
Que a COVID-19 � uma doen�a complexa, j� se sabe. N�o � toa, vira e mexe h� novas d�vidas em torno da muta��o gen�tica do v�rus, sua transmissibilidade e tratamento. Por�m, o per�odo p�s-infec��o tamb�m � misterioso e, portanto, merece e precisa de maior aten��o. Isso porque o fim dos sintomas da doen�a – febre, dor de garganta, tosse, entre outros – n�o � indicativo de que tudo est� bem no organismo do paciente.
Uma vez infectado, danos podem ser percebidos a curto, m�dio e longo prazos, visto que as sequelas deixadas no paciente ainda s�o consideradas como “enigmas”, que aos poucos est�o sendo desvendados. Portanto, o acompanhamento m�dico especializado e multidisciplinar � a melhor sa�da, haja vista que a fisioterapia respirat�ria por si s� n�o garante vida saud�vel p�s-COVID-19.
Outro aliado da sa�de ap�s o organismo do infectado se ver livre da presen�a do v�rus, e um dos mais importantes, � o check-up. “Alguns pacientes ter�o complica��es que v�o acontecer depois do per�odo mais agudo. Por exemplo, a trombose ou embolia pulmonar, que s�o mais comuns e mais preocupantes”, afirma o cl�nico Ricardo Braga, coordenador de medicina hospitalar do Instituto Orizonti.
“Outros j� t�m mais problemas de sa�de, como insufici�ncia card�aca ou diabetes, que a COVID-19 pode descompensar, com um desiquil�brio inicial e posterior altera��o desses problemas. Al�m disso, as infec��es pelo novo coronav�rus s�o muito vari�veis, o que culmina em uma r�pida melhora para alguns – em torno de quatro semanas –, em um longo tempo de sintomas para outros – 12 semanas ou mais – ou mesmo no que chamamos de s�ndrome p�s-COVID, que � quando os sintomas surgem depois de muito tempo.”
Por isso, o check-up � muito importante para ajudar esses pacientes a voltar ao seu habitual, identificar e tratar essas complica��es que tendem a surgir e ajudar a compensar as doen�as de base, explica o m�dico. Ele destaca, ainda, a import�ncia da assist�ncia m�dica no aconselhamento e melhor direcionamento de exames e tratamentos.
Isso porque, haja vista a complexidade e variabilidade da doen�a no organismo de cada infectado, a periodicidade de atendimento e de realiza��o de check-ups pode variar. “Os pacientes que tiveram a forma mais grave ficaram hospitalizados, passaram pelo CTI e, em alguns casos, foram at� entubados, sofrem mais com a doen�a, tanto do ponto de vista f�sico quanto psicol�gico.” Esse grupo de pacientes, geralmente, j� vai sair do hospital com um retorno j� agendado e de forma mais precoce, em um per�odo de at� duas semanas, explica Ricardo Braga.
Segundo Marisa Regenga, gerente de reabilita��o do HCor, isso ocorre porque esses pacientes costumam ter mais comprometimento ou limita��o funcional. "� preciso que esses pacientes tenham em mente que, apesar de se tratar de uma doen�a nova, j� existem programas montados em algumas institui��es para reabilit�-los no ambiente ambulatorial."
J� os pacientes que n�o tiveram a forma mais grave da doen�a, n�o necessitando de interna��o, depender�o da evolu��o dos sintomas para avaliar a periodicidade. Se esse paciente continuar tendo alguma dificuldade depois de quatro semanas, ele deve procurar um m�dico. "Por�m, se houver melhora e retorno dos sintomas antes do per�odo indicado, � necess�rio um atendimento mais precoce.”
Marisa Regenga destaca, ainda, que � importante se atentar �s queixas observadas depois da alta, pois geralmente elas costumam ser direcionadas especificamente aos sintomas e complica��es que o paciente manifestou durante o quadro de infec��o pela COVID-19. "Um paciente que teve muita dor muscular, mas nenhuma manifesta��o respirat�ria, seguir� com o quadro de dor, e dificilmente desenvolver� um sintoma de f�lego curto, por exemplo", explica.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram