Conhe�a o belo-horizontino que est� dando a volta ao mundo em um veleiro
Bruno Barbosa e tr�s outros tripulantes do Jubilate Mare percorrer�o 22 mil milhas n�uticas (cerca de 40 mil quil�metros), passando por 21 pa�ses em 15 meses
O belo-horizontino Bruno Barbosa est� a caminho das Ilhas Gal�pagos, no Equador (foto: Arquivo Pessoal)
Como um rapaz que nasceu entre as montanhas de Minas Gerais foi parar em um veleiro no Oceano Pac�fico, no Equador, a cerca de 1 mil quil�metros da costa da Am�rica do Sul, com mais tr�s tripulantes e com o plano de dar a volta ao mundo em 15 meses? A inc�gnita prevalece quando se descobre que, quando menino, ele n�o teve muitos v�nculos com o mar e, como bom mineiro, ia � praia apenas uma vez ao ano, nas f�rias. Ent�o, o que motivou o designer gr�fico Bruno Barbosa, de 31 anos, a largar tudo em terras mineiras e ir se aventurar pelos oceanos?
Mar, tr�s conhecidos e uma viagem de 22 mil milhas n�uticas (cerca de 40 mil quil�metros). Segue o fio para conhecer as aventuras do belo-horizontino que est� dando a volta ao mundo em um veleiro. pic.twitter.com/m6hc5LcvkW
Fato � que Bruno foi ficando cada vez mais interessado at� que, um dia, fez seu cadastro na plataforma OceanCrewLink, que conecta capit�es e tripula��o, carinhosamente apelidado por ele de “Tinder de Veleiros”.
No site, das 10 perguntas para a cria��o do perfil, todas as respostas foram “zero experi�ncia”. Ap�s tr�s meses, um capit�o ingl�s respondeu com “adorei a sinceridade” e o convidou a embarcar com eles, em 2018, em uma travessia do Atl�ntico Norte.
No meio da viagem Bruno at� questionou por que o escolheram, j� que ele n�o tinha experi�ncia. A resposta: a muher do capit�o, que tem o apelido de Bee, sente uma forte conex�o com a letra B. Tamb�m inglesa, o nome dela � B�rbara Bush e ela � de Bristol (cont�m 3 Bs). Al�m disso, o perfil do inexperiente rapaz chamou a aten��o dela por estar escrito “Bruno Barbosa, do Brasil” (3Bs).
E como uma dessas hist�rias malucas que s� se v� em filmes de aventura, Bruno conseguiu um lugar no Jubilate Mare, um veleiro de 15 metros, e fez a primeira viagem, passando no teste.
Agora o projeto � maior, e ele um pouco mais experiente. A volta ao mundo ter� 22 mil milhas n�uticas o equivalente a 40 mil quil�metros, percorrendo 21 pa�ses.
Come�ou em 9 de janeiro, em St. Lucia, um pa�s ao Leste do Caribe. A previs�o da chegada � no mesmo local, 15 meses depois.
Nessa segunda-feira (8/2), eles partiram para as Ilhas Gal�pagos ap�s travessar o Canal do Panam�. Sser� a maior “perna” da viagem, com dura��o de tr�s semanas em alto-mar.
A tripula��o do Jubilate Mare � composta por um casal ingl�s, o capit�o Pete Townsend e a mulher dele, Barbara Bush; o australiano Kieron Norris e o brasileiro, Bruno (foto: Arquivo Pessoal)
Eles est�o participando do World Arc Rally, organizado pela World Cruising Club, uma competi��o amistosa em que o objetivo �, antes de competir, curtir a viagem e fazer amigos.
Em edi��es anteriores houve cerca de 30 embarca��es, mas devido � Pandemia do novo coronav�rus este ano h� apenas cinco veleiros.
Dificuldades enfrentadas
Bruno conta que uma das maiores dificuldades da aventura foi convencer a fam�lia de que era seguro. “� cultural, � raro algu�m velejar em Minas Gerais. Meu pai curte aventura e n�o achou t�o ruim a ideia, mas a minha m�e ficou com muito medo. Acho que ela tinha certeza que eu ia ser preso ou morrer”.
Bruno Barbosa: "Meu pai curte aventura e n�o achou t�o ruim a ideia, mas a minha m�e ficou com muito medo. Acho que ela tinha certeza que eu ia ser preso ou morrer" (foto: Arquivo pessoal)
A conviv�ncia com a tripula��o, segundo Bruno, � tranquila, mas o idioma no in�cio foi um fator que o preocupou: “A l�ngua foi uma grande dificuldade, porque meu ingl�s j� n�o era t�o bom e com o sotaque brit�nico eu n�o entendia nada”.
O trajeto tamb�m trouxe alguns cuidados. “O que mais me assustou foi no caminho para Cura�ao, quando est�vamos nos aproximando da Venezuela. Em St. Lucia muita gente falou de incidentes que est�o ocorrendo na Costa da Venezuela, de pirataria. Mas mantivemos uma boa dist�ncia da Costa, fizemos uma rota mais longa para n�o ficar muito perto”, relatou Bruno.
O risco de pirataria na costa da Venezuela preocupou Bruno (foto: Arquivo pessoal)
A rotina em um veleiro
Fugir do caos dos grandes centros urbanos e se conectar com a natureza � o que motiva o aventureiro Bruno.
“Velejar � muito prazeroso. � diferente de pegar um barco motorizado, em que voc� sente a turbul�ncia, ouve muito barulho do motor. O mais legal � se desconectar. � uma experi�ncia louca passar duas semanas no mar, totalmente off-line, e tentar se conectar com a natureza.”
Ele conta que, durante a travessia do Atl�ntico Norte, em 2018, s� ficou sabendo da greve dos caminhoneiros que parou o Brasil, dias depois, ao chegar a uma ilha e ligar para a fam�lia.
Os veleiros, assim como o nome diz, s�o movidos � vela, por�m contam com motor usado apenas para facilitar as manobras. Requer um cuidado a mais para pilotar, j� que � necess�rio conhecimento sobre a dire��o do vento e regulagem das velas.
Em alto-mar, um dos maiores prazeres de Bruno � fotografar a paisagem (foto: Bruno Barbosa/Arquivo Pessoal)
Bruno explica que a rotina de sono � diferente por ser necess�rio sempre ter algu�m acordado.
“A gente se divide em turnos de tr�s horas. A cada tr�s horas, troca uma dupla que fica respons�vel pelo barco. A grande diferen�a � o sono, � esquisito dormir neste revezamento. Mas a rotina � tranquila, sobra tempo pra desenhar, fotografar, ler e escrever”, detalha Bruno, que conta uma inusitada caracter�stica do fog�o.
“O fog�o tem um mecanismo em que ele n�o balan�a, a comida fica sempre no n�vel do mar. Ent�o voc� pode deixar uma garrafa de vinho em cima do fog�o que ela n�o vai cair. Mas � esquisito demais cozinhar quando o barco est� balan�ando muito. Por isso a gente d� prefer�ncia para comidas f�ceis, a grande maioria enlatada”.
Fugir do caos dos grandes centros urbanos e se conectar com a natureza � o que motiva o aventureiro Bruno (foto: Arquivo pessoal)