
O resgate sofrido de sua mulher, cavando escombros com as pr�prias m�os, n�o alivia a d�vida na cabe�a do mec�nico Dawid Dener da Silva Gon�alves, de 37 anos. “Se eu tivesse acordado 10 minutos antes poderia ter tido tempo de salvar o meu filho”, lamenta. Ele, a mulher e o filho Bruce Dener Gon�alves, de 5 anos, dormiam juntos no quarto, na noite da tempestade de domingo que arrasou o munic�pio.
“Escutei um barulho na casa do vizinho. J� tinha �gua entrando na casa. Minha mulher foi para a sala e eu para o banheiro, no lado de fora da casa. Chovia pesado demais. Dei uma olhada para fora e vi a lama descendo e tomando a casa toda. Me salvei por estar entre as duas paredes do banheiro”, lembra o mec�nico.
Aos tombos e escorreg�es na lama e detritos ele deu uma volta no terreno completamente revolvido pelos deslizamentos e avistou o bra�o direito da mulher. “Pulei em cima e comecei a cavar com as minhas m�os para descobrir o rosto dela para ela poder respirar. Consegui e fui removendo a lama dela, que tinha quebrado o f�mur. Ela s� dizia para eu salvar nosso filho. Arrastei ela para fora e pedi aos vizinhos que chegaram que a levassem para o hospital”, conta.
Dawid � um outro vizinho chegaram ent�o ao quarto e viram a cama onde estava dormindo Bruce. Mas a maior parte do m�vel estava encoberto, com arm�rios e peda�os da parede e telhas por cima.
“Fomos com tudo para tirar aquilo de cima. Tinha certeza que meu filho estava ali. N�o sei se vivo, mas ele estava l�. Foi a� que desceu a maior parte da lama tomando conta de tudo. Tivemos de pular para fora para n�o sermos soterrados. Meu filho ficou l�, debaixo de 4 metros de terra, cercas, arame, �rvores, pedras”, afirma.
Coragem e doa��o: o hero�smo dos pais na trag�dia de Santa Maria de Itabira.
— Estado de Minas (@em_com) February 23, 2021
Dawid Dener, pai do Bruce Dener que morreu na trag�dia, relembra o esfor�o para tentar salvar o filho dos escombroshttps://t.co/HMDf7exbvw pic.twitter.com/KKQw9MNEZX
A prima do garoto morto, Jaqueline Teodora da Silva, de 35, conta que os parentes desabrigados est�o alojados em sua casa, em uma regi�o mais alta, mesmo destino de cerca de 160 pessoas que sa�ram de suas casas no munic�pio. Ainda s�o necess�rios abastecimento de �gua, comida e mantimentos.
Muitas fam�lias perderam inclusive os m�veis, colch�es, roupas e eletrodom�sticos, sem possibilidade de preparar sequer as refei��es que chegam em cestas b�sicas.
“Foi muita tristeza. Uma agonia esperando para saber not�cias dos bombeiros que ainda procuravam o menino. Agrade�o a eles muito. Os bombeiros nos trouxeram o conforto de termos a certeza de quero corpo seria encontrado”, conta a prima.
Muitas fam�lias perderam inclusive os m�veis, colch�es, roupas e eletrodom�sticos, sem possibilidade de preparar sequer as refei��es que chegam em cestas b�sicas.
“Foi muita tristeza. Uma agonia esperando para saber not�cias dos bombeiros que ainda procuravam o menino. Agrade�o a eles muito. Os bombeiros nos trouxeram o conforto de termos a certeza de quero corpo seria encontrado”, conta a prima.
No vel�rio da fam�lia de tr�s pessoas que morreram soterradas, a emo��o foi muito grande tamb�m devido aos atos de bravura dos familiares diante do perigo. Na casa estavam Nivaldo Gon�alves, de 70, a filha Magda, de 40 e a outra filha, Marilene, de 42, que estava com a sua filha de 5 anos. “Quando a lama come�ou a invadir a casa eles sa�ram, mas a minha prima, Marilene, estava com a perna machucada e n�o conseguiu sair”, conta a coordenadora de inform�tica Monica Meireles, de 43 anos, sobrinha de Nivaldo.
“Meu tio ficou desesperado e entrou para dentro da casa para tirar a minha prima. Vendo aquilo, minha outra prima pegou a filha dela de 5 anos e deu para algu�m que estava l� do lado de fora e pediu para que cuidassem dela. Ela entrou ent�o na casa atr�s do pai dela e da irm�, mas a casa desabou e matou os tr�s. Perder tr�s pessoas da fam�lia assim desse jeito � um baque. Principalmente porque j� estamos todos tristes com a situa��o da nossa cidade”, conta M�nica.
O marido dela, o comerciante F�bio Adriano Fernandes, de 43, afirma que na cidade ocorreram v�rios casos de bravura e doa��o. “Na nossa rua a gente tirava as pessoas pelos muros, de dentro das janelas, do jeito que dava e procurava levar para os lugares mais altos. Muita gente salvou vizinhos, amigos e at� quem nem conhecia. Nessas horas � que a gente precisa um do outro, mesmo que arrisque a pr�pria vida”, disse.