eu apenas retribuo", disse a aposentada Maria de Lourdes de Oliveira, de 61 anos, respons�vel por abrigar a maior parte dos desabrigados.
Por volta da meia-noite, a Defesa Civil foi chamada para averiguar o surgimento de trincas na edifica��o em constru��o. Os t�cnicos alertaram que a estrutura estava em risco iminente de desabamento, mas como n�o havia habitantes os vizinhos n�o tomaram nenhuma provid�ncia.
"A gente achou que se o pr�dio fosse tombar, cairia para o lado de um barranco e n�o sobre as nossas casas. A minha filha chegou a ver as trincas. Mas n�o achava que ia destruir a nossa casa. Tivemos de fugir pelos fundos do lote para n�o sermos atingidos. Os bombeiros vieram e nos ajudaram. Ainda h� peda�os de laje e de muro dependuradas e que podem desabar sobre as casas. Ainda est� muito perigoso aqui", afirma a dona de casa Neuza Alves Batista , de 63.

O casal morava bem atr�s da obra que desabou, mas afirma que nunca viram quem seria o propriet�rio.
"At� no domingo os pedreiros que estavam construindo essa obra ainda estavam trabalhando aqui. Hoje, depois que desabou, sumiram todos. Ainda bem que caiu quando n�o tinha ningu�m, porque todos os dias tinham meia d�zia de pedreiros trabalhando a� dentro. Ia ser uma trag�dia", afirma Alaide.
'Medo de um desastre'
A dom�stica Maria de Souza da Silva, de 57, s� conseguiu deixar a sua casa com a ajuda do Corpo de Bombeiros, que precisou quebrar os muros e paredes de casas vizinhas para permitir que ela saisse.
"Eu j� vinha tendo pesadelos com esse pr�dio h� muito tempo. A gente via as trincas. Sabia que poderia cair. Ia trabalhar, mas a minha cabe�a ficava aqui. minha patroa mesmo disse que eu estava distra�da, que andava avoada. mas era medo desse desastre", conta a dom�stica.
Com as pessoas da vizinhan�a sendo cadastradas pela Empresa Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), os bombeiros puderam concentrar seus esfor�os no salvamento dos animais dom�sticos que ficaram isolados.
Preso no terra�o de uma das casas atingidas, o pequeno cachorrinho Boris foi o animal que mais precisou de ajuda. O pelo escuro dele chegou a ficar marrom com a poeira que o desabamento de paredes de tijolos despejou sobre ele. Estava agitado, com sede e fome.
"O Boris � um sobrevivente. Como n�s todos somos aqui tamb�m. Tive muita dificuldade de escapar, por ter problemas de obesidade. N�o tinha como voltar com tudo caindo para salvar o Boris. Gra�as a Deus que os bombeiros vieram e o resgataram", agradece o estudante Luiz Eduardo Barista dos Santos, de 34.
Os gatos da dom�stica Maria de Souza da Silva tamb�m ficaram na casa depois do desabamento e eram procurados pelos bombeiros.
"Estou muito preocupada com eles. O macho se chama Valente e a f�mea, Cacau. Como eles ficavam em uma parte dos fundos do quintal, quando a gente escapou do desmoronameno n�o tivemos tempo de os pegar", lamenta a mulher.
Laudo aponta falhas
O laudo de vistoria dos bombeiros aponta v�rias falhas: "A casa a ser vistoriada foi constru�da com inobserv�ncia dos padr�es m�nimos de seguran�a para a constru��o civil, visto que apresentava dano estrutural severo na sua fachada. Havia uma rachadura proveniente, possivelmente, de deforma��o transversal ocasionada por compress�o, pois foram constru�dos tr�s pavimentos de igual medida sobre um c�modo com medida inferior aos andares superiores".
O laudo esclrece ainda que que "a fachada n�o apresentava revestimento ou pintura, o que tornava ainda mais evidente a patologia apresentada pela estrutura. Com a incid�ncia de intensa precipita��o pluviom�trica, a �gua infiltrava naquela rachadura, enfraquecendo ainda mais a estrutura. Cabe destacar tamb�m que havia constru��es de padr�o irregular ao fundo e ao lado da residencia que apresentava dando estrutural severo".